24 de setembro de 2012

23. APRESENTAÇÕES




Quando anoiteceu me lembrei da Bia, que iria me dar uma bronca, pois eu tinha falado que iria encontrá-los na hora do almoço.
Não tinha idéia também se a monitora tinha descoberto se eu estava ou não no quarto. Mike me acompanhou até Paris...
Estávamos na parte de trás do hotel, pois tinha que voltar pela varanda, liguei pro celular da Bia, ela estava brava, mas me disse que eles não estavam lá, eu poderia subir sem problemas.
- Nessas horas eu queria ter o poder da Anne, ela pode controlar as pessoas, né? – perguntei á ele.
-É... – ele riu
- Se a monitora souber que eu não estava no quarto, eu á – faria esquecer...
Ele sorriu.
- Te vejo amanhã? – perguntou esperançoso.
- Provavelmente. – sorri animada. – Mas vai ter que ser à noite...
-Tudo bem. Quer que eu venha te pegar? Agente fica por aqui mesmo. - ele me propôs.
- Ta, pode ser. Até. – eu acenei.
Peguei impulso e saltei para a varanda do 6º andar. O quarto estava vazio, eu me virei e acenei pro Mike. Ele sorriu e foi embora.
Eu fechei a cortina e fui até a porta, ainda estava trancava. A monitora não tinha entrado no meu quarto, espero...
Eu desci e fui à recepção, vi uns alunos conversando, mas ninguém que eu conhecia muito bem.
A Bia logo estaria de volta, então eu voltei para o quarto e fiquei vendo TV, como se ela pudesse me distrair.
Depois de mais ou menos uma hora, ouvi uma agitação no corredor, Bia e a Gabi entraram rindo no quarto.
- Chegaram... – disse ansiosa
-Oi. – disse Gabriela 
- Você não passo a tarde com a gente... – a Bia estava chateada. – Onde você estava?
Eu olhei de relance pra Gabi e depois pra ela. Ela assentiu com a cabeça.
- Acho que to sobrando... – ela riu sem graça – Vo procurar a Marília... – e saiu antes que uma de nós pudesse dizer alguma coisa.
- Ta, agora começa. – ela pegou minha mão e me sentou na cama.
-E fui pra Versalhes, ver se encontrava com ele de novo...
-E... – ela esperou ansiosamente
- Eu encontrei. – eu estava animada
- Estava pensando, você não me falou o nome dele...
- É Michael, Mike...
-Hum... E depois?
- Ele me levou para o Palácio de Versalhes e me mostrou vários outros lugares diferentes, o avô dele trabalhou lá. – os olhos dela pareciam brilhar – Depois fomos pra casa dele, conversamos bastante. Existem mais três vampiros, aqui; Meredith, ela caça humanos, Anne, irmã dela, se alimenta como o Mike, mas às vezes ataca humanos, Joseph amigo dele que adora dar festas... – eu balancei a cabeça nervosa.
-Festas? Nós vamos em alguma? – a Bia me perguntou animada, eu ri.
-Não. Não é seguro você ir, já pensou que é uma festa só de vampiros?
-Tendi... – ela mordeu o lábio, decepcionada. – Mas você viu algum deles?
-Não, o Mike só falou... – eu estava ansiosa em conhecê-los pessoalmente.
- Eu não vejo á hora de conhecê-lo... – ela ficou olhando pro quarto, provavelmente imaginando.
- Não sei se seria uma boa idéia.
-Por quê? Ele é seu amigo e não caça humanos. – ela apontou para ela mesma, eu sorri.
-Porque você falou estranho amigo... – eu semicerrei os olhos. Ela deu de ombros. – E sim, é verdade, mas não sei, vamos esperar mais um pouco, tá?
-Tá. – ela fez bico
Eu a abracei.

Dormi tranqüila, sem sonhos ou pesadelos, talvez cores não me lembro muito bem.
Acordei de ótimo humor, animada e ansiosa... Não sei o que o dia me aguardava, mas seria muito mais empolgante á noite.
Fui à lugares novos, lindos e impressionantes.
Almoçamos no hotel e depois fomos pra piscina, brincamos muito: eu subi em cima do Murilo e a Bia subiu em cima da Gabi e tentamos derrubar uma a outra.
Conforme o dia ia passando eu ficava cada vez mais ansiosa, sabia que ele viria me pegar, mas eu falei que horas?
Apenas disse que á noite, mas quando seria exatamente noite pra ele? Eu deveria ter dito que iria pra casa dele...
Quando deram sete horas, tomei banho e me arrumei, coloquei um vestido vinho com renda preta e uma sandália de tirinhas.
Penteei meu cabelo demoradamente e a Bia me emprestou um brinco em forma de lua.
-Ótimo, está pronta pro seu encontro! – ela disse feliz.
-Que? – eu me assustei. – Encontro? Bia! Ele é meu amigo, eu tenho meu Jake. – eu á lembrei abismada.
- Sei, sei... –e me deu minha bolsa.
Nós saímos em grupo, mas eu me afastei do pessoal quando viramos a esquina. Aonde ele iria me encontrar?
Eu andei de volta para a parte de trás do hotel, talvez ele viesse me procurar no quarto.
-Oi. – Mike estava ao meu lado, sorrindo. Com uma calça social preta e uma camisa azul de gola alta.
-Você não tem medo que alguém te veja, não? – ele usava sua velocidade anormal sem medo de alguém ver.
- Eles não me veriam. – ele me apontou o dedo, como se estivesse mostrando algo.
Eu franzi o cenho por um momento, tentando entender, mas desisti.
-Aonde vamos?
- Hum... Não sei. Que tal a Torre Eiffel? Ou... o Quai d' Orsay?
- Tanto faz... Mas o Quai d' Orsay é caminho vamos dar uma passadinha lá, depois vamos a Torre. – eu sorri com a idéia.
- Ok.
Era a primeira vez que eu saia com um garoto- mesmo sendo vampiro – sem ser o Jake, apenas nós dois, era um pouco estranho, mas tentei não me importar, pois é como se eu conhecesse o Mike á anos, apesar de só conhecê-lo á dois dias.
Sentamos em um banquinho, vendo as luzes sendo refletidas no rio, o céu parecia ter sido pintado à mão, com a lua iluminando as nuvens ao redor.
-Às vezes, essas imagens... Essas coisas me fazem sentir vivo. – ele sussurrou, eu sorri.
Ele olhou pra mim e se levantou.
- Vamos. – ele me ofereceu sua mão, eu a peguei e continuamos andando.
A Torre Eiffel de noite era duas vezes mais linda que de dia, as luzes iluminavam toda a estrutura, a deixando dourada.
Nós subimos e ficamos na ultima plataforma, eu suspirei feliz.
- Lindo, né? – eu olhei para ele, que pra minha surpresa estava tão fascinado quanto eu.
-Sim... – eu sussurrei – Você vem muito pra cá?
-Não muito, apenas eu ocasiões especiais... – ele sorriu pra mim.
Eu voltei a olhar para a cidade, apesar do vento bagunçar meu cabelo, ele me refrescava. Milhares de luzes acesas nas ruas, nos jardins, nos monumentos, é algo indescritível.
Um som agudo e baixo atingiu meus ouvidos, o celular do Mike estava tocando.
-Alô. – ele atendeu
“Onde você está? Eu estou aqui na sua casa!” – era uma voz masculina
- Eu estou com companhia no momento, Joseph! – ele olhou pra mim constrangido.
“Hum... melhor ainda, trás ela pra cá. Alimento ou diversão... ou melhor, os dois? Ta ficando saidinho...” - Joseph perguntou empolgado.
Eu levantei uma sobrancelha.
- Até. – Mike desligou sem demora. – Desculpa, ele é meio sem noção às vezes.
-Não precisava desligar por minha causa, vamos até lá, estou curiosa pra conhecer seu amigo. – eu segurei uma risada.
- Tem certeza? O Joseph apesar das roupas, do jeito de falar e da sua aparência, ele é muito antigo e pode levar as coisas de um jeito diferente. – ele tentava encontrar palavras.
- Como assim?
- Eu não sei como ele vai te ver. - admitiu. – Ele acha até hoje meio ridículo eu me alimentar de bolsas de sangues.
-Hum... Tudo bem. – eu não estava com medo.
Nós descemos e fomos a Versalhes...
Depois de uma hora e cinco ligações não atendidas chegamos ao apartamento.
No corredor eu senti um cheiro forte de vampiro, ele ainda estava lá. Mike olhou pra mim, eu acenei com a cabeça e ele abriu a porta.
Joseph estava sentando em uma poltrona, ele era forte, com aparência de mais ou menos 28 anos, cabelos curtos em um loiro escuro, estava vestindo uma calça social cinza escura e uma camisa vermelha de cetim.
Ele encontrou meu olhar, seus olhos vermelho sangue, me fizeram recuar.
Eu me aproximei lentamente.
- Esta é Renesmee... – ele me apresentou
Os olhos de Joseph me analisaram e instantaneamente ficaram surpresos, ele deu um pulo pra trás flexionando as pernas se protegendo ou podendo atacar. Mike se pôs na minha frente...
-Calma... Ela é especial, única. – ele estava com os braços esticados, balançando as mãos, como se tentasse acalmar um animal.
-O que? O que ela é? – ele lentamente se levantou e se recompôs.
- Meio-vampira, meio humana. – ele falava tentando precaver a reação de Joseph.
Ele me olhava com desconfiança, mas também curiosidade, se aproximando, Mike não saiu da minha frente.
- Tudo bem. – eu toquei o braço dele para se afastar.
Joseph ficou andando ao redor de mim, me analisando de cima a baixo.
Me senti muito incomodada com aquilo, parecia que ele estava avaliando um material, um produto.
- Acabou? – eu perguntei nervosa, na sua terceira volta.
Ele parou.
-Desculpe, curiosidade. E já que agora sei que você não morde. – ele sorriu maliciosamente, pegou a minha mão, eu me segurei para não puxá-la de volta. – Deixe-me apresentar corretamente. Meu nome é Joseph Vincent Bonnet – ele a- beijou – Prazer.
- Prazer. - eu puxei minha mão delicadamente.
Seus olhos me fitavam curiosos e ansiosos, ele se virou para o Mike.
-Não sabia que você estava andando com uma das mais belas companhias... Onde você encontrou essa iguaria? – eu não pude me conter.
-Desculpe a interrupção, mas eu não sou um pedaço de... Eu não um produto, OK?!
Mike se pôs ao meu lado.
-Perdoe o Joseph, tente não ligar para esse jeito cínico que às vezes aparece nele. – Mike me disse
-O que você está dizendo, Henry? – Joseph perguntou ao Mike, com um tom de repreensão.
-Henry? – eu olhei para ele confusa.
-Eu também não me apresentei corretamente, mesmo nos conhecendo á dois dias. – ele mexeu no cabelo. – Meu nome é Michael Henry Helsing... – ele pegou a minha mão e a beijou imitando o Joseph, brincando.
- Pierpont. – acrescentou Joseph. - Pierpont, não se esqueça de seus mais queridos e ricos ancestrais. - Mike revirou os olhos.
-Bem, assim eu também não me apresentei... Renesmee Carlie Cullen. – eu cruzei as pernas e me abaixei rapidamente, como às mulheres faziam antigamente e ri. Eles riram aos sussurros.
- Vejo que sua companheira tem senso de humor. – disse Joseph com sua voz suave e sarcástica.
- E–Ela não é minha companheira... – Mike disse antes de mim.
-Hum... – primeiramente ele franziu a testa em duvida depois deu um sorriso suave. Eu não me contive.

“Já que ela não é do Henry, eu... Hum... mas ele já ta tanto tempo sem alguém, talvez eu possa deixar essa passar. Mas ela é tão delicada, deslumbrante, como posso resistir á essa doçura...” – ele pensou

Acho que o Mike percebeu que se o silêncio prevalecesse, eu estaria lendo a mente de alguém e interrompeu.
- Então... O que faz aqui? – ele perguntou ao seu amigo centenário.
- Bem... Vim aqui te chamar para uma festa noturna, a Anne voltou de viajem e vamos aproveitar. E – ele olhou pra mim. – você podia convidar a sua nova amiga.
- Ah, obrigada mais não curto muito esse tipo de festa. – disse ríspida.
Ele semicerrou os olhos.
- Você é mais pra lá do que pra cá...
Eu o - encarei confusa.
-Ela não caça humanos, se alimenta de animais. – Mike o interrompeu
-Oh... Entendo. Eu já tinha ouvido falar sobre um grupo de vampiro que vivem no Norte dos EUA, que se auto denominam vegetarianos...
-Somos nós. - eu o informei.
- Que... Interessante. Também sei que deram muita dor de cabeça aos Volturi. – ele levantou um pouco a sobrancelha.
Eu mordi o lábio.
-Pelo jeito sim... – eu já estava prevendo que logo ele perguntaria o porquê, se ele não soubesse o motivo.
- A Meredith virá? – Mike perguntou.
Joseph ficou surpreso pela pergunta repentina.
- Sim. Eu liguei pra ela e amanhã ela provavelmente estará aqui. - seus olhos estavam curiosos no Mike
- Hum... – eu olhei pra ele ao meu lado, estava serio, preocupado talvez.
Eu olhei no relógio quadrado na parede, já era uma da manhã.
Eu arregalei os olhos.
- Tenho que ir! – falei apressada
-Por que já vai embora? Nem começamos a nos conhecer. – eu mal prestei atenção no que o Joseph disse.
- Mike, eu to atrasada, tenho que voltar.
-Ok, quer que eu te leve? – ele me seguiu ate o corredor, seu amigo logo atrás, curioso.
- Não, você tem companhia. – eu olhei pro Joseph. O Mike mexeu no cabelo, um pouco nervoso.
-Tá... Até amanhã. - eu concordei com a cabeça.
E dei um beijo de despedida no rosto. Eu só percebi que tinha me aproximado demais, quando ele parou de respirar bruscamente.
-Desculpe. – eu disse
Ele colocou sua mão em meu ombro e sorriu.
Eu analisei sua mão e me veio um flash do sonho. Seria a mão dele que estava no meu ombro? Seria ele a pessoa que substituiria o Jake?
Pelo menos foi o que eu consegui entender do sonho, o Jake some e ele aparece...
Quando pensei no Jake senti uma pontada no coração. Saudade.
-Tudo bem... Vai. – ele me disse.
Eu sai em disparada ao final do corredor e desci as escadas, pois seria mais rápido que o elevador.
As ruas estavam um pouco remotas, eu voltei para Paris e corri de volta para o hotel.
As garotas estavam dormindo, me troquei, passei uma água no rosto e me deitei.
Fiquei virando de um lado pro outro da cama, pensando no Jake, no Mike... e no maldito sonho que me deixava acordada.
Eu necessito ligar pro Jacob, ouvir sua voz, sua risada. Suspirei...
E apenas lembrando de meu ultimo encontro com ele, cai no sono.



 “Saudade tem algo haver com auto-acusação e arrependimento."

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