O dia passou rápido, como
sempre, quando estou me divertindo.
A Bia contou ao Mike como
era “mágica a magia”, dei muita risada pela redundância, eu falei sobre a festa
de ontem e outras coisas.
Comecei a ficar preocupada
com o horário, já estava anoitecendo e a Anne, ou o Joseph, poderiam chegar. Queria
que tia Alice estivesse aqui, por prevenção. A Anne até que tudo bem, mas o
Joseph eu já teria que me preocupar.
-Bia, vamos? – eu
perguntei á ela, enquanto contava uma animada história.
-Ah, já? Vamos passar a
noite aqui? Vampiros não dormem...
-Tá, mais você dorme. – eu argumentei.
-Você está preocupada que
eles cheguem? Ou... Não quer mais a minha companhia? – ele perguntou com seu
sempre humor cômico, eu semicerrei os olhos, ele riu – Ainda quero uma
resposta, apesar de que não iria ligar se você continuasse á me olhar assim...
– ele deu um sorriso malicioso.
-Mike... Eu nunca vou me
cansar da sua presença, espero. – disse rindo – Mas é isso mesmo, tenho receio que
eles possam chegar enquanto a Bia estiver aqui. –eu terminei, séria.
-Teria muito problema, eu
conhecê-los? – a Bia disse chateada e preocupada.
-Eu acho que sim... –
olhei pro Mike, ele concordou.
-Então teremos que ir?
Mesmo? – eu levantei uma sobrancelha como se dissesse “Preciso mesmo responder?”.
– Tá. Então vamos. - ela se levantou.
O Mike me parecia
chateado.
-Deixa que levo vocês,
então. – ele ofereceu e pegou as chaves em cima da estante.
-Se não for incomodo.
Agradecemos. – eu não preciso saber os pensamentos da Bia para saber que ela
não trocaria o metrô pelo carro do Mike.
E nós saímos, eu fiquei
ao lado do Mike e a Bia atrás, que ficou super feliz e animada no carro, ele
colocou um CD que tocou uma música francesa, com uma batida forte e contagiante.
Quando chegamos, a Bia
olhou decepcionada para o hotel.
-Não se preocupe, nos
veremos outro dia. – Mike se virou para trás.
-Amanhã? – era possível
ser seus olhos brilharem.
-Hã... Vamos ver. – eu
interrompi, ela fez bico.
Nós saímos do carro e eu
me abaixei para o lado do motorista, para falar com o Mike.
-Até amanhã? – perguntei.
-Como sempre... – ele
sorriu, todo charmoso.
-Tchau! – e dei um beijo
no rosto dele, me afastei e acenei junto com a Bia enquanto ele ia embora.
-Será que eles já voltaram?
– eu perguntei enquanto subimos para o quarto.
-Acho que sim...
Eu abri a porta e vimos a
Gabi com um vestido curto, preto brilhante, ela estava colocando brincos de
argola.
-Vai sai? – Bianca
perguntou.
-O pessoal ta se
arrumando para ir ao RedClub, uma
balada interna á umas quadro quadras daqui, vamos de taxi. Querem ir? – ela nos
convidou, eu olhei pra Bia, fazendo uma careta.
-Não sei... Vamos? – ela
me perguntou.
-Eu estava pensando em
mandar as últimas fotos pra minha família, você não falou para mandar as fotos
de como estava ontem para Alice? Além do mais, ontem eu já fui a uma festa,
dessa vez eu passo...
-Ta. Mas acho que vou
sim. Vai que encontro algum gatinho... Mesmo que depois de hoje, de ver visto o
Mike, vai ser difícil encontrar alguém mais bonito que ele, mas... Posso
tentar. – ela abriu seu armário.
-Hein? Mike? Quem é? – a
Gabi perguntou curiosa. – E... Bia, vamos sair daqui a uns 15 minutos, vai
logo!
A Bia se apressou,
colocando um vestido tomara-que-caia vermelho com branco.
-É um amigo meu... – eu
disse sem dar detalhes.
-Hum... Ele tem
compromisso?
-Sim. – era melhor eu
acabar com qualquer tentativa de aproximação.
Mesmo ele não tendo
nenhum compromisso, não é? Nem comigo, nem com sua ex.
-Que saco... – ela torceu
a boca, eu sorri.
A Bia colocou a primeira
sandália que viu e passou uma sombra escura destacando seus olhos quase mel.
Elas estavam prontas.
-Boa festa! – eu desejei,
enquanto ligava meu notebook.
-Tchau. – a Bia disse
animada e fechou a porta.
Eu descarreguei as fotos
da minha câmera, tinha fotos da Torre Eiffel á noite, da cafeteria e muitas
outras, mandei todas para o e-mail da Alice, junto com uma mensagem:
Como sempre estou mostrando como tem sido minha rotina aqui,que está sendo muito divertida. Cada dia uma nova surpresa...
Melhor que tudo isso, seria se vocês estivessem aquiou se eu estivesse em casa.
Falta só mais uma semana, fala pro Jake que estou chegando.
Um beijo pra minha mãe, pro meu pai, pra todo mundo.
Amo todos vocês. Saudades... Renesmee Cullen
Depois fui pra cama,
fiquei ouvindo música e acabei caindo no sono.
No dia seguinte acordei
incomoda com imagens de algo que tinha sonhado, mas não conseguia lembrar tudo.
Era rápido, mas também lento, algumas claras, outras escuras, me lembro de um
par de olhos vermelhos que iam ficando negros, da Bia, do Mike e mais...
-Bom dia. – a Bia disse á
mim enquanto arrumava a cama dela, a Gabi não estava no quarto.
-Como foi a sua noite? –
eu não estava acreditando que tinha dormindo tão facilmente e a noite toda.
-Hum... Interessante. A
Gabi beijou uns três garotos, eu... apenas um, mas nem vai pra frente. – ela
mordeu o lábio decepcionada. Eu ri de leve. - Mas vamos ver o Mike, hoje?
-Não sei, vamos fazer
assim: Eu vou vê-lo e se não tiver problema, eu te ligo e você vai pra lá,
lembra do caminho?
-Ah, não muito... Mas por
que não posso ir com você, igual ontem?
-Foi sorte o Joseph e a
Anne não estarem, mas hoje é muito provável que sim, e mesmo que você fique na
recepção ou na rua pode encontrar com eles ou com outro vampiro inquilino que
esteja por perto, e também – eu olhei para o céu pela varanda – está Sol.
-Então... Melhor ainda,
vamos agora, de dia! – ela me interrompeu.
-Se eles estiverem lá
teriam que ficar no apartamento, terão dificuldade para sair. – ela fez cara de
desconfiada, mas concordou.
-Certo... Mas você vai de
dia ou á noite?
-Prefiro á noite... Assim
podemos sair para um barzinho ou coisa do tipo.
-Hum... Ok! E... O que
vamos fazer nesse tempo livre? Para a excursão? – eu fiz uma careta.
-Não. Vamos passear por
ai. – ela concordou.
Nos trocamos e descemos,
todo mundo ia sair com os guias, eu e a Bia resolvemos que depois do almoço
íamos passear de barco pelo Rio Sena.
Almoçamos no hotel, foi à
primeira fez que comi com vontade, e saímos, fomos andando até Quai d’Orsay e
entramos no barco junto com mais cinco pessoas, estava tudo muito tranquilo,
tocava uma música que lembrava jazz. Era espaçoso, serviam petiscos e bebidas.
Eu queria e não queria
tocar no assunto de ontem, sobre a idéia de que algum dia teria que deixar
minha amiga morrer, aquilo fazia meu coração ficar apertado.
-Bia – eu sussurrei –
Você realmente... não se transformaria? – nos estávamos sentadas na parte da
frente do barco, a pessoa mais próxima de nós estava á uns 4 metros .
-Falei... mas não se
preocupe, temos muitos e muitos anos juntas pela frente. Agora, o pior vai ser
envelhecer e te ver linda e jovem assim... – ela riu, eu a abracei e fiquei um
bom tempo assim.
Conversamos bastante...
Ela me falou que tinha um meio-irmão por parte de pai, dois tios e que sua avó
cuidou dela por muito tempo.
Depois fomos a uma sorveteria
e a uma loja de roupas, até dar seis horas.
-Acho melhor já ir indo.
– eu disse quando chegamos ao hotel.
-Tá! Aí depois você me
liga. – ela disse enquanto entrava.
-Vai ser até bom, por que
se você quiser, agente vem te buscar de carro. – eu argumentei.
-Sério? Eu ia ama! – ela
se empolgou, dei um beijo nela e sai.
Cheguei a Versalhes quase
ás sete, o porteiro já me conhecia e me deixou subir sem problemas.
No corredor do
apartamento senti um cheiro diferente, eu franzi o cenho tentando lembrar se
era de alguém que já conhecia, mas não.
A porta estava um pouco
aberta, eu estranhei, e quando ia tocar a maçaneta, o Mike apareceu. Ao me ver,
arregalou os olhos surpreso e fechou a porta para que eu pudesse ver apenas seu
rosto.
-Não é uma boa hora,
Nessie... – sua voz estava baixa e preocupada.
-Quem é? – uma voz
feminina e delicada perguntou de dentro, ele olhou para trás e voltou á mim.
-Acho melhor você voltar
outra hora. – ele fechou os olhos, irritado, por alguns instantes – Desculpe,
mas estou com companhia. – eu analisei seu rosto, ele estava meio nervoso.
-É a Meredith? – comecei
a ouvir leves passos pelo apartamento.
-Ela chegou faz pouco
tempo. – sua voz era presunçosa, eu o fitei curiosa, enquanto ele franzia a
testa. - Você realmente está pensando em conhecê-la, não está?
-Sim. – ele suspirou.
-Acho que não vai
adiantar eu falar que não é uma boa idéia, vai? – eu balancei a cabeça negativamente.
Ele abriu a porta e eu
entrei devagar, não tinha ninguém na sala, mas o cheiro de vampiro desconhecido
fazia meus músculos se contraírem.
Fiquei em pé perto do
sofá, o Mike fechou a porta e ficou me olhando.
Logo sem seguida ela
apareceu, tinha cabelos castanhos claros, quase loiros que iam escurecendo nas
pontas, era fino e com grandes ondas, seu rosto era marcante e tão enigmático
quanto o do Mike. Ela poderia ser muito bem a mocinha da história como a pior
das vilãs, seus olhos vermelho sangue me analisaram surpresos, ela se aproximou
do Mike lentamente, me fitando como se fosse uma presa, seus movimentos me
lembraram de uma leoa ou uma ardilosa raposa.
-Quem é? – sua voz tão séria
quanto sua expressão.
-Ela é Renesmee, uma
hibrida. – não foi a primeira vez que tinha ouvido alguém me chamar assim, mas
nunca me incomodei, pois queria dizer que eu tinha o melhor dos dois mundos,
assim me explicou Carlisle.
Ela franziu o cenho, eu
me perguntei se ela saberia que sou uma Cullen.
-Hibrida? – sua voz foi
mudando de firme, para mesquinha. -Já conheci vários mestiços. – eu a encarei
nervosa pelo modo como ela disse mestiço, que não era a mesma coisa de hibrido.
– E tenho que admitir que você é mais bonitinha do que as que conheci...
-“as”? – eu estranhei.
-Um vampiro estúpido
estava “tentando” criar um exercito de mestiços há uns 20 anos e nós tivemos
que interferir. – sua voz era fria.
Presumi que o “nós” á que
ela se referiu eram os Volturi e me lembrei do pai de Nahuel.
-As irmãs de Nahuel. – eu
sussurrei
-Então você as conheceu?
Típico. É claro que você conheceria gente da sua raça. – o desprezo na voz
dela, me deixava cada vez mais irritada - Como você á conheceu? – ela perguntou
ao Mike.
-Por acaso. – ele sorriu
pra mim, ela não gostou nem um pouco.
-Hum... Nômade da cidade?
– ela parecia estar afirmando.
-Não! Sou uma Cullen. –
eu sabia que aquele nome soaria como um balde de água fria para ela, que
arregalou os olhos, mas logo em seguida se recompôs.
-Cullen? Você é a famosa
filha de Edward... – a voz dela era curiosa.
-Sim. Sou filha de Bella
e Edward Cullen. – eu disse orgulhosa.
-Então era você... O bebê
que achamos que fosse imortal. – ela disse pensativa e surpresa.
-Você estava lá?
-Não, estava á trabalho,
não teria chegado á tempo, ajudei á recolher testemunhas, mas não pude
comparecer. Depois me mandaram procurar, caçar o infrator que estava criando
mestiços.
-E por falar em infrator,
sabe alguma coisa sobre o que está acontecendo nos últimos dias? – o Mike
interrompeu.
-Pouco, eles estão
fugindo de nós. Eu estava seguindo seus rastros, por isso não pude vir à festa,
– ela disse decepcionada – mas pude voltar hoje, pois eles não estão mais pela
Europa, provavelmente foram para a América. – eu interrompi minha respiração,
eles perceberam.
Estariam na América e era
mais de um, era só nisso que pensava.
-Por que será que estão
matando? Quantos já foram? – Mike perguntou
-Dezoito humanos no
total, variando entre Espanha, Itália, Portugal e Egito, além de três vampiros
da Itália e dois do Egito. Muito estranho... – ela respondeu.
-Recém-nascidos? – Mike
perguntou
-Hum... Muito improvável.
Os poucos rastros que deixaram, além das mortes, não são típicos de
recém-nascidos. Talvez... – ela me encarou – Não sabem onde é o seu lugar. –
ela disse com desprezo, apoiou as mãos no ombro esquerdo do Mike e ficou
olhando pra ele de perfil. – Sei de muitos mitos e histórias sobre mestiços,
mas gostaria de saber se são verídicos... Não brilham no Sol, se alimentam de
comida humana, tem a força, velocidade e sentidos sobre-humanos, o coração
bate, como posso perceber. Como deve ser não pertencer a nenhum dos dois
mundos? – eu não sabia se ela estava perguntando pra mim ou para o Mike, cinicamente.
Ele tirou as mãos dela de seu ombro delicadamente.
-Pelo contrário, ela está
em ambos, possui o melhor dos dois. – ele sorriu pra mim e deu um olhar sombrio
para Meredith, ela me olhou com raiva e intrigada como se quisesse saber por
que eu seria tão especial.
-E o que a pérola dos
Cullen faz tão longe de casa? – a minha impressão era que ela realmente queria
me irritar.
-Viagem escolar. – eu
semicerrei os olhos, á observando.
-Escolar! – ela debochou,
eu levantei uma sobrancelha – Já era de se esperar...
-Por quê? – acho que o
Mike percebeu a irritação na minha voz e se pôs ao meu lado.
-Você ainda é um bebê!
Talvez... – ela me fitou – 15 aninhos?
-Vinte. – eu disse entre
os dentes, ela manteve a mesma expressão desinteressada, me querendo tirar do
sério.
-É verdade, que... – ela
me olhou desconfiada – você também possui uma habilidade?
-Sim. – eu levantei
levemente o queixo, ficamos em silêncio, esperando que alguém falasse.
-Qual? – ela sussurrou.
-Posso penetrar na mente
de qualquer um e mostrar o que quiser.
-Ah! Nem é tão útil
assim... – ela debochou – Sabe qual o meu? – sua voz desafiadora e orgulhosa.
-Sei... Neutraliza uma
habilidade e dá a ilusão de dor por fogo. – ela me olhou surpresa e irritada,
pois tinha perdido á chance de se exibir. – E... Tenho mais uma habilidade,
posso ler mentes. – ela arregalou os olhos, mas depois voltou a me olhar
desconfiada.
-O poder de Edward. Aro nem
sabe disso... – ela disse entre os dentes nervosa, eu concordei. - Quanto tempo
pretende ficar por aqui? – era possível ver o desprezo em sua fina voz.
-Quatro dias. – olhei pro
Mike que estava pensativo e depois pra ela que estava totalmente enciumada.
O que ela dizia eram
coisas que me irritavam fácil, mas poderia me controlar - com esforço.
Só não sei como alguém tão
doce e gentil como o Mike pôde ficar com ela por mais de 100 anos... Ela teria
que ter algum ponto positivo, além de sua beleza. E se ela amasse tanto assim o
Mike, por que não desistiu dos Volturi pra ficar com ele?
Eu não consigo entender,
além de presumir que ela não ama tanto ele assim...
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