Hey, hey... tudo bom?
Hoje postei um monte de cap. e espero que vcs gostem.
O proximo cap. eh bem importante para a história a 1º ponta de todo o enredo... Uma troca de segredos...
4 de outubro de 2010
16. PERIGOSA
*Este é um cap. que eu particularmente adoroo, espero que vocês também gostem!*
Quando amanheceu me senti um pouco estranha, com um peso no estomago, talvez fosse alguma coisa que eu tenha comido...
Alice estava me esperando, hoje iríamos passar um tempo juntas e a noite ela me arrumaria para a festa.
Eu fiz um rabo de cavalo, coloquei uma regata, um casaco, uma calça jeans e desci.
-Bom dia! – Alice me cumprimentou
-Bom dia! – eu a cumprimentei com o mesmo entusiasmo.
Nós fomos ao apartamento, estava no mesmo jeitinho que eu tinha deixado...
-E ai como estão às coisas lá? – eu perguntei para Alice, me sentando na cadeira alta
- Estamos um pouco tristes sem você.
- Hum... Jake está bem? Ele diz que sim pelo telefone, mas você sabe como ele é.
-Está... Bem, levando... Leah não sai do lado dele... mas não se preocupe daqui a alguns meses vocês vão se ver. – franzi o cenho
- Quando eu for nas férias de verão? – eu não tinha certeza
-É. – ela me olhou como se fosse óbvio.
Ficamos conversando sobre tudo, ela me perguntou sobre como era cada um de meus colegas de sala, da republica...
Quando me dei conta já estava escuro.
-Alice não vamos nos atrasar? – eu olhei pra o relógio falava 2 horas para á festa.
-Hum... Não. Mas vamos voltar e começar o processo. – Alice me segurou pela cintura, eu revirei os olhos e voltamos para “minha” casa.
Quando chegamos, Bianca já tinha tomado banho e estava se trocando, eu me apressei e entrei no banheiro. Alice me ajudou a por as asas, a coroa, as sandálias.
-Agora sente. – ela me sentou na cama. – Vou te deixar um verdadeiro anjo. – eu fechei os olhos
Senti as camadas de pó na minha pele, ela colou alguma coisa no lado de meu rosto, depois de exatos 15 minutos. Ela me deu um espelho.
- Eu não fiz muita coisa, você tem uma pele perfeita. – ela falava mais pra si mesma - Mas ta aí o resultado.
Eu me olhei no espelho, meus grandes olhos chocolates destacados pelas camadas de sombra branca com prata, um batom prata, uma densa camada de cílios, delineador prata, blush rosa e três pedrinhas brilhantes coladas um pouco á baixo do olho direto.
-Então? – Alice ainda esperava minha resposta
-Obrigada. – eu a abracei.
Ela sorriu orgulhosa pela segunda vez.
-Agora você. – e ela sentou Bianca na cama.
Como Bianca estava de olhos fechados ela usava sua velocidade anormal, para fazer um trabalho ainda mais impecável: sombra escura, vermelha e dourada. A maquiagem da Bia estava perfeita também, feita por uma profissional.
-Ai... – Alice suspirou. – Estão perfeitas. - ela nos analisava enquanto pegávamos as bolsas.
- Você vai ficar aqui? – eu perguntei á ela.
-Vou ficar no apartamento, não se preocupe comigo, vá se divertir. – ela piscou.
Alice pegou meu braço e fez uma careta.
-Você não acha melhor tirar isso? – ela se referia a minha pulseira trançada que Jacob me deu em meu primeiro natal, o “anel” de compromisso Quileute. Eu a censurei.
- Isso é tão importante quando minha pulseira e meu colar. Eu não vou tirá-lo! – Alice deu de ombros.
- Só acho que não combina... Tudo bem – ela me deu um beijo na testa e saiu.
Eu e a Bia fomos com meu carro – ou de Alice – para a festa.
Era um enorme salão, com varias luzes coloridas no chão. Bianca estava com meu convite, ela os entregou ao segurança...
Estava tocando uma musica da Rihanna muito alta, o lugar estava escuro, algumas luzes rodando, lasers verdes, era uma verdadeira balada.
Varias pessoas dançando, pude identificar alguns colegas da escola.
-Eu vo procurar o Léo! – Bianca gritou perto do meu ouvido, mal sabe ela que eu posso ouvi-la perfeitamente de longe.
-Ok. – eu também gritei ao seu lado.
Eu andei pelas pessoas pedindo licença, a cada corpo que eu esbarrava seu cheiro me possuía, eu estava certada por comida... Balancei á cabeça, tentando afastar aquele pensamento idiota.
Fechei os olhos e mexendo o corpo, sentindo e acompanhando a musica. Um garoto me agarrou por trás, eu o empurrei e me afastei, voltei a dançar tranquilamente. Eu estava de olhos fechados, mas podia sentir os olhares em mim – como sempre.
“Quem é ela?”
“Nossa! Olha como ela dança!”
“Eu queria ser ela!”
Eu tentei não prestar atenção nos pensamento, muito menos no sangue ou nos corações pulsando ao meu redor. Eu franzi o cenho e abri os olhos.
Onde está a Bia? Eu tentei segui-la pelo cheiro, mas era muita gente junta e aquilo estava me fazendo mal, quero dizer, iria fazer mal a alguém.
Eu definitivamente vou caçar amanhã...
Eu a - avistei com o Léo. E corri na direção dele, usei um pouco da velocidade anormal, mas ninguém percebeu.
-Oi! – eu gritei ao lado do Léo.
-Oi! –e ele me deu um beijo no rosto. – Quanta gente, né!
-É...- Bianca pegou meu pulso chamando minha atenção.
- Reh, eu vo procurar refri. e falar com um amigo meu! – ela piscou.
Eu revirei os olhos, qualquer oportunidade ela nos deixava sozinhos.
Ele me puxou para o centro da pista, eu dancei com a mesma empolgação de antes, mexia meu quadril e braços todos coordenados á musica.
O Léo também dançava muito bem, nossos corpos estavam muito próximos, mas do que eu queria, mas a música era envolvente e eu não liguei.
Ele colocou um braço pela minha cintura e acompanhou seu quadril com o meu... eu me incomodei mais deixei passar. Depois de um tempo, ele ficou cansado, eu não estava nem um pouco, mais fingi estar.
-Sabe onde está a Bia? – eu perguntei á ele, meu rosto quase colado ao dele
-Não. – ele respondeu a mesma distância. – Vamos pra um lugar menos barulhento. – ele pegou minha mão.
E fomos para outro ambiente, tinha um balcão, um sofá e o som era tranqüilo, baixinho.
-Bem melhor. – ele falou.
-Será que a Bia vai nos achar aqui? – eu observava a decoração
-Não sei... Você quer que ela nos encontre? – eu não olhei para ele.
- Talvez... – sussurrei.
Já era meia-noite e continuava a mesma alegria e dançaria no salão.
Foi cantado o parabéns...
Eu fiquei com Léo, naquele mesmo ambiente calmo e nada da Bianca.
-Você quer dançar? – perguntei ouvindo uma musica latina sendo tocada na pista.
-Antes... – ele pegou minha mão.
-O que?
- Renesmee, você... – ele balançou a cabeça. - esquece.
“Ela é muito pra mim...” – ele olhou em meus olhos, analisou meu rosto – “Ta na cara que ela não ta afim. A única coisa que queria era senti sua boca, meu rosto grudado no dela. Ela é tão... perfeita, gentil, carinhosa, amiga... Eu não sou nada ao lado dela. –“
Por impulso, fiz meus lábios estarem nos dele, eu os movimentei delicadamente e me afastei, Jake que me perdoasse mas eu não podia fazer aquilo, além do mais eu estaria enganando o Léo. Mas como uma onda, seu cheiro me consumiu...
Ele olhou rapidamente nos meus olhos e me puxou para mais perto, me beijando, me fazendo sentir o gosto de sua boca, seus lábios se movendo apresados nos meus, mas continuando carinhosos.
Minha mente começou a ficar nublada, me afastei, ele estava á centímetros de mim, minha boca começou a salivar, minha garganta secou e ardeu, meu estomago estava pesado, meus músculos ficaram rígidos, meus olhos não queriam sair do pescoço dele vendo sua veia salvar, eu abri a boca sentindo seu cheiro em minha língua e cada vez que eu inspirava, eu tinha mais vontade de atacá-lo, sentir seu sangue aquecer minha boca.
Fechei minha mão em punhos e as apertei fazendo minhas unhas perfurarem a pele. Eu olhei pra baixo e sai correndo.
-O que foi? –ele gritou a trás de mim.
Aatravessei a pista, com o nariz tampado e entrei no banheiro, graças a deus não tinha ninguém. Eu me apoiei na pia e me olhei no espelho.
Quem era ela?
Eu estava pálida, embaixo de meus olhos estava fraco, mas visível um mancha arroxeada em baixo das pálpebras. De quem eram aqueles olhos? Mais escuros que o normal, com sede de sangue...
Eu me sentei e bati minhas costas contra parede, quebrando minhas asas, lagrimas escorriam pelo meu rosto, tirando e manchando toda a perfeita maquiagem branca.
Eu passei a mão nos olhos e sujei de sangue meu rosto. Olhei para minhas mãos perfuradas, fiquei olhando pra elas... Aquele sangue poderia ser do meu amigo... Mais lagrimas passavam pelo meu rosto e molhavam minhas mãos se misturando ao sangue.
Eu nunca deixei de ser, eu sempre fui perigosa.
Como fui idiota achando que minha parte humana seria maior e mais forte que a vampira, nunca foi! A parte animal sempre esteve comigo, ela só precisava de uma brecha, para me machucar, machucar alguém...
Não que eu não goste da minha parte vampira, mas às vezes eu a detestava, me odiava.
E se eu tivesse, se eu tivesse o – matado... Eu fechei os olhos com raiva.
Eu preciso sair daqui, antes que alguém chegue.
Eu não posso mais ficar aqui... Eu tenho que ir embora.
Me levantei, lavei o rosto, respirei fundo e sai do banheiro, o mesmo ambiente quente, úmido, escuro e cheio de tentações estava lá, eu parei de respirar e corri.
A noite estava fresca, me acalmando. Olhei pra cima e vi aquela linda lua cheia, lembrei de Jake, apertei os olhos para não chorar mais.
Corri com minha velocidade normal – de vampiro - para o apartamento de Alice.
Eu abri a porta e corri para seus braços, ela acariciava meu cabelo.
- Porque você não me disse?! Porque você não me avisou? – eu gritava
- Eu sabia que você não faria nada, isso eu sabia... – Alice estava tão preocupada quanto eu.
-Por isso você veio pra cá, não é?! Pra me impedir se eu fizesse alguma besteira e... – eu não conseguia mais gritar com ela, ela não tinha culpa.
-Não... Eu realmente não sabia que poderia acontecer alguma coisa. - sua voz suplicante.
Eu olhei pra ela.
-Vamos embora. Eu vou embora com você! – eu estava com medo, desesperada.
Bianca entrou no apartamento... Seus olhos assustados, preocupado.
-Não, fique longe, Bianca! Eu sou perigosa... Eu vou embora!
O que ela faz aqui? Apenas mais uma que eu posso machucar essa noite.
-Bianca agora não é uma boa hora... – a voz de Alice doce. – Amanhã ela estará em casa.
Eu olhei para Alice, surpresa, eu acabei de dizer que iríamos embora. Bianca olhou mais uma vez pra mim -com medo- preocupada e saiu.
Meu peito doía, eu estava sem fôlego, minha cabeça latejava...
-Há quanto tempo você não se alimenta? – Alice perguntou quando estávamos sozinhas.
- Desde nossa ultima vez, na fazenda. Eu achei que poderia se manter um tempo com comida humana... Eu achava que poderia ser mais humana. – mas eu não era.
Alice me abraçou.
-Como você foi boba. – ela usava um tom de brincadeira, tentando amenizar o clima. – Você não deve deixar de tomar sangue, você é tão vampira quanto humana, é a perfeita combinação dos dois, deve se alimentar de ambos igualmente.
Eu respirei fundo, inspirando o cheiro de minha tia, ficando mais centrada.
- Eu fui negligente... – sussurrei.
-Amanhã antes de o sol nascer, vamos caçar. - eu concordei com a cabeça.
Ainda me sinto culpada...
Não há nada pior do que não confiar em si mesmo.
“Assim que você confiar em si mesmo, você saberá como viver. Estou esperando por isso...”
15. FANTASIA
As semanas passaram tranquilas, eu ajudava no que podia nos afazeres da republica, na escola Camila virou uma boa... colega.
A Bia e o Léo são meus melhores amigos, alegram meus dias; eu sempre ligo pra minha família contando todas as novidades; Jake ficou com ciúmes quando falei do Léo, mas não era tão grave; meu pai estava cada vez mais se acostumando com a idéia de eu ficar em São Paulo...
Minha relação com o Léo era... um pouco estranha, de vez em quando rolava um clima entre nós e eu sempre tinha que fazer alguma coisa pra quebrá-lo. É realmente difícil não gostar desse garoto, ele era carinhoso, engraçado, um pouco responsável, bonito...
Eu suspirei.
Estava no computador mandando e-mail e fotos a minha família, quando Bianca entrou no quarto.
- Reh, você não sabe!! – ela estava empolgada
- Diga.
- Sábado a Michelle vai dá uma festa de aniversario, à fantasia!- ela quase pulava de felicidade
- Legal!
-Você vai de quê? Eu ainda tô em duvida entre cigana e espanhola...
- Não faço idéia, acho que vou ligar pra minha tia, ela é expert em roupa. - eu peguei meu celular
Hoje é quinta então tinha mais ou menos dois dias para arrumar uma roupa. Eu amo festas e seria a primeira que eu iria com a Bia e o Léo.
- Que ótimo, ela pode me dar uma dicas também.
- Vocês duas se dariam muito bem... Vocês meio que vivem em outro mundo. – eu ri, ela me encarou.- Leve isso com um elogio.
-Amanhã eu vo em uma loja pra aluga a fantasia, você vai junto?
-Claro. – terminei de discar os números de Alice.
Bianca saiu do quarto e começou á conversar com a Sophia e o Léo que estavam na sala, podia ouvi-los perfeitamente.
- Oi, Nessie! – Alice gritava ao telefone – Eu sabia que você ia ligar.
- Claro... Mas sabe o motivo? – eu a testei
-Não. Fala, o que houve?
-Bem... Vai ter uma festa Sábado e será a fantasia, você poderia me ajudar?
-Nossa, que legal... – ela estava empolgada. – Há quanto tempo eu não vou a um baile de máscaras. – ela suspirou
-Alice?
- Hã... Bem eu posso ir aí te ajudar?
-Vir pra cá? – ela estava querendo voltar pra São Paulo?
- É... Só pra te arrumar, domingo eu venho embora. – eu não á via, mas podia imaginá-la com aquele sorriso empolgante de sempre.
- Acho que não precisa... – mas ver Alice, abraçá-la, sentir seu cheiro. – Mas se não tiver problema pra você. Ah, você vai adorar minha amiga.
-Aí. Que legal. Vou comprar a passagem agora mesmo, se tiver horário hoje á noite estarei aí. Que emoção... – ela falava alto e rápido
- Tudo bem, Tia, te espero... Manda um beijo pra todo mundo.
-Claro... Até logo. - e ela desligou.
Eu ri, Alice nunca muda, qualquer assunto que tem haver com roupa ela ficava excitada.
Fui pra sala, a Bia já tinha resolvido que iria de cigana, mas eu ainda não sabia... Ela tentava me ajudar:
-Demônio?
-Não. – já bastasse eu mesma.
-Anjo Negro?
-Não.
-Princesa?
-Não.
-Policial?
-Não.
- Dançarina de Hula?
-Não!
-Anjo? – perguntou Léo.
-Nã- eu parei – Anjo?
-É. Boa idéia, Léo... Você ia fica linda de anjinha. – apoiou Bianca
- É, eu acho que é uma boa idéia... – eu sorri para aquele garoto de olhos verdes.
Eu estou bem longe de ser um anjo, mas por uma noite poderia ser...
Depois mostrei uma foto de Alice do celular, todos a acharam perfeita – claro.
Fiquei imaginando se alguém também viria junto com ela, queria tanto ver meus pais e se o Jacob estivesse vindo pra cá?
Meu coração quase saltou no peito, eu respirei lentamente para me acalmar, ele não viria, não podia, ele quer me deixar... sozinha, pelo menos por mais um tempo.
Alice tinha conseguido uma passagem e chegaria à noite.
Eu e a Bia vimos varias roupas de ciganas e de anjos no computador, mas eu precisava da opinião de Alice.
Eu estava na varanda vendo anoitecer, quando senti aquele cheiro familiar e adocicado atrás da porta. Eu corri, sem me importa com minha velocidade.
-ALICE! – eu gritei ao abraçá-la
-Oi, Renesmee. – seus braços me apertando.
-Ai... Tia que - eu á apertei – saudade!
Ela se afastou e me deu um beijo carinhoso no rosto. Bianca vinha do quarto...
-Bia, Bia essa é a minha tia Alice! – eu á apresentei eufórica.
Bianca deu um aceno tímido, Alice a cumprimentou com um beijo. Minha Tia sempre foi assim, espontânea.
- Bem... E então quais são minhas obrigações aqui? Primeiro, qual sua fantasia? – nós se sentamos no sofá.
- Anjo. – eu falei contente
-Nossa... Perfeito. Tenho até umas idéias já... – Alice pensava – Mas e você Bianca?
-Cigana... – Bianca aos poucos estava se acostumando com a beleza anormal de Alice.
- Que legal... Eu vou deixar-las como as rainhas do baile!- Alice falou orgulhosa
-Tia, é só uma festa de aniversario. – eu a lembrei
- Tanto faz... Ah, eu vou ficar no nosso apartamento. – ela me informava.
-Que ótimo.
Eu dormi tranqüila abraçada à blusa que Jacob tinha me dado quando parti.
Mesmo já tendo se passado um mês deste que ele me dera, ainda tinha seu delicioso e amadeirado cheiro.
Quando acordei, todos já estavam de pé... Já tinha se passado o almoço, Bia estava me apresando para irmos logo à loja de fantasia, Alice estava na republica também me esperando. Eu tomei um banho rápido e me troquei.
- Pronto! – eu as puxava para a porta.
- Ah, o Léo vai com a gente, algum problema? – perguntou Bianca no elevador.
-Não... – eu respondi surpresa por ela achar que haveria algum problema.
-Quem é Léo? – perguntou Alice curiosa
- É um amigo nosso... Quero dizer, to tentando fazer ele se alguma coisa á mais dessa aí. – ela apontou pra mim. – mas ela fica pensando no outro.
Alice me olhou maliciosa, eu não quis encontrar seu olhar e virei o rosto constrangida.
Léo estava nos esperando na recepção, com uma blusa preta e calça jeans.
Alice olhou para ele e depois pra mim.
“Nossa, ele é bonito, Nessie. Bem melhor que o Jacob!” – ela queria me irritar?
Eu a censurei com os olhos.
Cumprimentamos o Léo e apresentei minha tia.
Fomos andando para a loja de fantasia, era perto daqui. Quando chegamos lá, Bianca e Alice não se desgrudavam, sempre comentando sobre as fantasias, eu e o Léo, afastado delas.
-Você vai de que? – eu perguntei pra ele enquanto observava uma máscara
-Hum... – ele pegou uma máscara preta que cobria somente os olhos. – Zorro? – seu tom brincalhão de sempre.
- É... Zorro ia ser legal. – eu apoiei
Seus olhos pararam em mim por um instante e seus pensamentos me atingiram.
“Como eu queria que você me notasse, queria tanto ser mais que seu amigo... -“ – eu não gostava de ler seu pensamento, me sentia uma intrusa.
- Eí, vocês dois, venham aqui! – chamou Alice.
Nós se aproximamos do balcão, no qual tinha uma asa de anjo feita de penas artificiais, uma coroa fina de prata, um vestido vermelho e preto com varias medalhinhas na borda da saia, era a fantasia de cigana e uma bandana com medalhinhas nas pontas.
-Que lindo. – eu sentia a textura das penas. – Mas e a roupa? – eu não a - via no balcão.
Alice tirou de trás dela um delicado vestido, com finas alças e longas mangas de um tecido transparente branco.
- Não é lindo? – analisava Bianca
-É. – eu respondi o - pegando
-Vá experimentar! Vocês duas. – Alice nos empurrava para o trocador.
Eu coloquei aquele delicado vestido que parava um pouco acima do joelho, as asas, a coroa prata contornando a parte de cima de minha cabeça como uma coroa-de-louros. E sai.
Alice me analisou...
-Hum... Falta o sapato. – ela olhava para meus pés descalços.
Depois saiu Bianca, com a bandana vermelha, seu vestido que na parte do busto era um tecido franzido branco. E varias pulseira douradas.
-Como estou? – ela virou em torno de si.
-Hum... Você também precisa de sapato. - Alice analisou
-Ah, não se preocupe Alice, eu tenho uma bota que vai combina perfeitamente. – Bianca falou
-Eu tenho uma idéia. – Alice balançava o dedo – Já volto. – e ela saiu da loja
- Onde ela foi? – perguntou Léo tão surpreso quanto nós.
Eu dei de ombros e voltei pra o trocador para tirar a fantasia.
Depois de meia hora, Alice voltou com uma caixa de sapatos.
-Aqui! – ela me entregou – Abra.
Eu abri e vi uma delicada sandália prata, com fitinhas que seriam estreladas até perto do joelho.
-Experimente – ordenou Bianca
Eu me sentei em um baquinho e coloquei a sandália... Perfeita.
Alice sorriu orgulhosa.
Compramos tudo, o Léo levou apenas uma capa preta, um chapéu e a máscara do zorro, ele disse que tinha uma roupa toda preta em sua casa.
Nós ficamos passeando pela rua, Alice ficou até á noite em casa, mas depois foi embora.
Eu estava lendo um livro da Bia (Cidades de Ossos) , quando ela pegou seu violão, eu nunca tinha visto ela tocar, sempre vi o violão em baixo da cama, mas nunca perguntei nada.
-Você sabe tocar? – ela me perguntou
- Eu tentei uma vez, mas era pequena...
Ela se levantou e me entregou o violão.
- Tente. – ela me observava
Eu passei os dedos pelo violão uma vez, testei algumas notas com a mão esquerda, abafando algumas cordas, fui devagar, até pegar um ritmo rápido e envolvente. Quando olhei pra Bia, ela esta espantada.
-Como fez isso?
-Eu apenas peguei o ritmo.
- Nossa... Você sabe alguma musica?
-Hum... Eu sempre canto uma com minha tia...
- Alice? – perguntou Bia
-Não, Rosálie. - falei sem pensar
-Quantos tios você tem?
-Quatro. – falei orgulhosa
-Nossa, nunca imaginei que você tivesse uma família grande.
- É, eu tenho... - suspirei
- Mas então como é a musica?
- Bem posso tentar no violão, eu sempre canto no piano, mas... – ela me interrompeu
- Piano? Você tem um piano? – ela estava surpresa
- Tenho.
Eu passei os dedos novamente pelo violão, ouvindo cada timbre que emitia, fechei os olhos apenas sendo seguida pelo som e comecei a cantar a musica que eu conhecia desde pequena.
-Nossa... – falou Bia entre os dentes.
Eu abri os olhos.
- Sua vez! - e coloquei o violão em seu colo.
-Eu to até com vergonha, agora. Nada se compara com a sua voz... – ela se afastada do violão, eu o mantive no lugar
-Não, por favor, quero ouvi-la cantar.
Ela respirou fundo, começou a tocar o violão agilmente e a cantar uma musica, sua voz era doce e suave.
Eu bati palmas quando acabou.
- E você estava com vergonha. – eu brinquei
Ela me empurrou de leve...
Faz pouco tempo que eu a - conheço, mas alguma coisa nela era especial, alguma coisa na simplicidade dela e no modo como ela via a vida que me fez pensar em muitas coisas, me fez mais humana, ela com certeza faz minha vida aqui em São Paulo o mais parecido de casa.
14. COLEGAS
Novamente eu não dormi, fui pra sala, pra varanda, mas estava inquieta e fui andar pela rua, a noite estava fria e o vento cortante.
Quando vi os primeiros raios de sol, voltei correndo para casa, fui até a parte de trás do prédio e saltei, pousei com leveza na varanda do 3º andar. Ninguém estava acordado, respirei aliviada.
Voltei para meu quarto e Bianca estava se levantando, ela esfregou os olhos...
-Já ta de pé? – ela perguntou sonolenta.
-Sim, não consegui dormir muito bem... Bom dia! – eu peguei meu uniforme e fui tomar banho.
Quando voltei, Bianca já estava na porta com uma toalha no braço e o uniforme no outro.
- Nossa! O uniforme fica muito melhor em você do que em mim. – ela me analisava.
-Eu modifiquei algumas coisinhas... – eu sai da frente dela, para ela poder tomar banho.
Eu apenas tinha apertado a blusa para ficar mais justa, cortado um pouco as mangas e o short. Eu estava com uma calça bailarina azul e uma baby-look ajustada.
Penteei meus cabelos fazendo meus cachos caírem suavemente pelos ombros e busto, coloquei minha franja de lado, mudar um pouco faria bem.
Eu abri a janela deixando o sol iluminar mais o quarto. Me estiquei e respirei o ar puro – quase - Bianca entrou no quarto com uma toalha na cabeça e o uniforme escolar, ela abaixou a cabeça e esfregou a toalha no cabelo, seu cabelo estava escuro quase preto, por estar molhado.
Ela colocou brincos redondos feitos de palha colorida e um colar.
- Eu adoro seus cachinhos. – e enrolei um cachinho dela com meu dedo
- Há! O seu que é lindo, parece até que você fez babyliss nas pontas... – ela apontou para meus cachos – Tinha que ser americana. – ela falou para si mesma rindo.
Eu a - olhei confusa e também ri, ela era engraçada, às vezes falava coisas sem sentido.
-Vamos? – eu coloquei minha mochila nas costas.
-Você não vai toma café? – ela ia pra cozinha.
- Hã? Não... Mas eu te espero. – e me sentei no sofá.
Senti cheiro de cereais, leite, café, algumas frutas e o cheiro de vários perfumes misturados no ar, quase não dava pra sentir o cheiro humano de cada um. Depois de 10 minutos Bianca saiu da cozinha.
Nós fomos no meu carro, Bia ficou fascinada pelo carro de Alice.
Estacionei perto da escola.
Estávamos na frente do pátio... Procuramos nossos nomes na lista que estava colada na parede. Eu me achei: estava no 3ºD, não via o nome de Bianca na minha lista.
-Qual seu sobrenome? – eu perguntei para ela ao meu lado.
- Lima Cavalcanti. – ela acompanhava com o dedo os nomes da lista e fez bico – Não estou na sua sala. – e ela começou a seguir com o dedo outra lista – Aqui! – ela parou em seu nome. – 3º B. Que pena... Mas estou na sala do Léo de novo. – ela sorriu
-Quem? – eu perguntei olhando para o nome que ela estava com o dedo e falei enquanto lia - Leonardo Rodrigues Menezes...
- Sim, é meu amigo... Você não o conhece ainda. – ela olhava para o pátio – Ele ainda não chego, atrasado como sempre. No intervalo eu te apresento.
- Ok... – acenei e fui para minha sala
Tinha varias placas pelo campus, onde ficava cada sala. E finalmente encontrei á minha. Olhei para cima vendo “3ºD” na porta, respirei fundo e a - abri.
Não tinha quase ninguém, apenas três pessoas: duas garotas e um garoto, seus olhares surpresos e curiosos... Eu me sentei no fundo.
Estava silêncio, menos pra mim...
“Nossa! Garota nova... Que legal!” – a garota morena pensou
“Hum... essa aí já é do Caio, não do nem dois meses pra ele fica com ela!” – a outra pensava.
“Putz, que gata... Eu tenho que me aproxima dela antes dos outros!” – o garoto pensou
Finalmente parei de ouvir os pensamentos alheios e coloquei meus amados fones.
Depois de um tempo, a sala ficou cheia e sempre os mesmos olhares para mim. Quase todos se conheciam, apenas mais quatro pessoas novas.
O professor entrou na sala. Era calvo, um pouco grisalho, deveria ter uns 46 anos, era alto e magro, professor de Matemática.
-Bem vindos de volta, pessoal! – ele analisou a sala. – Estou vendo que tem alunos novos aqui... – seus olhos pararam em mim. – Poderiam se apresentar para a sala... Você senhorita, qual seu nome? – ele falava comigo.
- Renesmee... – não só a cara do professor, mas de todos meus futuros colegas ficaram surpresas.
- Você por acaso é estrangeira? – ele perguntou, meu sotaque era aparente?
- Sim. – eu falei com firmeza.
- Hum... Que diferente... Bem, o próximo, você. – ele apontou para uma garota – Qual seu nome?
-Camila. – ela respondeu timidamente.
Aquele tratamento deveria ser proibido, aquilo pode constranger qualquer um. Percebi que os olhares ainda estavam em mim, mas fingi não notar.
Talvez eu estivesse mais nervosa, se não fosse minha segunda vez no colegial, eu já tinha estudado em Quilcene junto com meus pais e meus tios.
Era engraçado ver as pessoas nos considerando irmãos. Eu estava na sala com Alice e Bella. Era tão legal...
A saudade estava chegando junto com as lembranças, era como se uma corrente de ar frio me rondasse.
Eu não prestei muito atenção no que o professor dizia, em nenhum dos que se apresentarão. Queria que Bianca estivesse aqui, ela certamente estaria me divertindo. É muito difícil e estranho me concentrar com 30 corações batendo desregulares e o cheiro de todos como um só circulando a sala, como uma nuvem carregando o desastre, me tentando á fazer coisas repulsivas.
O sinal tocou... Era o intervalo.
Bianca veio correndo na minha direção segurando pela mão um garoto...
-Esse é o Léo. – ela apontava para ele, contente.
-Oi. – eu me apresentei
-Oi. – sua voz era forte, marcante mais também doce.
Eu me aproximei para cumprimentá-lo, ele estava um pouco receoso. Quando nossas peles se tocaram, senti o cheiro de seu perfume, muito bom, mas seria muito melhor se ele estivesse com seu próprio cheiro, era tentador, mais gostoso de qualquer colega da republica ou de meus colegas de classe. Eu me afastei lentamente, salivando.
Ele tem o cabelo bem curtinho, castanho claro, sua pele era um pouco morena, destacando seu belo par de olhos verdes.
- Você é a nova colega de quarto da Bia? – ele usava um tom de brincadeira. – Deve ser difícil aturar ela. – ele caçou.
Ela bateu na cabeça dele.
-Liga não... Ele é meio bobo, às vezes. - ela respondeu.
-Eu vou te que ir, os meninos estão me esperando. Até logo, Renesmee. – e ele se distanciou.
Enquanto ele se distanciava em permanecia meus olhos nele, ele virou a cabeça e encontrou meu olhar, eu fiquei envergonhada.
“Mais que garota bonita... Já fazia tempo que não via uma beleza tão delicada.” – ele pensou.
- Eu não gosto de admitir mais ele é gato, né?! – ela esperava ansiosa pela minha resposta.
- É... – eu sussurrei – Como ele sabe meu nome?
- Eu falei. - ela disse como se fosse óbvio - e era - eu estava distraída. - Mas falando em nome... Eu não posso ficar te chamando sempre de Renesmee... Você tem algum diminutivo, apelido?
- Nessie... – eu falei contente. – Eu te disse um dia, mas acho que você já estava dormindo.
- Hum... – ela franziu o cenho e torceu a boca, pensativa – Ness... – ela tentava falar. – Nessie?
-É. – eu afirmei
-É estranho... Porque Ness – Nessie?
- Um amigo me deu... É que... – eu não podia dizer que era por causa do “Mostro do Lago Ness” – Longa história.
- Posso simplesmente te chamar de Reh? – ela perguntou animada.
-Reh? Por quê?
-Ah... Pensa. Eu me chamo Bianca, mas prefiro Bia, meu amigo chama Leonardo, mas só o chamo de Léo, tem a Lucia, que agente chama de Luh, é normal. Não sei como é lá nos EUA, mas aqui agente faz assim... – ela respondeu
-Ah. Entendi. Reh... – eu ri mentalmente, Jacob não iria gostar quando soubesse. - Claro, por que não.
Quando ela ia comemorar, o sinal tocou novamente. Bianca fez careta.
-Já vo. – ela acenou e correu para o prédio do lado oposto ao meu.
Eu voltei para minha sala...
Cinco pessoas se aproximaram de mim, três garotas e dois garotos. Estavam me fazendo perguntas e tentando puxar conversa. Pude saber que se chamavam Camila, Vanessa, Rodrigo, Caio e Julia.
Na conversa todos eram simpáticos, mas á seus pensamentos nem tanto...
“Mas que ótimo, pelo menos não vo passa vergonha sozinha, é só eu fica amiga dela, que –” pensava Camila
“Ela vai cai direitinho... Tirei a sorte grande. Ela é muito gostosa, olha isso –” pensou o Caio.
“Mas ela deve ser uma piriguete, esse jeito de santinha não me engana!” – pensou Vanessa
“Mas eu queria cê o Caio, ela não é pro meu bico!” – pensou Rodrigo
“Será que ela é inteligente? Ou deve ser burra? Hum... não dá pra saber. Mas ela com certeza vai se enturma pro lado do Caio e daquele metida da Vanessa“- pensou Julia
Conforme a conversa foi indo e os pensamentos também...
Eu não gostei nem um pouco do Caio, ele era muito metido e se achava o tal. E também a Vanessa, era muito parecida com o Caio, eles meio que estavam namorando, mas era de longe um namoro fiel. A Camila e a Julia querem mesmo é se aproveitar de mim e o Rodrigo até que era legal, mas andava com o Caio e a Vanessa.
Quando bateu o sinal para irmos embora, não via a hora de falar com a Bia e até mesmo com o Léo, eu me interessei muito por ele.
Ambos estavam me esperando na entrada da escola.
-Vamos passar primeiro na loja do pai do Léo e depois agente almoça. – Bianca se agarrou em meu braço. Às vezes ela me lembrava Alice...
- Como foi seu primeiro dia? – perguntou Léo ao meu lado.
-Legal. – eu menti
-Pra mim foi um saco! – ele disse sinceramente
-Aí. Por quê? – contestou Bianca
- Nós vamos ficar com o professor mais chato de física! – ele reclamava para Bianca
-Ah, eu gosto dele, ele é legal. Diferente da professora de Artes, a energia dela me faz mal. – eu há encarei um pouco abismada, mas deixei passar.
O Léo é um bom garoto, mora com os pais no Jardim Moreira, próximo da escola, tem mais duas irmã mais novas e trabalha de vez em quando com o pai na loja.
Ele falou com o pai e fomos comer em um restaurante, Mc Donald, era famoso mais eu nunca tive vontade de comer alguma coisa lá.
Eu provei do lanche da Bia, não era muito gostoso, mas comestível.
Nos despedimos do Léo e voltamos para casa...
Estávamos na varanda observando o sol se por.
- Espero que você e o Léo sejam amigos, ou... Até mais que isso. – ela me empurrou de leve com o ombro.
- Não seja boba! Eu o achei bonito, não vou mentir, mas não quero namorar ninguém. – ás palavras não quero parecia ter cortado minha língua, Jake não gostaria disso. Gostaria?
-E por falar em namoro, você não tem nenhuma foto do seu – ela falou baixinho – namorado?
- Hum... Tenho. - eu pensei em mostrar a foto que Alice tinha me dado de toda nossa família, mas ela ia achá-lo muito velho, já que ele estava comigo no colo. Então peguei meu celular. – Aqui! – e mostrei varias fotos dele comigo atuais, abraçados, rindo, nos... beijando.
Há quanto tempo não sentia os lábios dele na minha pele, seu corpo quente grudado no meu, sua voz roçando meu ouvido. Fechei os olhos lembrando de nossos melhores momentos. E sorri.
- Você o ama? – Bianca perguntou olhando para minha cara
- Eu sei que sim... mas ele quer que eu descubra... – eu apoiei meu braço na sacada com o rosto nas mãos.
Bianca não disse nada e ficou olhando para o horizonte. Não sei como, nunca tinha me deparado com aquilo, mas ela estava pensava em nada.
“A melhor parte da vida de uma pessoa está nas suas amizades”
13. BIANCA
Quando voltei para á republica, tinha mais gente, era Sophia e Lucia.
Bianca estava ao meu lado e nos apresentou...
Sophia sorriu simpaticamente e Lucia apenas deu um aceno ríspido.
- Bem, vou deixá-las. Semana que vem eu volto! – informava Marina á porta. – Ah, Renesmee, qualquer problema é só ligar pro meu celular, a Bia te passa. Tchau garotas... – quando ela ia fechar a porta, lembrou de algo – Avisa os meninos que na próxima visita quero tudo arrumado. – e fechou a porta.
- Vem... Eu ajudo com as malas. – Bianca pegou uma de minhas pesadas malas e levou para seu quarto, nosso quarto.
Era espaçoso, tinha um computador, dois armários, duas camas e um criado-mudo entre elas. As paredes eram rosa e tinha pequenos desenhos místicos pintado. Percebi enquanto entrava mais para o centro do quarto, que continha um cheiro forte de incenso.
O criado-mudo estava cheio de coisas exóticas, velas, pedras e livros. Também na parede tinha um grande pentagrama, eu me assustei.
-Pra que isso? – eu apontei para o pentagrama prata.
-Proteção. – ela respondeu com se fosse obvio
-Proteção? Não tem alguma coisa há ver com o demônio? – eram essas as historias que eu via na TV.
Mas por que eu estaria preocupada com isso?
Não existe coisa pior do que eu mesma...
Ela bufou.
-Tá... É normal, um monte de gente confunde... Não! Não tem nada á vê, se você á virar de cabeça pra baixo, ela pode cultuar Lúcifer e eu prefiro dizer Lúcifer á demônio, diabo, Satã e esses outros nomes... - ela passou a mão na estrela entrelaçada. – Está vendo isso aqui? – ela passou os dedos em cinco palavras escritas em cada ponta da estrela. – Ar, Terra, Fogo, Água todos coordenados pelo Espírito... Para aqueles que acreditam te protege de coisas ruins.
-Como você sabe de tanta coisa? – eu perguntei curiosa
Ela engoliu seco...
-Internet. – e sorriu – Hei... Mas quer que eu te ajude a desfazer as malas? – ela mudou de assunto
-Claro. - certo que poderia arrumar sozinha em menos de 10 segundos, mas uma companhia não me faria mal.
Bianca fazia eu me sentir bem, era gostoso ficar ao seu lado, ela passava uma energia boa...
- Porque você veio pra cá? – eu perguntei
- Eu morava em São Paulo, mas queria fazer uma faculdade, Unicamp, que fica aqui em Campinas. Meus pais me dão dinheiro todo mês para pagar a escola e a Marina... - eu a interrompi
-Escola?
-Sim, eu vim pra cá ano passado, fui a segunda pessoa a morar aqui, a Marina é amiga do meu pai e ele confia nela, então eu vim pra cá no 2º ano.
-Hum... Que escola você estuda? – quando eu acabei a frase, vi um uniforme branco e azul em seu armário, que estava aberto.
-No Liceu Salesiano, por quê? – ela estava despreocupada
-No-no Liceu? – eu me aproximei para pegar o uniforme, era o mesmo uniforme que o meu, ela estudava no Liceu, não acredito.
-O que? – ela se virou e me viu segurando seu uniforme. – É o meu uniforme, o que foi?
-EU VOU ESTUDAR LÁ! – eu disse empolgada
Bianca arregalou os olhos, surpresa.
-Sério?
-É!!
-Nossa, que coincidência... Aí só podia ser coisa do destino, mesmo... – ela falava pra si mesma – Eu estou no ultimo ano e você?
- Também... – nós sorrimos.
Ela me ajudou a arrumar minha cama e ficamos conversando a noite toda, na hora do jantar Bruno e Julio tinham chegado, fui para a sala me apresentar.
Bruno era alto, um pouco forte, loiro de olhos verdes, seu rosto era fino e delicado. Julio era moreno, tinha o cabelo cacheado, olhos castanhos e era magrelo, Bianca e ele poderiam ser irmãos...
-Olá. – eu acenei para eles
-O-oi. – gaguejou Bruno e Julio.
Porque eles estavam me olhando daquele jeito, como se...
Como se eu fosse comida.
-Você vai mesmo morar com agente? – dava quase pra ver os olhos de Julio brilhar.
-Sim, algum problema? – eu perguntei
-Não... Claro que não. – respondeu Bruno.
Eles se olharam e deram um aperto de mão estranho entre eles.
Me sentei no sofá, mas me concentrei nos garotos que me olhavam pelas costas...
“Cara... Não acredito, parece que essa garota, saiu de uma revista de tão perfeita! Ela é muito gata, não acredito que vai morar aqui!“ – pensou Bruno
“Eles vão morrer quando souberem que essa deusa mora comigo. Vão me dar tudo pelo telefone dela...” – pensou Julio.
Eu ri mentalmente e lembrei de Jake falando que muitos garotos iriam se apaixonar por mim.
Senti um cheiro de sangue de animal com água. Minhas pupilas dilataram e eu fui até a cozinha. Lucia estava lá, com uma carne ensangüentada na pia. Eu observei a carne e me aproximei.
Pude ver pela minha visão periférica que Lucia olhava pra mim.
-Tudo bem? – ela me perguntou
Eu me afastei da carne.
-Claro... Desculpe. É que eu passo mal quando vejo sangue...
-Por isso você enfiou a cara na carne! – ela falou sarcasticamente
Eu dei um sorriso amarelo e sai da cozinha...
“Além de bonita, é estranha. Claro! Mais uma loca que vô te que aturar!” – Lucia pensou, passando as mãos em seus longos cabelos lisos.
Talvez a louca que ela tivesse falando era Bianca, mas acho muito difícil alguém não gostar dela. Eu tirei fotos do apartamento e mandei por e-mail pro Jake, que depois mostraria pra minha família.
Eu não jantei com eles, fiquei ouvindo musica na cama. Quando Bianca entrou no quarto, bocejando, eu olhei para o relógio e já passava da meia-noite.
-Você já está com sono? – eu perguntei enquanto brincava com o fio do fone.
- Sim... e você?
-Claro... – eu menti.
-Boa Noite. -ela desligou a luz.
-Ah... Pode me chamar de Nessie. – eu não tinha certeza se ela já estava dormindo quando falei.
Fechei os olhos, mas não consegui dormir, então fiquei na varanda observando a vinha visão do luar, que verei muitas vezes... Em minha nova casa. Morar com eles devia ser legal, Sophia era muito gentil, Lucia raramente falava comigo, a Bia sempre conversando e brincando e os garotos... bem ficavam no quarto ou jogando vídeo-game.
Eu e Bianca estávamos conversando no sofá e os garotos vendo um jogo.
É domingo e ninguém iria trabalhar.
Bianca me contou que Lucia era á mais velha, com 24 anos, ela trabalhava de segunda á sexta em um shopping. Sophia tem 19, estuda de manhã e trabalha na parte da tarde. Bruno tem 21, faz faculdade de manhã, Julio tem 20 e também está na faculdade e a Bia tem 17 e só estuda de manhã...
Estávamos arrumando a mochila para amanhã...
-Que lindo... – ela pegou meu fichário.
-Presente da minha tia! – eu informei e mostrei as letras dourada na parte de baixo.
- Hum... Você nunca falou da sua família... – Bianca comentou
-Bem... É que...– eu não encontrava alguma desculpa.
-Tudo bem... Eu também nunca falei muito da minha. – ela sorri - Mas você tem namorado? - ela mudou de assunto
-Na verdade... - eu e Jake estávamos namorando, era fato, mas ele meio que me livrou de qualquer compromisso quando eu vim pra cá. - Que fique só entre agente, mais tenho sim! – eu falei baixo.
Ela me olhou curiosa.
-Porque só entre agente?
- É que meio que ele me livrou de compromisso, quando vim pra cá. – eu disse á verdade
-Ele terminou com você?! – ela se espantou
-Não! Bem... Não exatamente. – eu não tinha palavras pra explicar, apenas que de Jacob era louco. – Mas e você, tem? – eu mudei a atenção pra ela
- Hum... Já tive dois, mais no momento estou solteira. – ela mordeu o lábio.
Eu sorri...
12. SOZINHA?
Alice quis deixar seu carro comigo, eu aceitei de bom grado, não sei como ela conseguiu minha carteira de motorista, mas não fiz questão de perguntar, ela também me deu um novo RG.
Essa semana estava tão ansiosa e empolgada que nem á vi passar, hoje é sexta, amanhã Alice voltará para casa...
Minhas aulas começam segunda e amanhã logo depois que Alice for embora irei visitar o novo lugar que iria morar.
Minha tia estava na recepção acertando as coisas para á compra do apartamento, eu estava arrumando sua terceira mala...
Eu senti uma onda súbita de medo, que me deu calafrio...
Amanhã eu estarei sozinha, realmente sozinha...
Me sentei no chão apoiada na parede.
Sentia tanta falta de Jacob, seu corpo quente me protegendo, de meus pais, minha família.
Tentei imaginar os braços fortes e aconchegantes de Jacob ao meu redor mais não consegui, tentava sentir a presença de meus pais, mas nada.
Me encolhi, abraçada a minha pernas...
Eu nunca tinha pensando realmente no quanto eles me davam valor, eles tinham uma confiança em mim que talvez eu mesma não tivesse, eles já se sacrificaram tanto, isso me fez lembrar quando consegui ouvir meu pai pela primeira vez e pude descobrir que estava machucando minha amada mãe, aquele sentimento me deixou triste, mas então lembrei que mesmo naquelas circunstâncias ela me amou e ficou feliz por tão pouco, eu pude sentir seu amor e aquilo me trouxe a vida, literalmente. Quando percebi as lágrimas já haviam chegado até a minha boca...
Jake sempre me amando, mesmo quando eu não retribuía da mesma maneira, mesmo eu sentindo medo de seu amor, ele sempre esteve lá, me apoiando, me querendo. Sem contar com minha família e amigos, que morreriam por mim. Eu merecia tanto? Eu mereço tanto?
Por um instante essa minha “viagem” me parecia errada, sou tão sortuda, por que eu quero mais?
Eu não sei o que eles vêem em mim para me amar tanto, mas sei que os amo sem medidas... Morreria por todos eles.
Eles querem que eu siga essa viagem, eu quero seguir essa aventura e vou mostrar ao Jake, que é ele quem eu quero, é a ele que pertenço.
Mais lagrimas rolavam pelo meu rosto.
Senti Alice se aproximar, mas não quis me mover. Ela me abraçou, palavras não precisaram ser ditas naquele momento. Eu coloquei minha cabeça em seu colo, ela afastava meu cabelo do rosto.
“Eu posso ficar.” – ela pensou
Parecia que meus lábios estavam selados, minha língua com preguiça de se mover... Eu não disse nada, fechei os olhos tentando encontrar forças dentro de mim.
“Você é mais forte do que imagina, acredite em você!” – Alice acariciava meu braço.
“Obrigada.”- eu não sabia se tinha falado ou apenas pensado, mas não me importei, comecei a perder a consciência...
Dormir era o jeito mais rápido de passar o tempo.
Eu abri os olhos e passei a mão no rosto, minhas lágrimas ainda não
haviam secado totalmente...
Percebi que estava em minha cama, Alice deveria ter me colocado.
Passei a mão pelo pescoço e senti a fina corrente, tirei o colar do pescoço e peguei o medalhão redondo. Eu o abri e li lentamente á frase que estava gravada de um lado “mais do que minha própria vida.” em francês, olhei para a pequena foto do outro lado, que continha eu e meus pais, sorri involuntariamente. Era o colar que minha mãe tinha me dado quando era bebê, eu quase nunca o tirava do pescoço, era como se eu carregasse uma parte deles comigo, eu beijei a foto carinhosamente. Quando coloquei o colar de volta, minha pulseira balançou e eu fiquei observando o Sol e a Lua rodar pendurado em meu punho, alternando meu campo de visão com o R&J, apoiei meu braço na perna e peguei o pingente, passando o dedo por seus minúsculos contornos.
Eu os carregava, eles sempre estão comigo, mesmo eu não os vendo ou sentindo, eles nunca saíram do meu lado!
Abri um enorme sorriso e me levantei.
Tomei um banho, me arrumei e fui para sala onde já estavam às três malas de Alice na porta, ela estava no quarto, sentei na cadeira alta da cozinha e a esperei...
Ela vinha na minha direção com um pacote de presentes. Eu olhei estranhando e me concentrei.
“Nem adianta ler minha mente, você só vai saber quando abrir!” – ela pensou
Eu fiz careta...
-Você está melhor? – ela me perguntou preocupada.
-Sim... – eu a toquei e mostrei quando via meu colar e minha pulseira. – Eles sempre estão comigo. – eu sorri contente.
-Claro! E isso é pra você! – ela me entregou o pacote.
Tirei o papel rosa brilhante e peguei uma mochila, era preta com rosa, alguns detalhes roxos e com lindos contornos ao redor dela.
-É linda. – eu comentei.
- Você ainda não tinha mochila, então... Mas abra. – ela me induziu
Eu abri e peguei um fichário, era vermelho, com desenhos pretos o contornando. Eu o - abri empolgada e na parte da dentro da capa estava escrito no canto de baixo “Presente de sua Tia Alice”
-Obrigada! – eu a abracei
-Você merece, agora sempre vai poder lembrar-se de mim! – ela inclinou a cabeça para o lado.
Eu toquei seu rosto e mostrei meus tios e meus avôs, eu também sempre me lembrarei deles.
-Por falar neles! – ela tirou de uma divisória uma foto em que estávamos todos, eu no colo de Jake, todos meus tios, meus avôs e meus pais. Era uma foto que tínhamos tirados no meu aniversário, um ano depois que todo aquele mal entendido tinha acontecido.
- Nossa... – eu sussurrei, nunca tinha visto aquela foto.
Passei a mão pela fotografia, contornado cada rosto que ali continha.
-Vou sentir sua falta... – eu falei enquanto passava a mão pelos curtos cabelos negros de Alice.
-Eu também. – ela me abraçou. – Agora vamos... Ah! Você dirigi. – ela me deu as chaves.
-Pode deixar! – eu sorri animada.
Deixar Alice era quase tão doloroso quanto a segurar aqui em São Paulo.
- Avise á todos que estarei bem... Peça desculpas ao meu pai, por deixá-lo preocupado, fala pro Jasper cuidar bem das emoções dele... – eu sorri envergonhada.
- Não sei preocupe, ele vai entender... - ela pegou minha mão – Qualquer coisa me liga, não importa o quanto banal seja o motivo. Se eu “ver” alguma coisa... Voltarei imediatamente. – ela me olhava seria
-Ok. – eu a abracei pela ultima vez – Estou morrendo de saudade de todos, dê um beijo em cada um por mim, diga ao Jake que eu... - ela me interrompeu
- Ele já sabe. – ela me deu um beijo no rosto, pegou sua mala de mão e foi até o avião
Eu apertei meus olhos para não chorar, eles arderam e uma lágrima andou pelo meu rosto, á enxuguei rapidamente, não era momento para tristeza e sim para felicidade.
Enquanto o avião dela saia do chão eu acenava, não sabendo se ela estava me vendo ou não.
Voltei para casa, respirei fundo e segui á pé até a republica.
Chamei o porteiro pelo interfone, ele me deixou subir, era no 3º andar, apartamento 26.
Aquela garota que eu tinha encontrado estava na porta do apartamento,
muito simpática como sempre.
-Olá de novo. – ela me cumprimentou com um beijo no rosto. - Você deu sorte, sabia?! Marina está aqui hoje, você pode ver a casa e falar com ela.
- Que ótimo.
Quando ela abriu a porta uma brisa nos atingiu, seu cheiro me era muito familiar, me lembrava petúnias e margaridas, ele era atraente, mas como eu estava satisfeita não senti vontade nenhuma de atacá-la. Quando passei pela porta senti seu cheiro novamente e me lembrei que petúnias e margaridas eram as flores que ficavam na frente de casa. Eu ri silenciosamente.
Observei o lugar, era simples, mas arrumadinho.
Tinha uma sala, uma cozinha, 3 quartos, 2 banheiros, uma varanda 2 vezes menor que a do meu apartamento, há vista não era tão privilegiada quanto á que eu conhecia, mas era boa.
-Oh, desculpe, nem disse meu nome! – ela colocou a mão em seu cabelo cacheado. - Me chamo Bianca.
-Eu também me esqueci, me chamo Renesmee. – ela me olhou um pouco surpresa
-Nome exótico... – ela deu um riso tímido – Você é americana? – meu sotaque era um pouco evidente
-Sim. – eu afirmei – Vim pra cá faz uns meses – eu menti
- Nossa! Que legal, sempre quis conhecer os Estados Unidos. - ela sorriu empolgada.
Ela pegou minha mão e me levou para um quarto.
-Esse é o meu quarto, se você morar conosco, vai ficar aqui também. – o cheiro dela estava impregnado no quarto, aquilo não era ruim, era reconfortante.
Depois ela me mostrou outro quarto...
-Esse é o quarto do Julio e do Bruno, eles não estão aqui. Foram andar de skate, sei lá aonde. – ela revirou os olhos, desinteressada.
No quarto senti cheiro de muito pó, alguma comida podre, roupa suja, fazendo com que o cheiro deles ficasse difícil de distinguir.
E ela me levou para mais um quarto...
-Esse é da Sophia e da Lucia! – ela entrou no quarto – Aqui são elas! - e me mostrou uma foto, onde tinha uma garota negra, com um lindo vestido verde e uma morena de olhos azuis, com um chamativo vestido preto.
O cheiro que estava naquele quarto era tão atraente quanto o de Bianca.
-Elas devem estar no shopping... - ela colocava o retrato no lugar- Vamos ver a Marina. - e me levou para a cozinha.
Marina era uma mulher de mais ou menos 37 anos, loira com olhos castanhos, seu cabelo ficava na altura dos ombros e usava uma roupa casual, ela sorriu quando me viu.
-Olá. – ela me cumprimentou. – A Bia já te mostrou a casa?
-Já sim, é muito bonita. – eu comentei
-Pena que os outros não estejam aqui! – disse Bianca, sentada em uma cadeira.
-É... Mas qual o seu nome mesmo? – perguntou Marina
-Renesmee... Renesmee Cullen. – eu á informei
-Ela é americana. – Bianca se intrometeu.
-Nossa, que interessante e porque você quer morar aqui, Renesmee? – era normal ela me fazer perguntas, isso me deu mais confiança ainda, pois se ela fazia o mesmo processo em todos os adolescentes que moravam ali, era porque ela não queria nenhum delinqüente.
- Eu morava com minha tia, mas ela foi embora e eu não queria morar sozinha. – eu falei tranquilamente
-Entendo e onde estão seus pais? – Marina continuou
- Estão nos EUA, vim aqui para... estudar. – era tecnicamente a verdade.
-Hum... Você fuma ou bebe?
-Não... – eu balancei a cabeça, se ela perguntasse se eu comia ou mordia teria que pensar um pouco, mas também diria que não.
- Ótimo... Aqui nós dividimos tudo: a conta de luz, de água, os alimentos são por minha conta, com o dinheiro mensal que eles me dão... Esse é o preço. – ela me mostrou um papel, com o preço - Algum problema?
-Não. – eu sorri contente.
-E quantos anos você tem? – eu quase falei 20, mas não bateria com meu RG.
-Dezoito. – eu falei confiante e mostrei meu RG.
-Outra coisa, seus pais mandam o dinheiro ou você se sustenta sozinha?
-Não, meus pais me deram uma quantia, mas se precisar de mais eles mandam ser problemas. – ela hesitou por um momento, eu olhei em seus olhos...
“Quanto será que eles dão pra ela? Mas se essa garota fosse rica, porque moraria em uma republica tão simples? “- quase que abro a boca para responder, mas me lembrei por pouco que deveria ser uma garota normal.
-Bem... Por mim está tudo bem... Quando você pretende vir para cá? – Marina se levantada da cadeira, me acompanhando até a sala.
- Por mim não tem problema, qualquer hora eu posso vir para cá.
- Se você quiser pode vir cá, agora! – Bianca me chamava
Eu olhei para Marina, ela confirmou com a cabeça sorrindo.
-Nós já temos uma cama, é só pegar suas coisas... – Marina me informava
-Verdade?! – eu não acreditava.
-Sim. – Bianca afirmou, não sei por que ela estava tão feliz quanto eu.
Me concentrei nela...
“Que lega, nem acredito que finalmente terei minha colega. E ela deve ser uma garota uma boa, sua aura é muito pura...” – ela pensou
Eu olhei pra ela desnorteada, o que ela quis dizer com aura? Aura pra mim é tipo o nosso espírito... Que estranho.
-Ok... Vou para casa arrumar minhas coisas. – eu me dirigi à porta
Bianca e Marina me acompanharam até a rua.
-Até logo! – Bianca disse
Eu voltei para o apartamento e entrei, estava vazia, mas o cheiro de Alice ainda estava por lá.
Fui até meu quarto e me joguei na cama, fiquei olhando por teto, pensando...
Como será que vai ser morar com eles? Adorei a Bianca, era uma garota muito legal e sem contar que seu cheiro que me faz lembrar de casa...
Eu peguei meu celular e vi que tinha uma mensagem da Alice:
Estou chegando em casa . Logo você terá que ligar pro seu pai!
Engoli seco, por um momento tinha me esqueci que teria de enfrentar meus pais.
Disquei um pouco tremula os números do celular de Edward.
Tocou uma vez.
-Renesmee? – sua voz era preocupante
-Pai... Eu posso – ele me interrompeu
-Eu disse é que perigoso! Porque você fez Alice voltar?
- Eu dou conta sozinha. – a palavra sozinha, não era bem apropriada sendo que estava preste a morar com vários humanos.
Ele bufou. Alice estava falando alguma coisa pra ele, mas não consegui ouvir.
- Sua tia quer falar com você! – deu um intervalo
- Como estão às coisas já fez o que ia fazer? – Alice me perguntou em código
-Já. Tia, você não sabe, hoje mesmo eu já vou pra lá.
“O QUE??” – Edward falou ao fundo.
Eu fechei os olhos e coloquei a mão na testa. E agora? Meu pai sabia...
- Você vai morar em uma republica? – ele tinha pego o celular da mão de Alice.
- Tia, fala pro Jasper acalma meu pai! – eu falei, pois sabia que ela estaria me ouvindo
- Eu estou calmo, apenas preocupado.
- Mas o tio Jasper não falou que estava tudo bem aqui?!
-Falou, mas... mas... – a voz de Edward falhava. Ele não tinha o que fazer.
- Pai... – eu sussurrei.
-Sim. – ele estava calmo.
-Apenas... Confie em mim.
-Eu confio, meu bem, só tenho medo que... algo aconteça e não estejamos aí.
-Nada vai me acontecer, não se esqueça de sua irmã super poderosa, aí. – eu ri
- Tudo bem... Foi uma coisa inconseqüente, mas... Tudo bem. – ele falava com autoridade
- Obrigada.
- Vou passar para sua mãe. – Edward deu o celular para Bella
-Querida! Que loucura você fez, hein! Nos deu um susto quando Alice voltou sozinha.- sua voz era como o badalar de sinos, perfeita.
- Desculpe... mas era o único jeito! – eu disse envergonhada.
-Eu entendo. – ela declarou
-Mãe, vou desligar. Te amo.
-Também te amo. Nós te amamos!
- Tchau.
Eu desliguei o telefone e por impulso disquei os números de Jake.
Suspirei e coloquei o telefone no ouvido.
- Nessie. – sua doce voz, chamando meu nome.
-Oi, Jake. – falar com ele só fazia minha saudade aumentar.
-Nossa, amor, que saudade! Quando você vem nos visitar?
- Ah, não sei provavelmente no meio do ano... – eu pensava
- Ai, vai demora! – ele disse decepcionado
-Mas... Te liguei para falar das novas. Eu vou morar em uma republica, não é legal? – eu informava meu melhor amigo.
- Republica?? Uma casa com vários adolescentes... Que moram juntos?
-É, são três garotas e dois garotos... É muito bonitinha a casa. – eu estava animada
Me levantei e comecei a arrumar minha mala pela terceira vez no mês...
- Como estão as coisas aí, em La Push?
- Na verdade estou em Quilcene, agora. – ele respondeu – Seu pai quase teve um ataque quando Alice chegou e você não estava - ele riu - eu mesmo fiquei morrendo de medo.
-Vocês são muito bobos. – eu conversava com ele enquanto colocava minhas blusas na mala.
-Ah, é apenas preocupação, até Alice explicar tudo...
- Hum... Alice me ajudou muito aqui. – eu sorri
- Claro...
O telefone ficou mudo.
- Nessie, está legal aí? Por que aqui tá um saco sem você. – sua voz estava meio presunçosa
-Não muito, por isso vou morar em uma republica, para ver se me
animo. Ah, as aulas começam depois de amanhã...
- Deve estar nervosa, né!
- Muito... Amor, vou ter que desligar! – minhas malas estavam arrumadas eu estava na sala com tudo pronto.
-Tudo bem... Te amo! – ele disso por último
- Também! – e desliguei.
Peguei as malas e tranquei o apartamento.
Que seja a ultima vez que eu me mude!
Agora apenas quando eu voltar para casa...
11º. MUDANÇA DE PLANOS
Já se passaram 10 dias desde que chegamos em São Paulo.
Fui ver á escola, tão legal quanto imaginava, eu e Alice compramos o uniforme, era branco e azul (não gostei muito da cor, mas fiz o possível para deixar personalizado).
Jasper está chegando, Alice está super ansiosa e inquieta - mais que o normal. A visita de meu tio será muito boa, pois ele vai poder “fiscalizar” as coisas aqui em São Paulo e contar á minha família, principalmente para meu pai, como estamos.
Eu e Jacob nos falamos mais ou menos a cada três dias pelo telefone ou pela internet. Billy está bem melhor, como diz Jacob: Charlie emprestou Sue para cuidar dele, às vezes me pergunto se meu avô e Sue tem alguma coisa...
Minhas aulas iram começar daqui á uma semana, estou muito ansiosa.
Pintei meu quarto de rosa e roxo escuro, Alice pintou o dela de laranja e vermelho, achei muito engraçado.
Estou sozinha em casa, Alice está no aeroporto esperando seu amor.
Na TV nada me interessa, me sinto um pouco entediada, pelo menos quando estava lá em Quilcene raramente ficava sem o que fazer, pois eu sempre estava brincando com Tio Emmet, cantava com Rose, inventava coisas na cozinha com minha avó Esme e minha mãe, estudava com Carlisle, tocava com meu pai, amava... Jacob. Que saudade!
Ouvi passos do lado de fora do apartamento, era Alice e Jasper.
- Oi! – Alice me complementou radiante
Me levantei e abracei meu tio, seu cheiro me fez se sentir em casa, quase. Olhei pra seu rosto, suas cicatrizes sempre muito evidentes, eu estou muito acostumado á elas e sempre digo que dão um charme á ele.
Mas ninguém entende.
-Como está, Nessie? – Jasper perguntou educadamente, seu rosto em um enorme sorriso. Alice era seu sol, sua alegria.
-Bem. – eu respondi empolgada.
-Vem. Vamos conhecer a casa. – Alice o puxava.
Ela o - levou para o interior do apartamento, mas logo voltou sozinha.
-Nessie, você poderia... – ela ficou em silêncio.
Eu olhei em seus grandes e graciosos olhos dourados.
“Eu e Jasper gostaríamos de ficar um tempo -” – ela interrompeu – “ Faz tempo que... “ interrompeu de novo.
Eu ri.
- Claro... Vou dar uma volta. Ah! Não se esqueça de pensar sobre... aquele assunto. – eu á lembrei
Ela ficou um tempo parada, seus olhos opacos e depois atravessou a sala em meio segundo.
- Depois agente conversa! – ela piscou
Eu sorri, peguei meu mp3 em cima da mesa e sai.
Fiquei andando pela rua, estava anoitecendo e as luzes da rua começavam a acender.
Parei para olhar um grupo de adolescentes saindo de um apartamento, talvez eles morassem lá.
Me pareceu uma republica... Me aproximei de uma garota, de cabelos castanhos, com vários cachos emoldurando seu rosto e destacando seus grandes olhos castanhos, quase mel, sua pele era um pouco morena, uma garota realmente bonita.
-Com licença, isto aqui – eu apontei para o prédio – é uma república?
-Sim. – ela me respondeu educadamente – Nós viemos de longe, a maioria aqui – ela apontou para o grupo, que se afastava – é da capital.
-Nossa, que legal! E o que eu posso fazer pra morar junto? – ela me olhou um pouco assustada.
- Bem... É só falar com a Marina, ela é a dona do apartamento. – ela me pareceu simpática
- Hum... Como eu falo com ela? – eu estava curiosa
-Bem... Me fala um dia que agente marca, aí você vê como é o apartamento e fala com ela. – ela me propôs.
-Não. Não... Eu estou apenas me informando. Muito obrigada! – eu acenei
-Te vejo por aí. – ela acenou e correu para o seu grupo de amigos.
Continuei andando... Se minha tia vai realmente embora, morar sozinha no apartamento iria ser muito... solitário?
Certo que eu falei varias e varias vezes que iria morar sozinha, mas eu sempre vivi, convivi com varias pessoas.
Minha família é grande, nunca – quase nunca – fiquei sozinha em casa. Mas morar em uma republica pode ser muito perigoso, eu poderia perder o controle e... Eu seria capaz de perder o controle? Eu nunca quis morder ninguém inconseqüentemente, pelo menos nunca encontrei alguém que me fizesse perder o controle.
Morar com vampiros é uma coisa, mas conviver com humanos, é muito diferente.
Voltei pra o apartamento de manhã, torcendo para que meus tios já tenham acabado sua “conversa”...
Entrei em casa e por minha surpresa eles estavam no sofá realmente conversando e rindo.
-Bom dia! – eu me anunciei.
-Oi, Nessie! – Alice correu, quase flutuou para minha frente. – Me desculpe por você ter passado a noite fora, é que... – eu a interrompi
-Ah. Foi nada! Eu gosto de fazer vocês felizes! – eu sorri
Ela me abraçou. Eu continuei...
-E por falar em felicidade... Qual foi a sua conclusão, Alice? Você vai embora? – nós sentamos no sofá, Jasper voltou novamente com os braços ao redor de sua amada.
-Bem... Eu conversei com o Jasper – ela olhou para ele – e achamos melhor esperar começarem suas aulas. – ela me olhou esperando minha reação
-Elas começaram semana que vem, não é? – Jasper perguntou
-Sim. - eu confirmei
Mordi o lábio, um pouco em duvida, meio chateada.
Talvez essa semana me sirva para procurar outro lugar para morar, eu realmente gosto, apesar do receio, em morar em uma republica, morar com outras pessoas da minha idade, mas... se Alice souber, me pai saberá, não que Alice conte para ele, mas á seus pensamentos é muito difícil esconder.
Talvez eu possa manter em segredo e quando Alice já estiver em Quilcene, eu conto pra ela e pro resto dá família. Será que isso é errado?
Talvez eu possa arriscar e minha tia possa até me ajudar, mas será que ela vai deixar, vai me apoiar? Não importa! Não posso esconder isso dela, nem da minha família. Apenas vou esperar tio Jazz ir embora.
-Nessie? Nessie? – Alice me cutucava. - Acorda... – ela riu
-Hã? – eu estava aérea – Ah, desculpa, me perdi nos pensamentos... Mas então, você prefere ir embora daqui á uma semana? Por mim tudo ótimo, mas e meu pai?
Jasper me olhava firme, talvez estivesse sentindo meu nervosismo.
-Jasper não vai falar nada e vai tentar não pensar nisso perto de seu pai... Pode ficar tranqüila, eu já vi que vai correr tudo bem! – ela me tranqüilizou ou meu tio estava me acalmando.
- Ok... – eu sorri aliviada
Apesar das milhares de vezes que eu olhava para o casal (Alice e Jasper) e pensava em como estava só, o dia foi tranqüilo.
Eu e Alice acompanhamos meu tio até o aeroporto, achei muito curta sua estadia aqui conosco, mas não reclamei, pois estava ansiosa de mais para conversar com Alice, em saber sua opinião.
Quando Jasper foi embora, passei a noite pensando nas varias maneiras de falar com ela, talvez ela mesma já tenha visto que eu iria falar com ela... Não! Não posso pensar assim.
Amanhã iremos caçar, isso me faz relaxar um pouco e eu posso aproveitar para falar com ela no momento em que estamos mais à-vontade, porém é o momento em que estamos mais atentas – com os instintos á flor da pele.
Quando abri lentamente meus olhos, incomodada pela luz do quarto, percebi eu tinha dormido. Alice bateu na minha porta, mas antes que eu pudesse falar alguma coisa, ela já tinha entrado.
- Pronta? – ela me perguntou mesmo vendo meu estado meramente degradável
-Espera só eu perceber que estou acordada... – eu a informei ironicamente
-Vamos... Nessie, você estava tão animada quanto eu para caçar nas fazendas!
- Mas não deveríamos caçar a noite? – eu á encarei confusa
-Há... Detalhes. - ela revirou os olhos - Caçar de manhã e a noite são quase o mesmo... Mas pensei que você gostasse do perigo... – ela me testou – Alguns humanos podem estar acordados, poucos, mais deve haver alguns e desviar de seus olhares lerdos e fracos, seria interessante...
-Tudo bem, Alice. Só vou por outra roupa. – ela saiu do quarto dançando.
Dormir com o Jacob me deixa tão vitalizada, agora estou um pouco desanimada. Ainda bem que tenho Alice para me animar, mas quando ela for embora...
Jake queria isso! Ele me incentivou, não posso ficar deprimida. Eu balancei a cabeça e me sacudi. Pronto.
Coloquei as minhas roupas mais relaxadas e sai com Alice, sem seu civic, para uma fazenda.
Apesar de estarmos conversando pelo caminho, eu abri a boca poucas vezes, porém Alice não parava de tagarelar.
Pulamos facilmente o cercado e corremos pela vasta pastagem... vi três cavalos a 50 metros de nós. Pude sentir o cheiro do animal tão bem quanto sentia o de um humano próximo, talvez á 40 metros. O cheiro do humano era muito mais atraente do que do animal, aquilo queimava minha garganta, minha boca estava formigando, senti uma coisa pesada no estomago, á vontade de atacar qualquer coisa que estivesse na minha frente, aumentava. Eu estava sem o Jacob para me acalmar, sem meus pais... Eu teria que me acostumar e me concentrar no que é correto.
Ficamos atrás de uma casa feita de madeira, mal acabada.
-Eu pego o branco.– ela sussurrava longe de mim.
-Eu o marrom. – eu a informava.
Ela assentiu com a cabeça...
Aproveitei que o humano estava de costas para atravessar o campo, agarrei o cavalo e o levei para longe dali, foi realmente engraçado enganar aquele fazendeiro.
Fui o mais adentro da floresta possível, o animal relinchava embaixo de meu braço, vire-me para ele e cravei meus dentes em seu dorso, fechei os olhos pela nostalgia, aquele meu alimento preferido, que me tornava mais viva – ou morta - descia pela minha garganta, me animando e me aquecendo. Passei a mão pelo animal à beira da morte, sentindo seus pequenos pelos pinicarem minha pele sensível. Cravei novamente meus dentes dessa vez mais fundo, para finalmente o animal parar de sofrer e para não ouvir mais seus grunhidos, fechei os olhos um pouco culpada, esse sentimento de culpa, de vez em quando me vinha, pois eu estava matando uma coisa... viva.
Existia uma diferença entre matar humanos e animais, mais não era tão grande quanto minha família imagina.
Mas eu sou assim, faz parte de mim e não é tão diferente dos humanos que matam o animal, para aproveitar sua carne...
Limpei minha boca com as costas das mãos e olhei para o animal sem vida no chão com duas mordidas ao longo de seu corpo, não poderia deixar ele ali, largado na floresta para alguém achar, teria que destrocá-lo.
Era particularmente nojento, mas suportável, depois enterrei para ninguém achar os destroços. Nós sempre temos que ser muito cuidadosos.
Alice estava se aproximando de mim, provavelmente tinha feito o mesmo processo para não deixar rastros de nossa caça.
Ela suspirou tranqüila ao meu lado, deu um salto e se sentou num galho de árvore. Eu á segui e sentei ao seu lado. Era hora de conversar...
-Alice! – meu tom de voz estava um pouco alto – Preciso te contar uma coisa.
- O quê? – ela me olhou curiosa, fiquei aliviada por ela não ter “visto” nada
- Quando você for embora, bem... eu vou me sentir muito sozinha no apartamento... – eu respirei lentamente – e... estava pensando, se poderia morar com outras pessoas? – eu não quis olhar para ela com medo de sua expressão.
-Como assim?
-Queria morar em uma republica... O que você acha?
Ela piscou duas vezes e franziu o cenho pensando.
- Eu... Eu não sei... Acho que é muito perigoso. – me pareceu que ela estava perguntando para mim.
- Ah. Pra mim não é nada perigoso... Se eu bater o carro, nada acontece. Se eu pular de pára-quedas e o pára-quedas não abrir, nada acontece, se um bando de caras me encurralarem num beco, bom... ai já acontece alguma coisa, mas com eles. – não consegui seguram uma risadinha, em pensar num bando de grandalhões, mancando machucados...
Alice revirou os olhos, pela minha ironia. Continuei...
-Mas realmente... – eu travei por um segundo – eu tenho medo de machucar alguém, quero dizer, machucar um de meus colegas... Isso pode acontecer?
- Não posso ver, não agora. Mas se você tem medo, não vá! – ela balançou as mãos no ar
- Eu vim aqui para aproveitar e sentir coisas novas, eu... tenho que arriscar. – Alice pegou minha mão.
-Eu confio em você. – ela sorriu
-Muito obrigada, tia. – eu a abracei.
-Mas... Aonde você pretende morar? – ela torceu a boca, tentando imaginar.
-Eu acho que já sei onde... – aquele apartamento, com aquela simpática garota me parecia propicio.
Alice deu os ombros.
- Estou pensando em comprar o apartamento... O que acha? – nos descemos da árvore
- Acho bom... Assim sempre que quisermos podemos vir pra cá. – eu falei animada. Ela acenou com a cabeça.
Como eu pude desconfiar da minha tia, ela sempre me apóia, ela me ama...
“Você ganha força, coragem e confiança através de cada experiência em que você realmente para e encara o medo de frente."
10º. O APARTAMENTO
Peguei meu celular para ligar para nossa família, eles deveriam estar um pouco bravos, por três dias sem noticias... E a emoção de ouvir a voz rouca de meu Jacob, enchia meu coração.
Mas primeiro liguei para o celular de meu pai.
-Nessie? - a voz de meu pai um pouco preocupada.
-Oi, pai! – eu disse animada
-Você e sua tia não ligaram quando chegaram. O que aconteceu? – um tom de censura.
Pude ouvir minha mãe no fundo “Deixa eu falar com ela, deixa!” , ele abafou o telefone “Só um minuto, amor, já passo.”
- Ah, nada. É que agente se divertiu muito esses dias e decidimos ligar quando estivéssemos indo para o apartamento. – eu expliquei.
-Hum... Tudo bem com você, então? – ele se acalmou
-Estou super bem, aqui é muito legal e bonito, apesar do tempo não ter ajudado muito. E sem contar com a saudade que aumenta de vocês. – Alice tinha encostado o carro e pegado seu celular.
-Vai ligar pro Tio Jazz? – eu perguntei
-Sim! – ela respondeu contente.
Voltei minhas atenções para o celular.
-Ah. Estamos com saudades também. E o pior que é só o começo... Sua mãe quer falar com você. Te amo, querida.
-Também te amo, pai.
O telefone não ficou mudo por meio segundo...
-Oi, querida! – minha mãe falava eufórica
-Oi, mãe, como estão às coisas?
-Tudo normal, como sempre... E seu tio Jasper mais sozinho que nunca, mas sempre tentamos animar ele, com “Alice já vem” ou “Vai ser rápido!” – ela deu um riso baixo, eu suspirei.
- Alice está falando com ele nesse momento. – eu olhei para Alice ao meu lado “Está tudo ótimo, logo você tem que vir nos visitar, amor, vem logo!“
-Hum... E seu cachorrinho está mais manhoso que nunca.
-Jake está bem? – eu perguntei, estava louca pra ligar pra ele. – Onde ele está?
- Está em La Push, Billy não anda muito bem e como você não está aqui, ele prefere ficar por lá. – sua voz ficou um pouco rouca.
-Ah, Ok! Mãe, vou desligar, manda um beijão pra todo mundo ai!
-Pode deixar, se cuida! Nós te amamos...
-Também amo muito vocês, pode deixar que me cuido e cuido da tia Alice também. – ouvi uma risada no fundo
E desliguei o telefone.
-Vamos. – Alice estava ligando o carro.
Eu acenei com a cabeça. Disquei os números que estavam travados na minha memória, tanto quando meu nome.
-Jacob? – eu perguntei ao telefone mudo
-Nessie, é você? – sua voz me inundou, me aconchegando.
-Como é bom ouvir sua voz... – eu suspirei.
-A sua também, amor! Como você está? – ele estava andando
-Estou ótima, mas... Bella disse que Billy está mal. O que houve? – eu fiquei preocupada, Billy era muito legal comigo, me tratava como filha.
- Ele está doente, seu coração está velho, né! – eu não gostei do tom de sarcástico na voz de Jake.
-Não fale assim do seu pai, Jacob! – eu o censurei.
-Desculpe, mas eu tenho que me acostumar. Billy não vai estar aqui pra sempre, mas eu estarei, tenho que me acostumar com as pessoas indo e eu... ficando. – ele estava triste, sua voz falhando.
-Eu te causo dor... – sussurrei.
-Não! – ele aumentou o tom de voz. – Eu sempre estarei com você, não se culpe por isso. É normal, é uma coisa humana, os pais morrerem antes dos filhos. Pelo amor de Deus, Nessie! Não tem sentido você se culpar. – parecia que ele estava brigando comigo. E estava.
-Credo, Jake, ninguém falou que seu pai ia morrer! – eu protestei
-Foi só modo de falar. – ele se desculpou
- Eu estou falando por você estar comigo, você não irá envelhecer. E... – ele me interrompeu
-E mais nada, isso é assunto meu. A morte é algo que não me assusta mais.
O que me assusta é ficar longe de... você – ele se acalmou.
- Tudo bem... – dei um tempo – Nossos assuntos não são mais os de antes, né?! Lembra quando agente brigava por qualquer coisa? – eu ri de leve
Ele deu uma gargalhada rápida, do jeito que eu gosto, sem preocupação.
-Lembra daquela vez que você me chamou de criança?
-Você ainda é uma criança... – eu caçoei.
- Sempre seremos... Sempre seremos os mesmos. – sua voz me parecia calma.
-Seremos. – eu concordei.
Olhei para fora da janela e vi que estávamos perto, tinha muito verde ao redor.
Campinas não foi escolhida apenas por ser perto da escola, mas também é um lugar estratégico, pois próximo dali á uma densa floresta e varias fazendas. Estava empolgava em caçar na fazenda, deve ser muito divertido...
- Estamos chegando no apartamento... – eu informei á ele
- Que legal... – Jake disse animado.
“Quem é?” ouvi uma voz de mulher no fundo, Leah.
“Nessie” Jacob respondeu.
- Amor... Vou ter que desligar. Meu pai chegou do hospital, Carlisle fez questão de atendê-lo.
- Imaginava, Carlisle é muito bondoso. E... Ok. Mande um beijo pro Seth, pra Leah, - minha voz falhou no nome dela - pra Sue e pro vovô se estiverem aí. Melhoras pro Billy.
- Claro... Até mais minha morceguinha! – ele disse brincalhão
-Ate mais meu cachorro! Te amo.
-Te amo... – ele sussurrou e desligou.
-O apartamento é logo, ali! – Alice apontou
Era um imenso prédio, com grandes janelas azuis e pretas.
Alice anunciou ao porteiro e entrou com o carro. A garagem era gigante, vários carros de todos os modelos, mas uma coisa prevalecia: todos me pareciam caros.
Logo o porteiro apareceu para nos ajudar com as malas e nos levar até o apartamento. O interior do elevador era todo dourado e com uma musica lenta de fundo. O nosso apartamento ficava no 5º andar.
O elevador se abriu e o porteiro deu a chave a Alice.
- Aproveite, é um belo apartamento. – ele nos cumprimentou
-Obrigada. – nós respondemos.
-Qualquer duvida estarei na recepção. Até. – ele se dirigiu ao elevador.
Alice abriu a porta. Apartamento A10. O interior exatamente do jeito que tínhamos visto no site.
Me lembrava o hotel que estávamos, mais muito mais brilhante e sofisticado, com balcões de vidro, 2 sofás, uma cadeira redonda forrada por couro preto, um grande lustre com 6 camadas de bijus, uma mesa de jantar de vidro, ao fundo uma grande cortina bege clara, fui até lá e as afastei, abrindo a porta-janela que dava a varanda.
Uma vista linda, com muito verde, dava para ver as montanhas da floresta próxima. Alice ao meu lado, tão feliz quanto eu.
- Queria que nossa família estivesse aqui pra ver! – ela disse
-Eles viram. – eu passei meu braço por sua fina cintura. – Vamos olhar o closet! – eu disse animada, ela abriu um enorme sorriso.
Passamos por uma sala de TV; tinha um sofá preto com varias almofadas de oncinhas de frente para uma grande TV.
Seguimos por um corredorzinho e entramos no primeiro quarto. As paredes eram brancas e o teto bege, uma TV, uma escultura de metal fundido, a porta do closet era uma porta-de-correr espelhada. O closet tinha uma cortina branca no fundo, um pequeno armário no meio e um armário embutido na parede, o chão tinha um carpete roxo escuro e uma porta que dava para o banheiro que era de mármore, acima da pia tinha um enorme espelho, o banheiro era todo dourado.
Alice me puxou para a cozinha, a decoração era preta, tinha uma TV na parede, com uma mesinha de vidro e duas cadeiras altas forradas por um tecido branco com estampas pretas. Muito bem iluminado e moderno. Fomos ver o outro quarto que era bem parecido com o outro, mais o carpete do closet era branco, Alice preferiu ficar com aquele e eu fiquei com o primeiro.
Estávamos na varanda, sentadas na sacada, nossos pés balançando pelo vento.
-Alice, quando o tio Jazz vir pra cá você não acha melhor... Voltar junto com ele? – eu precisava convencer Alice á voltar.
Alice não me olhou, ficou cinco segundos olhando para o horizonte.
-Juro que vou pensar. – ela acariciou meu rosto – Se eu voltar agora, seu pai vai ficar muito... preocupado. Mas se eu... – ela fechou os olhos por um momento – for mais tarde, talvez depois da visita de Jasper, ele não ficará tão tenso. – ao mesmo tempo em que ela falava com um tom de seriedade, percebi que ela também achava a preocupação de meu pai... imprópria.
-Eu espero. – dei um sorriso torto.
9º SÃO PAULO
O sol nasceu e se espalhou pelo meu quarto, junto com minha força, meu animo, meu humor e ainda mais meu amor pelo carinha que estava ao meu lado e pela minha estranha e incrível família.
-Está animada? – ele me perguntou sorrindo, mostrando seus perfeitos e lindos dentes brancos.
-Uhum – eu sorri de volta – Eu não sei o que aconteceu, mas agora não estou com tanto medo da despedida, acho que essa minha “viagem” será para melhor e quando voltar estarei muito mais próxima das pessoas que amo. – eu o abracei.
-Como se fosse possível. – ele piscou para mim
-Tudo é possível! – eu argumentei.
O ambiente do quarto estava leve, puro.
Me arrumei, Jake também. Ele levou minhas malas e desceu, enquanto eu observava meu quarto vazio: a grande janela, as cortinas roxas, as paredes brancas, minha cama, meu closet, respirei fundo e sorri.
Desci as escadas devagar. Não tendo idéia se meu tempo no Brasil iria passar rápido ou lento, mas iria vive-lo ao máximo, o melhor possível.
-Oi, amor! – minha mãe, veio na minha direção e me abraçou, tenho certeza que se ela pudesse, estaria chorando.
-Bom dia, mãe. – eu fechei os olhos e me afundei em seus cabelos, sentindo seu delicioso e reconfortante aroma.
Nos afastamos, depois foi meu pai que veio me abraçar.
-Se cuida, Nessie. Qualquer coisa você volta. – ele falava enquanto me abraçava
-Claro. – eu concordei
Jacob estava na porta com minhas malas.
-Vamos para casa de seu avô. Eles estão esperando. – Bella pegou minha mão e me levou para fora
Olhei para a delicada e alegre casa. A minha casa. Cheia de boas lembranças. Isso me fez pensar em Forks, na nossa outra casa, onde eu realmente tive frustrantes e inesquecíveis emoções. Ou na velha casa de Carlisle, onde nasci. Cheia de momentos divertidos e decisivos.
Eu peguei uma mala, Jake ficou com a outra.
Fomos correndo, não havia necessidade de carros.
Minha família já estava do lado de fora. O porsche amarelo de Alice a nossa espera, eu estranhei. Ela iria com seu carro velho?
Não menos valorizado, ela tinha um carinho especial por ele, talvez por Edward ter dado a ela.
Seu atual carro também era um esporte, modelo atual.
-Você vai com o porsche? – eu passei a mão na frente do capo, com a tintura amarela viva, recém-tingida.
-Sim! Queria dá uma voltinha com ele. – ela disse animada
-Já se despediu? – eu perguntei a ela ao lado da porta do motorista, Jasper com o braço em sua cintura
- Claro.- ela afirmou com a cabeça.
Dei minha mala ao Jacob que colocou no carro e fui abraçá-los.
-Se cuida. – disse Rosálie.
-Sempre ligue. – lembrou Esme
-Boa sorte. – desejou Carlisle
-Até logo. – Emmet
Jasper foi me abraçar.
-Cuide da minha pequena, ok?! – ele disse solene.
-E eu cuido dela. – Alice respondeu.
-Claro, Tio. – eu afirmei.
Era a vez de Jake, que estava me olhando, com seus olhos carinhosos, seus braços estendidos e seu sorriso grande e caloroso.
Eu corri e o abracei, me afundei em seu peito quente.
Ele acariciava meu cabelo.
-Até logo, Nessie... Eu te amo. – ele sussurrou em meu ouvido.
-Eu também. – e o beijei apaixonadamente, nada delicado ou cuidadoso, apenas nossos sentimentos á flor da pele. - Até. – eu apertava seu braço.
Eu abracei meus pais novamente. Fui na direção do carro.
-Ei! Espere! – Jake foi até mim e me entregou uma blusa, sua blusa. - Somente uma lembrança. – e depois tocou o pingente em meu punho.
-Obrigada.– nossos lábios se tocaram pela ultima vez
Eu entrei no carro, Alice beijou Jasper e entrou logo depois.
Baixei o vidro e fiquei acenando, minha família acenava de volta enquanto nos distanciávamos rapidamente.
-Vamos rodar um pouco a cidade? -ela me perguntou- Faz tempo que não pego o porsche. – ela passava a mão sentindo o coro e o estofado.
-Claro.- eu concordei.
Quanto mais tempo eu passar em Quilcene, melhor.
Alice passeou em Quilcene, em Port Ludlow, foi ao porto e depois fomos ao aeroporto.
Alice parou o carro.
-O que vai fazer com ele? – eu me referi ao porshe.
-Depois eu ligo para que um de seus tios venha pega-lo. – ela piscou pra mim.
-Claro...
Pegamos as malas e fomos ao embarque. Alice estava tão empolgada quanto eu.
Depois de mais ou menos 4 horas de vôo. Aterrissamos em São Paulo. Tempo: chuvoso, é claro. Apesar de ter sido meio antecipado, sempre conferíamos na previsão do tempo ou na Alice mesmo, se estava propício de ir.
Eu respirei aliviada. Finamente cheguei. Não acredito que cheguei.
Alice pegou minha mão e me dirigiu a um taxi.
Era muito diferente dos taxis que conhecia, era branco no modelo Picasso. Entramos no carro. Acho que provavelmente Alice tenha visto qual era bom, seguro e qual era encrenca.
-Pra onde? – o motorista perguntou
Tia Alice deu as instruções para o hotel que ficava na capital com seu português fluente. Ele acionou o taxímetro.
-Você tem que aprimorar seu português. – ela insistiu.
-Sim. – eu concordei.
Na rua vi gente totalmente agasalhada, mas pra mim não sentia frio nenhum. Vi casas muito grandes e bonitas, vários apartamentos e condomínios.
-Chegamos. – avisou o taxista.
Ele nos ajudou com as malas, estávamos de frente de um belo e sofisticado hotel.
-Obrigada. – eu falei ao motorista, mas não consegui tirar o sotaque.
Alice tinha feitos reservas para nós por três dias, logo iríamos para o nosso apartamento.
Nosso quarto de hotel era grande: duas camas de casal, um banheiro de mármore, uma TV de tela plana, a decoração em um tom bege e dourado, tudo muito charmoso. Não iria reclamar se passasse um ano ali, mas era muito longe do colégio que pretendo estudar.
Combinamos que entraria no último ano, aqui seria o 3º ano.
Estamos no final do mês de janeiro, sendo a época perfeita para começar, pois o ano escolar inicia no começo do ano, diferente dos EUA, em que o ano letivo começa depois das férias de verão, em agosto.
-Amanhã vamos ver se está tudo pronto no nosso ap. – Alice me avisou.
-Ok. – eu disse empolgada.
Ela desceu para o SPA e eu fui dar umas voltas pelo hotel.
Estava de noite e as luzes internas da piscina davam um efeito lindo.
Era Lua Cheia, o céu completamente iluminado. Acho a lua tão linda, tão mágica, tão romântica...
Mudei meus pensamentos para meus futuros colegas de escola.
Estou ansiosa para conhecer-los, espero que não sejam esnobes, já que a escola é de classe alta ou que tenha muitas intrigas, odeio brigas.
Fui ao SPA ver como estava minha tia. Ela estava em um cômodo, todo emadeirado, com muitas velas e luzes coloridas, ela estava no ofurô, com uma toalha perdendo seus cabelos...
-Que gostoso... – eu comentei a ela.
-É relaxante. – ela abriu os olhos – Não é por que temos nossas “exceções”, como não precisar respirar ou nossa pele ser tão resistente quanto mármore, que um ambiente desses não é relaxante. – ela sorriu – Entra aqui! – ela me chamou.
Eu coloquei um biquíni e entrei, o ofurô era bem grande, poderia caber mais duas pessoas.
-Que quentinha... – eu comentei
-Ela está realmente morna. Dessa vez não esta quente pra você, porque a água está gelada. – ela riu.
-Que bom. – eu respondi.
Havia uma música de fundo, era calma de piano, pensei por um segundo em meu pai. Fechei os olhos, ouvindo a melodia, apenas tinha vontade de sorrir e relaxar. Podia me imaginar tocando-a, era simples e bela.
A música tinha mudado e acordei de meu pequeno transe.
Eu fiquei olhando minha Tia, que estava de olhos fechados, qualquer um poderia dizer que ela estava dormindo...
-Alice... – eu a chamei minha voz suave, baixa. – Como você soube que Jasper era a pessoa certa pra você, a sua alma gêmea? – ela abrir os olhos e se aproximou um pouco de mim
-Hum... Desde á primeira vez que o vi! Quando estávamos na floresta, sem rumo, apenas andando, procurando um novo destino... Eu vi nele o que faltava em mim. A parte de mim que nada preenchia... Claro! Que eu era nova no nosso mundo, estava assustada e insegura, mas foi quando eu o vi pela primeira vez, em minha visão, que me senti segura e... completa. – ela sorriu pra mim – E fiquei esperando por ele, já sabendo que era ele quem trazia minha felicidade. Logo depois encontrei a nossa família: Carlisle, Esme, Rosálie, Emmet e seu pai. Jasper me completa e eu o completo.
Um sorriso sereno não queria sair do meu rosto, talvez fosse a musica que tinha ouvido, o aroma das velas ou a parte em que Alice tinha falado que um completava o outro.
Era assim comigo? Eu completo o Jake e ele me completa? Acho que sim...
Mas me sinto tão má, tendo Alice como babá, Jasper deve ficar tão perdido sem ela, como eu estarei sem o Jacob. E infelizmente o sorriso em meu rosto começou a desaparecer.
-Ele vai sentir muito sua falta. – eu disse á ela
Seu rosto, assim como o meu, não tinha mais um sorriso.
-Sim. - ela afirmou
Alice não queria disser o quanto era doloroso ficar longe dele, ela estava se fazendo de forte. E eu odiava aquilo, me detestava.
-Ele deveria vir nos visitar! Não há problema nenhum. – eu a avisei
-Claro! – ela se animou – Ok. –se sacudiu um pouco – Chega de desanimo. Vamos nos divertir, comprar muitas roupas e coisas...
Ela havia mudado de humor.
- Ótimo! – eu respondi
Nossos poucos dias na capital passaram voando, todas as tardes íamos para shoppings ou lojas na rua.
Então o quarto dia em São Paulo amanheceu.
Nos estávamos pronta, dentro do carro que Alice tinha comprado, um civic si, na cor vermelha, lindo.
Íamos para Campinas, onde ficava o nosso apartamento, são mais ou menos 40 minutos da capital ao apartamento, principalmente na velocidade em que Alice dirigia.
Capitulo 8 - Quando e Onde?
Estávamos a uns 13 metros da casa de Carlisle, fomos andando mesmo.
Jake insistiu em se transformar, mas eu queria manter uma conversa, já que ele detestava quando eu usava meu “poder Edward”, como ele dizia. Mas sentia que era mais do que somente ler mentes, talvez na minha próxima aula com Zafrina, eu descubra.
-Não se assuste com os comentários da minha família. Eles já sabem! – eu revirei os olhos.
-Ok! – ele disse animado, como se pudesse se divertir com os comentários do Tio Emmet.
Entramos de mãos dadas dentro da bela e iluminada casa de meus avós.
Minha família estava na sala; Alice no notebook com Jasper ao seu lado em uma escrivaninha, Emmet passando os 30 canais de esporte e o resto conversando no espaçoso sofá bege.
Todos nos olharam, fiquei nervosa e envergonhada com aqueles sete pares de olhos dourados em minha direção e na de Jacob, mas logo todos sorriram simpaticamente.
Alice não havia se mexido um centímetro, seus olhos e dedos ágeis no computador.
-O que está fazendo? – perguntei curiosa, olhei para seu rosto, ela me parecia seria, um pouco chateada. – Você está brava?
- Quando mais cedo formos mais cedo voltaremos! E estou procurando, o que você quer!- ela me respondeu
-Você está chateada, né! Desculpe, é que eu... Preciso de mais informações, de um tempinho. E tenho certeza que estou fazendo o tio Jazz se sentir um pouco melhor! – eu olhei para ele ao lado dela em outra cadeira.
- Um pouco melhor! – ele concordou e eu a abracei.
“Já volto!” – Jake disse no meu ouvido, com um beijo no rosto logo em seguida.
-Tudo bem! – ela se acalmou.
-Nossa! Você está conseguindo me “ver” muito bem e muitas vezes também. – eu fiquei animada.
-Não. – ela disse como se fosse óbvio – Eu já te disse, coisas que me afetam diretamente me ajudam a ver com mais clareza. E não se esqueça, que todas às vezes que eu “vi”, você estava com o Jacob! – ela apontou para meu doce lobo ao lado de Emmet no outro lado da sala, conversando sobre um jogo de beisebol, provavelmente apostando.
-Entendi. Mas o que você está procurando exatamente? Não te disse nada, nem falei com Jake sobre quais informações vou procurar. – eu perguntei olhando para a tela de seu notebook, roxo brilhante.
-Eu apenas deduzi! Você gostaria de saber qual a melhor escola para se estudar. – ela disse confiante.
-Sim... – eu dei um beijinho no rosto – Mas também onde vamos morar. – eu á lembrei
-Hum... Eu estava pensando em Campinas. O que acha? – ele me mostrou no mapa em seu computador.
Verde por perto, não era tão próximo a metrópole de São Paulo, mas nada de alguns minutos de carro não bastasse.
-É um bom lugar. – eu sorri animada. – E a escola, já viu alguma?
-Claro. Gostei do Liceu Salesiano. Parece um campus e o preço é acessível.
Fico pensando se existe algum preço que não seja acessível a nós.
Alice mostrou no mapa a escola.
- Nossa, parece boa. Talvez você devesse mostrar á meus pais... – eu caçoei
- E o apartamento, já sabe qual? – eu puxei uma cadeira e me sentei ao seu lado.
- Ainda não me decidi, queria sua opinião. Tem esse aqui! – ela me mostrou um, em um site de imóveis do Brasil, tudo em português, eu podia entendem algumas coisas, mas Alice me dava todas as informações. - E esse! – ela mostrava outro.
Todos de três ou quatro suítes, sala de estar gigantesca...
-Nossa, Alice! Se você alugar um apartamento desses vou me sentir mais sozinha ainda! – eu apontei.
- Alugar? Quem disse alugar? Eu iria comprar! – ela me encarou confusa.
-Comprar? Não precisa tanto, alugar já está ótimo. – eu sorri
-Hum... – ela fez uma careta. – Tudo bem... Mas também vamos ter que morar em um apartamento de duas suítes? – ela ainda fazia careta
-Tá. Mas é para apenas nós duas, Tia, não se esqueça. – eu coloquei minha mão em seu ombro.
-Ok. – ela fez bico.
Depois de muitos não, achamos o apartamento certo.
Um em Alphaville, com duas suítes, dois quartos, quatro banheiros, 165 m², muito bem decorado; um mistura de moderno e clássico.
Nós ficamos encantadas por ele e a parte quatro banheiros ajudou muito. Ela mandou um e-mail para a compra. Mas logo depois ligou para lá.
E já o – alugou. Fiquei animada, estava ansiosa para pegar o avião e embarcar em São Paulo, morar e ver a bela vista do nosso apartamento.
Alice desligou o notebook.
-Você torna tudo mais fácil. – eu a agradeci.
-É o meu trabalho. – ela brincou.
Fui na direção de Jacob...
-O que estão fazendo? – eu perguntei a ele e tio Emmet, que conversaram um bom tempo.
-Ah, nada! Só falando besteira. – Jake me pareceu envergonhado.
Eu levantei uma sobrancelha.
-Eu realmente achei que você iria acabar com ele, Nessie! – tio Emmet riu em alto e bom som, para que todos da sala olhassem para nós.
-Não acredito que estavam falando de... – eu bufei – Tudo bem. – eu me afastei deles.
Eu me sentei frustrada no sofá, ao lado de Bella.
-Eu realmente não agüentava seu Tio quando eu e seu pai tivemos as nossas primeiras noites. Até eu fazer uma aposta para ele nunca mais falar sobre o assunto e vencer. - ela sorriu orgulhosa.
-Eu acho que me lembro... Tem alguma coisa a ver com queda-de-braço?
-Há!Há! É isso mesmo... Você era um bebê ainda, eu recém-nascida, mais forte que qualquer um. – seu sorriso foi desaparecendo. Foquei-me nela.
“... os Volturis, há quanto tempo não dão noticias... Graças a Deus! Talvez ela indo para outro lugar, outro país, a afaste ainda mais do perigo!”
-Eu ainda corro perigo? – eu perguntei surpresa.
Ela me olhou desnorteada. Nem percebi que era a primeira vez que tinha lido a mente de Bella. Meus poderes eram imunes ao dela.
-Você... Você leu a minha mente? – ela gaguejou
Meu pai me olhava com pura curiosidade, assim como o resto da família, menos Jacob, Emmet e Jasper que se divertiam falando mal de algum jogador da TV.
-Eu acho que sim... – afirmei a ela.
-Por que você pode? – perguntou Edward curioso e confuso.
- As habilidades dela sempre foram imunes as defesas de Bella, Renesmee sempre pode mostrar o que queria a ela. Não seria novidade se também pudesse ler sua mente. - respondeu Carlisle
- Nossa... – ouvi Rosálie dizer atrás de Carlisle.
-Tenho inveja de você, minha filha. – disse meu pai sorrindo, contente.
O clima da sala foi lentamente mudando e Bella respondeu minha pergunta.
- Sempre... Eles deixaram você viver, mas eles sempre devem estar de olho. – ela estava séria, preocupada.
-Tudo bem. – eu tentei mudar o clima pesado. – Já faz muito tempo, não se preocupe tanto, mãe. – eu acaricie seu rosto. E mostrei o meu novo apartamento.
-É lindo! – ela se animou - Vou querer conhecê-lo um dia!
-Claro. – eu afirmei
O tempo passa rápido na presença das pessoas que amamos e a noite já tinha chegado. Ficamos um bom tempo na floresta.
Sentirei saudade de Quilcene.
-A que horas vamos? – perguntei a Alice.
Que ensinava minha mãe a subir nas árvores sem sujar seu vestido, Bella não ligava para roupas, mas Alice fazia questão de ensinar.
-As 14:00 hrs, chegaremos mais ou menos as 16:00, ficaremos no hotel em São Paulo e depois vamos pra o apartamento. – ela sorriu empolgada.
-Ok! – eu respondi ansiosa
-Você não vai passar seu tempo restante com Jasper? – perguntou Bella, provavelmente tentando se livrar de Alice.
-Daqui a pouco! Nós já conversamos, ele é muito compreensivo, eu amo isso nele! – ela respondeu apaixonada
Nossa conversa me fez pensar em Jacob, que estava a poucos metros de mim, caçoando nas falhas tentativas de Bella.
-Jake! – eu corri e agarrei seu braço
-Oi, amor. – ele beijou o topo da minha cabeça.
-Eu ainda não te dei as ultimas informações. – toquei seu braço.
Meu poder de “mostrar” o que quero, estava evoluindo.
Não me limito á apenas tocar o rosto, agora qualquer parte do corpo em que minhas mãos toquem, já basta.
Mostrei a ele, as fotos, as informações de Alice sobre o apartamento, á localização, uma visualização 3D que tive pelo tour virtual do site, Tudo.
E depois quando Alice me disse o horário que iremos.
Eu tirei minha mão.
-É bem bonito – ele concordou.
Edward chamou Bella e Alice para dentro, acho que logo iríamos embora.
- Às duas da tarde, hein?! Ainda á tempo para aproveitarmos bastante. – ele me puxou para mais perto, seu braço apertando minha cintura.
Eu fiquei na ponta dos pés, para alcançar seu rosto, rocei meus lábios nos deles, em sua bochecha ate chegar a seu ouvido.
-Talvez... – eu sussurrei.
Ele sorri contente, como se eu tivesse falado que sim.
Talvez ele saiba como me convencer.
Não demorou muito para nossos lábios estarem colados e se movimentando involuntariamente.
-Hora de ir. – meu pai nos chamou dentro da casa.
Eu me afastei dele com dificuldade, lutando contra a minha própria vontade.
-Vamos. – eu o - dei um selinho e pequei sua mão.
Despedi da minha família. Esperávamos ansiosos para amanhã à tarde.
Em casa tudo foi tranqüilo, pequei minha mala, tirei as roupas usadas e coloquei outras. Tive que trocar de mala, para uma maior.
Jacob estava no meu computador. Liguei meu radio e fui ver o que ele estava fazendo.
-Você vai me trocar por um jogo? – eu fiz beicinho.
Ele se virou e imediatamente o - desligou, olhando para mim quase hipnotizado, talvez pela minha camisola de seda vermelha, bem curta, com alças finas.
Fiquei envergonhada com aquele olhar imprint de sempre, mas porém, eu estivesse começando a gostar daquilo.
-Você está querendo me deixar louco, né! – ele disse travesso
Ele empurrou a cadeira e me beijou, seu braço ao meu redor.
Eu pulei em seu colo, minhas pernas ao redor de seu quadril.
-Fico imaginando a quantidade de caras que vão se apaixonar por você! – ele me disse quando nossos lábios davam um tempo. – É tão fácil se apaixonar por você!- ele diminuiu o espaço que restava de nossos corpos.
- Você acha? – eu perguntei.
-Tenho certeza! Você é linda, inteligente, indestrutível, engraçada, você é perfeita, Nessie! – eu fiquei surpresa pela quantidade de elogios que ele me disse.
- Isso é só a opinião de um cara apaixonado! – caçoei.
-Exatamente – ele afirmou – A opinião de um cara – ele encostou nossos lábios – completamente apaixonado – novamente – pela garota mais maravilhosa do mundo! – e novamente outro beijo.
-Seu bobo! – eu revirei os olhos. – E duvido que Leah Clearwater não vai dar em cima de você! – eu levantei uma sobrancelha.
- Aff... Leah, é a Leah. Você á conhece! – ele balançou a cabeça.
-Exatamente por isso, bonita, forte, lobisomem como você e fica nua com freqüência na sua frente... – eu ri.
-Mas nada se compara a você! – ele olhou para meu corpo.
-E nada a você! – eu admiti
Passei minhas mãos em suas costas nuas, depois contornei seus musculosos braços e seu peitoral esculpido.
Ele me deitou na cama, minha camisola já estava a dois palmos da onde deveria estar. Ele beijou minha mandíbula, minha clavícula, meu busto. Minha respiração ficou um pouco desigual. Ele olhou pra mim travesso e desceu para beijar minha perna de cima a baixo, depois voltou a me beijar novamente. Suas mãos contornaram todo meu corpo e abaixou as finas tirinhas do meu ombro.
Eu respirei fundo.
-Não, Jake. – eu ofegava – Meus pais estão lá em baixo.
-Não teremos a mesma sorte que ontem? – ele perguntou esperançoso
-Não. – eu respondi um pouco chateada. – Mas posso te fazer se sentir um pouco melhor. – eu sorri maliciosa.
Coloquei minha duas mãos em seu rosto e o mostrei todos os detalhes da nossa noite mágica de ontem. Quando acabei o beijei tão apaixonadamente, o quanto pude, ele também.
Ele acariciava minhas costas enquanto eu mexia em seu cabelo.
A saudade viria e rápida.
Nessa noite não dormimos, apenas conversando e nos acariciando. Uma coisa que Jacob era bom, era me deixar relaxada e confiante...
Para enfrentar o dia de amanhã. Despedida.
“O desejo é uma força poderosa que pode ser usada para fazer as coisas acontecerem.”
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