19 de outubro de 2013

32. PONTO DE VISTA

 Prontos para conhecer o passado de Meredith? 




Ouvimos passos no corredor, eram duas pessoas, pelo cheiro conhecido e adocicado eram a Anne e o Joseph, que estavam se aproximando rindo, quando chegaram na porta pararam.
A porta se abriu bruscamente, a Anne olhou para Meredith e seu rosto se iluminou com um grande sorriso, ela correu para abraçá-la.
-Mery!! – ela disse feliz enquanto abraçava a irmã.
-Que saudade! – Meredith disse contra o cabelo da Anne.
Elas se afastaram, se olharam sorrindo e deram mais um abraço rápido. E a Anne me viu pelo ombro da Meredith e sorriu.
-Tudo bem, Renesmee? – ela veio na minha direção e me deu um beijo no rosto tocando minha mão, sua pele me pareceu mais fria que o normal, eu fiquei gelada e estava em um belo campo com uma densa floresta uns 40 metros á frente, o céu estava nublado e muitos aviões passavam, estava com roupas antigas e de criança, vi uma garota mais velha que eu, que a Anne, nós estávamos de mãos dadas e correndo na direção da floresta, ela se virou, seu rosto me era familiar, tinha lindos olhos de gata verde-água e uma expressão séria, era a Meredith, logo em seguida tropecei e cai de joelhos...
Pisquei e vi a Anne ainda sorrindo esperando minha resposta, eu balancei a cabeça suavemente.
-Sim... – eu respondi, a Meredith me olhava desconfiada.
-Vejo que conheceu minha irmã. – ela disse feliz, eu concordei com um sorriso forçado – Espero que ela tenha te tratado bem. – ela riu - Não ligue para a primeira impressão que ela causa, na maioria das vezes melhora. – ela olhou pra irmã.
-Boa noite. – Joseph disse com sua voz cortês, fechando a porta atrás dele, ele se aproximou da Meredith e deu um beijo em cada bochecha –Que pena, que não pôde vir á festa, foi ótima! – ela fez bico – Ah, mas daqui á alguns meses terá outra, não se preocupe... – ele sorriu, me fazendo sentir meio culpada e preocupada.
-Com certeza da próxima vez virei! – ela sorriu á ele.
Eu olhei pro relógio e me lembrei que fiquei de ligar pra Bia, hoje realmente não era um bom dia, ainda bem que vim sozinha...
-Vou ligar pra Bia, se não tivesse ninguém aqui, ela viria pra cá. – eu cochichei pro Mike, ele assentiu.
Peguei meu celular e me virei, não pude deixar de notar os olhares em minhas costas enquanto ia para a varanda.
Disquei o número do celular dela, mas só chamou, tentei mais duas vezes e desisti.
-Conseguiu? – o Mike perguntou se aproximando.
-Não... O mais estranho é que ela sabia que eu ia ligar. – eu guardei o celular, ele olhou para seus amigos.
-Pelo jeito você já conheceu todo mundo que é importante pra mim... Agora, só falta eu conhecer os seus. – ele disse meio envergonhado, eu abri um grande sorriso.
-Sério? Você vai comigo pra Quilcene? – ele concordou
-Se você quiser... Não tenho como recusar. – eu bati de leve no braço dele.
-É claro que quero! – e o abracei, mas me afastei rapidamente, preocupada com algum olhar que estivesse nos fuzilando, por sorte ela não viu, apenas a Anne.
A Meredith se virou e encontrou meu olhar, eu desviei e olhei para a bela vista, me sentei na sacada sem me preocupar se alguém pudesse me empurrar, mas ela saberia que não me machucaria se caísse, mesmo que a distância dos meus pés e do chão seja maior que 15 metros.
O Mike se sentou ao meu lado na sacada.
-Você acha melhor eu ir embora? – era provável que eles pudessem escutar, então sussurrei.
-Eu não quero, mas se você não estiver se sentindo à vontade... – ele me analisou.
-Ah, não que seja muito desconfortável saber que alguém não gosta da minha presença, mas – eu ri aos sussurros – eu tive uma visão e estava curiosa.
-Visão? Você viu á lembrança de alguém?
-Sim, da Anne, você sabe a história dela, quero dizer, delas? 
-Não muito, sei que nasceram na França, que a Meredith já foi enfermeira e Anne começou a cursar Direito... Hum... Só isso. Depois da transformação, queremos esquecer a maior parte de nossa vida humana para viver uma nova. Mas se você perguntar tenho certeza que vão te dizer. – eu levantei as sobrancelhas, surpresa.
-Ah, claro, a Meredith gosta tanto de mim... – eu disse irônica, ele conteve um riso.
-Mas a Anne sim... – ele argumentou, eu torci a boca duvidando.
-Tá, uma hora eu pergunto... – provavelmente uma hora que a Meredith não estivesse presente.
-Vamos. – ele girou seu corpo e saltou sutilmente para dentro da varanda, eu desci logo em seguida.
Quando entramos, eles ficaram em silêncio, como se estivessem falando de mim, de nós.
-Bem... E o que pretendem fazer está noite? – o Mike perguntou e passou o braço nos ombros do Joseph.
-Caçar. – a voz fria da Meredith, explicitamente á mim. – Já faz tempo que não me alimento... – Mike deu um olhar repreensivo á ela. –O que foi? Você que perguntou. – ela disse tentando parecer inocente.
-Então vocês vão, eu e a Nessie vamos para outro lugar. – ele disse á ela.
-Eu vou junto. – a Anne se pôs ao meu lado, ouvi um grunhido baixo vindo da garganta da Meredith.
-Bem, eu vou com a Mery... O dia que recusar caçar, não serei eu. – Joseph riu.
-Ok, até breve Renesmee. – sua voz era fria e decepcionante.
Joseph deu um sorriso gentil e saiu com ela.
-Para onde vamos? – a Anne perguntou curiosa.
O Mike me encarou. “É uma ótima oportunidade! Fala com ela agora.”
Eu mordi o lábio.
-Anne, posso te perguntar uma coisa? – ela me olhou curiosa.
-Claro... – e se sentou no sofá, eu sentei ao lado dela.
-Hum... Eu queria saber mais sobre sua historia. – eu estava sem jeito.
-Bem, eu não penso nisso faz séculos... Talvez não seja bom lembrar do passado, mas...Talvez eu possa achar graça depois de tanto tempo. – ela sorriu. – O que você quer saber exatamente? – o Mike se sentou a nossa frente, esperando curioso.
-Hã... – não sabia se podia falar sobre a minha habilidade, que tinha visto uma lembrança dela – Sei lá, você e a sua irmã moraram juntas? – não sabia como chegar ao assunto do campo.
-Sim, era apenas eu, ela e nosso pai, minha mãe morreu de tuberculose, quando éramos pequenas. – era estranho ver que ela não se comovia com a morte da mãe. – E vivemos em uma grande e bela casa, meu pai tinha uma boa posição social, tínhamos tudo que queríamos mesmo que todo o poder e maior parte do dinheiro estavam concentrados na mão do rei Luis XV – ela revirou rapidamente os olhos - Ficamos juntos até eu fazer 10 anos... – ela hesitou, eu esperei.
-O que houve?- o Mike perguntou mais curioso que eu.
-Ele foi convocado para guerra, eu e a Meredith fomos morar com um tio nosso, que ficou com o dinheiro que meu pai deixou, gastou tudo com bebida e coisas fúteis, ele era meio... Muito idiota. A Meredith sofreu na mão dele. – ela suspirou. - Até fugirmos, eu tinha 12 anos, ela com dezenove... Nós sobrevivemos do pouco que ela ganhava, morávamos de aluguel em um sobrado muito simples, nossa vida era humilde, mas feliz. Para quem nasceu em berço de ouro a Mery conseguiu se virar muito bem... Até eu ir para um orfanato. - ela pausou – Meu pai voltou da guerra e ficou procurando por nós, ele me achou quando tinha 15 anos e voltamos a morar na minha antiga casa, logo em seguida a Mery veio ao nosso encontro. Ela cursou enfermagem fora do país, na Itália em... 1754, durante dois anos ela mandava cartas, mas depois sumiu, não deu mais noticias, nosso pai ficou muito doente e eu fui para Itália á procura dela. E ela me encontrou em 1760, a data da minha transformação. – ela sorriu
-Quantos anos você tem? – eu perguntei curiosa – E a Meredith?
-Hum... Eu nasci em 1736 então 24. – ela riu – E a Mery em 1729, transformada em 1756 com 27 anos...
-Quem á transformou? Alguns dos Volturi?– perguntei
-Não, ela falou pouco do Pierro, mas... Disse que ele era um nômade que estava de passagem pela Itália, ele fingiu estar machucado e a sequestrou. Nos primeiros anos, eles eram um casal. – ela olhou rapidamente ao Mike, que estava sem expressões – Mas ele á traiu ou coisa assim. – ela franziu o cenho pensando. – Ela prometeu não se apaixonar por mais ninguém, apenas aproveitar a vida que sempre quis, até... – ela riu olhando para Mike. – encontrar esse cara aí. – ela apontou com a cabeça pra ele.
-Entendi... Mas por que ela despreza tanto os humanos? Você é tão diferente dela... – eu analisava aquele rosto de porcelana.
-Ela viu a maior parte da vida o pior lado do ser - humano e acha que ser uma vampira é uma benção, sendo um ser superior, diferente... Ela ama não ser humana... Ama não ser ignorante, fútil, falso, invejoso, orgulhoso... – eu levantei uma sobrancelha.
-E... O que ela é? Posso estar exagerando, mas duas das coisas que você disse eu percebi nela. – eu perguntei sarcástica, eles riram.
-Não é bem por esse lado... Ela já era assim antes de ser uma vampira, meio orgulhosa, ríspida... Mas é sincera e amiga. Deu pra entender onde quis chegar? – eu ri.
-Deu... Ela sempre viu o ser humano como algo ruim. – ela concordou – Uau, que história...
-Eu não achei alguma graça no meu passado, mas... valeu a pena relembrá-lo. Você diz que sou muito diferente dela, porque provavelmente eu não tenha visto nem metade do que ela já viu. – ela ergueu os ombros.
Não sei bem se compreendi por que a Meredith era daquele jeito, eu sei que existe muita gente má, que não deveria ser chamada de ser - humano, mas há tantas pessoas boas e puras que não posso concordar com esse ponto de vista. Mas a Anne disse que ela já tinha aquele jeito, então acho que a única coisa que mudou foi que seu desprezo pelos humanos aumentou.
A lembrança que tinha visto provavelmente era quando elas estavam fugindo do tio delas. Elas podem ter passado por tempos difíceis, mas espero que tudo tenha sido compensado.



“Os fins não justificam os meios.”

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