24 de setembro de 2012

24. PASSEIO




Hoje é Sábado e não teria passeio. Um dia livre, pra quem quisesse passar o dia todo no hotel ou se divertindo na incansável Paris.
A Gabi tinha descido pra toma café e eu estava contando as novidades pra Bia no quarto...
- Então você vai à festa? – ela me perguntou ansiosa
-Não sei, acho que não... E o Mike não me convido exatamente...
-Uhum... Eu queria ir em uma festa de vampiros, deve ser toda chique e elegante. – ela viajava nos pensamentos, eu estralei os dedos chamando sua atenção.
- Não se esqueça que eles vão se alimentar... De humanos, vivos.
-Eu sei, eu sei... Tava só imaginando. – ela argumentou.
-Mas... – eu torci a boca. – Se o Mike me convidasse acho que iria. Apesar de desprezar por completo o que eles fazem, mas tenho curiosidade em saber como vai ser.
- Posso te fazer uma pergunta? – ela me fitava
–Claro... – eu olhei pra ela confusa
-Você já experimentou sangue humano?
Eu suspirei.
-Sim. Quando eu era bebê, eles me alimentavam com sangue humano, de bolsas de sangue, claro. – eu ri sem humor – mas depois de alguns meses, eu comecei a caçar com a minha família, brincava muito com o Jake também...
-Você lembra de tudo? – ela me olhou abismada
-Sim... É um pouco vago, mas tenho boas lembranças. – eu sorri
-E... – ela baixou a voz – Não sente falta...? – acho que ela estava com vergonha de perguntar se eu não queria voltar a provar do sangue humano.
-Pra ser sincera, sim, mas já estou acostumada. Quem prova do sangue humano nunca esquece...
Ela balançou a cabeça me compreendendo.
Depois de um tempo descemos e o pessoal já tinha revolvido que iriam novamente a Torre Eiffel, eu fiquei meio chateada, pois já tinha ido na noite anterior, mas eu aceitei ir almoçar lá com eles.
Depois do almoço ficamos passeando, conhecendo lugares novos, vendo belíssimos jardins...
As luzes começaram a se acender, o céu estava em um tom rosado e o horizonte alaranjado, quando vi – a quase- Lua cheia lembrei que tinha que ligar pro Jake.
Estávamos em uma feirinha, com varias quiosques. Peguei meu celular.
-Vem olha aquela ali! – a Gabi me puxou junto com a Bia, a Marília e a Fernanda entraram atrás de nós. Os garotos continuaram andando.
-Olha isso! – a Bia disse deslumbrada por um par de brincos de estrelas todo entrelaçado.
Eu me desconcentrei da minha obrigação de ligar pra ele e mandei uma mensagem curta:
Já te ligo!
Nessie

Eu comecei a vasculhar a lojinha, procurando alguma coisa especial que eu pudesse dar pra Alice, que tinha pedido.
Vi roupas, coisas pra cabelo, colares, pulseiras, talvez se eu desse um par de sapatos... mas ela já tem infinitos pares.
Fui à seção de brincos, vi cada um mais lindo que o outro, uns mais simples outros mais detalhados e caros, será que Alice gostaria de brincos? Bem... Ela amaria qualquer coisa que eu desse pra ela daqui da França, desde de que seja bonito, claro.
Bia notou minha frustração.
-Compra um perfume! Ela gosta, quero dizer, usa?
-Hã... Sim. Mas isso me deu uma idéia. – eu peguei um par de brincos compridos prata, um perfume e uma bolsa.
Mas que sapatos e roupas, Alice amava bolsas.
Coloquei o perfume e o brinco dentro da bolsa e comprei. A vendedora colocou em uma caixa e embrulhou com um papel prata com estrelas azuis...
Talvez tenha sido cedo para comprar a lembrançinha que ela tinha pedido, mas se eu visse outra coisa mais interessante, eu compraria e daria tudo junto, ela amaria mais ainda.
Compre pra mim umas pulseiras e uma bolsa rosa com preta, uma bolsa que era a cara da Rosálie, um colar pra Esme, umas blusas pra minha mãe e um perfume que achei muito atraente pro Jacob, mesmo seu cheiro sendo o mais delicioso que conheço.
A Bia comprou o brinco de estrelas e as garotas varias outras coisinhas.
Saímos da lojinha para procurar os meninos, eles estavam sentados em um banco conversando com duas garotas francesas.
Nós fomos até eles, quando as garotas foram embora.
-O que estavam fazendo? – a Gabi perguntou rindo
- Procurando amizades. – Pedro respondeu
- Sei bem que tipo de amizade é essa... – ela revirou os olhos.
-Mas como vocês conseguiram falar com elas? – Marília perguntou.
-Com gestos, algumas palavras, eu não sou tão ruim na aula de Francês. – respondeu Murilo
-Com certeza você ficava colando de alguém nas provas... – Gabi caçou.
-Conseguiram pelo menos o nome delas? – perguntou Bia.
-Mas que isso, os telefones! – Lucas disse orgulhoso e mostrou uma folha de caderno dobrado ao meio.
Algumas riram, outras caçoaram e continuamos andando pela feirinha.
Já era umas seis e meia, eu tinha que voltar para o hotel encontrar o Mike... Eu bati a mão na testa, tinha me esquecido de ligar pro Jake, mas daqui a pouco eu ligo, agora tenho que voltar pro hotel.
- Gente, tenho que voltar! – eu avisei
-Mas já? Agora que íamos realmente curtir a noite! – disse Murilo, mexendo o quadril, insinuando que iria dançar, eu ri.
-Desculpe, mas ta na hora. – eu acenei pra eles
- Deixa que eu fico com as suas coisas – a Bia pegou minhas compras, ela sorriu e piscou.
-Não se preocupe eu deixo tudo no hotel...
-Não tudo bem, vai logo. – ela me apresava. Eu me afastei.
Quando estava voltando, no caminho senti um cheiro recentemente familiar, o do Mike, ele deveria ter passado por ali ou estava por perto, eu tentei segui-lo.
E senti uma rápida aproximação pelas minhas costas, me virei antes que pudesse me tocar.
-Ah, queria te dar um susto. – ele fingiu estar decepcionado.
-Nossa! Dar um susto em um vampiro. – eu levantei uma sobrancelha – Você vai ter muito trabalho pela frente. – brinquei.
-Mas então... Para onde irei levar minha turista predileta? – ele sorriu.
-Não faço idéia, à noite está tão gostosa, vamos andar por ai... Tem algum parque perto daqui, meu guia particular? – eu ri.
- Você quer dizer parque de diversões ou parque normal?
-Ah, eu estava falando de parque normal, mas ir á um parque de diversão ia ser divertido! – eu disse empolgada.
-Ótimo, é perto daqui!
Ele pegou minha mão e me levou ao parque...
Tinha muitos sons diferentes juntos; de gente conversando, músicas, gritos nos brinquedos, gargalhadas, o barulhos dos trilhos da montanha russa, que era enorme talvez seu ponto mais alto tenha 15 metros, ela era maior atração do parque e ficava no meio.
Tinha um palhaço na entrada oferecendo balões, eu passei reto, mas o Mike parou e pegou um balão vermelho, deu uma gorjeta ao palhaço, agradeceu e foi na minha direção.
-Aqui! – ele me ofereceu o balão carinhosamente. Eu fiquei olhando pra ele, pra ver se ele realmente estava falando sério – Não quer?
-Claro, só não estava acreditando que você tava me dando um balão. – eu ri, ele amarrou o cordão do balão em meu pulso. – A Montanha russa primeiro?
-Pode ser.
E fomos para onde tinha mais gente, de onde vinha a maior parte dos gritos.
Ele comprou os ingressos e ficamos na fila.
-Não acredito que vou a um brinquedo... – ele riu dele mesmo.
-Por quê? – eu tinha algumas hipóteses.
-Eu fui apenas uma vez em toda minha vida, em um parque em 1786... – nós estávamos bem próximos e tinha muito barulho ao nosso redor, ninguém estaria prestando atenção na nossa conversa. Apesar de vez ou outra, algumas pessoas ficavam olhando para nós, mas provavelmente era por causa da nossa aparência... incomum.
Eu já tinha ido quatro vezes á montanhas russas, mas é sempre bom sentir um pouco de adrenalina no sangue, será que um vampiro senti a mesma coisa que eu sinto? Aquele friozinho na barriga quando o carrinho despenca... Acho que não.
Depois de dez minutos, era a nossa vez. Quando sentei – no primeiro vagão – eu prendi o balão debaixo da minha perna para não escapar.
Senti algo vibrar no bolso da minha calça, era meu celular, mas não deu para atender, quando fui pega-lo, as travas de segurança se posicionaram.
Depois de um leve tranco o carrinho começou a se mover e a subir os 15 metros que vinham pela frente.
Quando despencou senti aquele delicioso friozinho na barriga, levantei os braços e sorri tranqüila, sentindo as rajadas de vento no rosto e ouvindo os intermináveis berros das pessoas atrás de mim, eu olhei pro Mike ao meu lado, ele ficou rindo as duas voltas inteiras, às vezes com os braços levantados, às vezes na nuca, se exibindo.
Quando saímos da montanha, peguei meu celular para ver quem tinha me ligado e havia mais duas ligações não atendidas do Jake.
-Quem era? – Mike perguntou
-Jacob. – respondi meio preocupada.

  
“Contratempos são como facas, que nos servem ou nos cortam, conforme as pegamos pelo cabo ou pela lâmina.”


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