Prontos para conhecer o passado de Meredith?
Ouvimos passos no corredor, eram duas pessoas, pelo cheiro conhecido e adocicado eram a Anne e o Joseph, que estavam se aproximando rindo, quando chegaram na porta pararam.
A porta se abriu
bruscamente, a Anne olhou para Meredith e seu rosto se iluminou com um grande
sorriso, ela correu para abraçá-la.
-Mery!! – ela disse feliz
enquanto abraçava a irmã.
-Que saudade! – Meredith
disse contra o cabelo da Anne.
Elas se afastaram, se
olharam sorrindo e deram mais um abraço rápido. E a Anne me viu pelo ombro da
Meredith e sorriu.
-Tudo bem, Renesmee? –
ela veio na minha direção e me deu um beijo no rosto tocando minha mão, sua
pele me pareceu mais fria que o normal, eu fiquei gelada e estava em um belo
campo com uma densa floresta uns 40 metros á frente, o céu estava nublado e
muitos aviões passavam, estava com roupas antigas e de criança, vi uma garota
mais velha que eu, que a Anne, nós estávamos de mãos dadas e correndo na
direção da floresta, ela se virou, seu rosto me era familiar, tinha lindos
olhos de gata verde-água e uma expressão séria, era a Meredith, logo em seguida
tropecei e cai de joelhos...
Pisquei e vi a Anne ainda
sorrindo esperando minha resposta, eu balancei a cabeça suavemente.
-Sim... – eu respondi, a
Meredith me olhava desconfiada.
-Vejo que conheceu minha
irmã. – ela disse feliz, eu concordei com um sorriso forçado – Espero que ela
tenha te tratado bem. – ela riu - Não ligue para a primeira impressão que ela
causa, na maioria das vezes melhora. – ela olhou pra irmã.
-Boa noite. – Joseph
disse com sua voz cortês, fechando a porta atrás dele, ele se aproximou da
Meredith e deu um beijo em cada bochecha –Que pena, que não pôde vir á festa,
foi ótima! – ela fez bico – Ah, mas daqui á alguns meses terá outra, não se
preocupe... – ele sorriu, me fazendo sentir meio culpada e preocupada.
-Com certeza da próxima
vez virei! – ela sorriu á ele.
Eu olhei pro relógio e me
lembrei que fiquei de ligar pra Bia, hoje realmente não era um bom dia, ainda
bem que vim sozinha...
-Vou ligar pra Bia, se
não tivesse ninguém aqui, ela viria pra cá. – eu cochichei pro Mike, ele
assentiu.
Peguei meu celular e me
virei, não pude deixar de notar os olhares em minhas costas enquanto ia para a varanda.
Disquei o número do
celular dela, mas só chamou, tentei mais duas vezes e desisti.
-Conseguiu? – o Mike
perguntou se aproximando.
-Não... O mais estranho é
que ela sabia que eu ia ligar. – eu guardei o celular, ele olhou para seus
amigos.
-Pelo jeito você já
conheceu todo mundo que é importante pra mim... Agora, só falta eu conhecer os
seus. – ele disse meio envergonhado, eu abri um grande sorriso.
-Sério? Você vai comigo
pra Quilcene? – ele concordou
-Se você quiser... Não
tenho como recusar. – eu bati de leve no braço dele.
-É claro que quero! – e o
abracei, mas me afastei rapidamente, preocupada com algum olhar que estivesse
nos fuzilando, por sorte ela não viu, apenas a Anne.
A Meredith se virou e
encontrou meu olhar, eu desviei e olhei para a bela vista, me sentei na sacada
sem me preocupar se alguém pudesse me empurrar, mas ela saberia que não me
machucaria se caísse, mesmo que a distância dos meus pés e do chão seja maior
que 15 metros .
O Mike se sentou ao meu
lado na sacada.
-Você acha melhor eu ir
embora? – era provável que eles pudessem escutar, então sussurrei.
-Eu não quero, mas se
você não estiver se sentindo à vontade... – ele me analisou.
-Ah, não que seja muito
desconfortável saber que alguém não gosta da minha presença, mas – eu ri aos
sussurros – eu tive uma visão e estava curiosa.
-Visão? Você viu á
lembrança de alguém?
-Sim, da Anne, você sabe
a história dela, quero dizer, delas?
-Não muito, sei que
nasceram na França, que a Meredith já foi enfermeira e Anne começou a cursar Direito...
Hum... Só isso. Depois da transformação, queremos esquecer a maior parte de
nossa vida humana para viver uma nova. Mas se você perguntar tenho certeza que
vão te dizer. – eu levantei as sobrancelhas, surpresa.
-Ah, claro, a Meredith
gosta tanto de mim... – eu disse irônica, ele conteve um riso.
-Mas a Anne sim... – ele
argumentou, eu torci a boca duvidando.
-Tá, uma hora eu
pergunto... – provavelmente uma hora que a Meredith não estivesse presente.
-Vamos. – ele girou seu
corpo e saltou sutilmente para dentro da varanda, eu desci logo em seguida.
Quando entramos, eles
ficaram em silêncio, como se estivessem falando de mim, de nós.
-Bem... E o que pretendem
fazer está noite? – o Mike perguntou e passou o braço nos ombros do Joseph.
-Caçar. – a voz fria da
Meredith, explicitamente á mim. – Já faz tempo que não me alimento... – Mike deu
um olhar repreensivo á ela. –O que foi? Você que perguntou. – ela disse tentando parecer inocente.
-Então vocês vão, eu e a
Nessie vamos para outro lugar. – ele disse á ela.
-Eu vou junto. – a Anne
se pôs ao meu lado, ouvi um grunhido baixo vindo da garganta da Meredith.
-Bem, eu vou com a
Mery... O dia que recusar caçar, não serei eu. – Joseph riu.
-Ok, até breve Renesmee.
– sua voz era fria e decepcionante.
Joseph deu um sorriso
gentil e saiu com ela.
-Para onde vamos? – a
Anne perguntou curiosa.
O Mike me encarou. “É uma ótima oportunidade! Fala com ela agora.”
Eu mordi o lábio.
-Anne,
posso te perguntar uma coisa? – ela me olhou curiosa.
-Claro... – e se sentou
no sofá, eu sentei ao lado dela.
-Hum... Eu queria saber
mais sobre sua historia. – eu estava sem jeito.
-Bem, eu não penso nisso
faz séculos... Talvez não seja bom lembrar do passado, mas...Talvez eu possa
achar graça depois de tanto tempo. – ela sorriu. – O que você quer saber
exatamente? – o Mike se sentou a nossa frente, esperando curioso.
-Hã... – não sabia se
podia falar sobre a minha habilidade, que tinha visto uma lembrança dela – Sei
lá, você e a sua irmã moraram juntas? – não sabia como chegar ao assunto do
campo.
-Sim, era apenas eu, ela
e nosso pai, minha mãe morreu de tuberculose, quando éramos pequenas. – era
estranho ver que ela não se comovia com a morte da mãe. – E vivemos em uma
grande e bela casa, meu pai tinha uma boa posição social, tínhamos tudo que
queríamos mesmo que todo o poder e maior parte do dinheiro estavam concentrados
na mão do rei Luis XV – ela revirou rapidamente os olhos - Ficamos juntos até
eu fazer 10 anos... – ela hesitou, eu esperei.
-O que houve?- o Mike
perguntou mais curioso que eu.
-Ele foi convocado para
guerra, eu e a Meredith fomos morar com um tio nosso, que ficou com o dinheiro
que meu pai deixou, gastou tudo com bebida e coisas fúteis, ele era meio...
Muito idiota. A Meredith sofreu na mão dele. – ela suspirou. - Até fugirmos, eu
tinha 12 anos, ela com dezenove... Nós sobrevivemos do pouco que ela ganhava,
morávamos de aluguel em um sobrado muito simples, nossa vida era humilde, mas
feliz. Para quem nasceu em berço de ouro a Mery conseguiu se virar muito bem...
Até eu ir para um orfanato. - ela pausou – Meu pai voltou da guerra e ficou
procurando por nós, ele me achou quando tinha 15 anos e voltamos a morar na
minha antiga casa, logo em seguida a Mery veio ao nosso encontro. Ela cursou
enfermagem fora do país, na Itália em... 1754, durante dois anos ela mandava cartas,
mas depois sumiu, não deu mais noticias, nosso pai ficou muito doente e eu fui
para Itália á procura dela. E ela me encontrou em 1760, a data da minha
transformação. – ela sorriu
-Quantos anos você tem? –
eu perguntei curiosa – E a Meredith?
-Hum... Eu nasci em 1736
então 24. – ela riu – E a Mery em 1729, transformada em 1756 com 27 anos...
-Quem á transformou?
Alguns dos Volturi?– perguntei
-Não, ela falou pouco do
Pierro, mas... Disse que ele era um nômade que estava de passagem pela Itália,
ele fingiu estar machucado e a sequestrou. Nos primeiros anos, eles eram um
casal. – ela olhou rapidamente ao Mike, que estava sem expressões – Mas ele á
traiu ou coisa assim. – ela franziu o cenho pensando. – Ela prometeu não se
apaixonar por mais ninguém, apenas aproveitar a vida que sempre quis, até... –
ela riu olhando para Mike. – encontrar esse cara aí. – ela apontou com a cabeça
pra ele.
-Entendi... Mas por que
ela despreza tanto os humanos? Você é tão diferente dela... – eu analisava
aquele rosto de porcelana.
-Ela viu a maior parte da
vida o pior lado do ser - humano e acha que ser uma vampira é uma benção, sendo
um ser superior, diferente... Ela ama não ser humana... Ama não ser ignorante,
fútil, falso, invejoso, orgulhoso... – eu levantei uma sobrancelha.
-E... O que ela é? Posso
estar exagerando, mas duas das coisas que você disse eu percebi nela. – eu
perguntei sarcástica, eles riram.
-Não é bem por esse
lado... Ela já era assim antes de ser uma vampira, meio orgulhosa, ríspida...
Mas é sincera e amiga. Deu pra entender onde quis chegar? – eu ri.
-Deu... Ela sempre viu o
ser humano como algo ruim. – ela concordou – Uau, que história...
-Eu não achei alguma
graça no meu passado, mas... valeu a pena relembrá-lo. Você diz que sou muito
diferente dela, porque provavelmente eu não tenha visto nem metade do que ela
já viu. – ela ergueu os ombros.
Não sei bem se compreendi
por que a Meredith era daquele jeito, eu sei que existe muita gente má, que não
deveria ser chamada de ser - humano, mas há tantas pessoas boas e puras que não
posso concordar com esse ponto de vista. Mas a Anne disse que ela já tinha
aquele jeito, então acho que a única coisa que mudou foi que seu desprezo pelos
humanos aumentou.
A lembrança que tinha
visto provavelmente era quando elas estavam fugindo do tio delas. Elas podem
ter passado por tempos difíceis, mas espero que tudo tenha sido compensado.
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