4 de outubro de 2010
15. FANTASIA
As semanas passaram tranquilas, eu ajudava no que podia nos afazeres da republica, na escola Camila virou uma boa... colega.
A Bia e o Léo são meus melhores amigos, alegram meus dias; eu sempre ligo pra minha família contando todas as novidades; Jake ficou com ciúmes quando falei do Léo, mas não era tão grave; meu pai estava cada vez mais se acostumando com a idéia de eu ficar em São Paulo...
Minha relação com o Léo era... um pouco estranha, de vez em quando rolava um clima entre nós e eu sempre tinha que fazer alguma coisa pra quebrá-lo. É realmente difícil não gostar desse garoto, ele era carinhoso, engraçado, um pouco responsável, bonito...
Eu suspirei.
Estava no computador mandando e-mail e fotos a minha família, quando Bianca entrou no quarto.
- Reh, você não sabe!! – ela estava empolgada
- Diga.
- Sábado a Michelle vai dá uma festa de aniversario, à fantasia!- ela quase pulava de felicidade
- Legal!
-Você vai de quê? Eu ainda tô em duvida entre cigana e espanhola...
- Não faço idéia, acho que vou ligar pra minha tia, ela é expert em roupa. - eu peguei meu celular
Hoje é quinta então tinha mais ou menos dois dias para arrumar uma roupa. Eu amo festas e seria a primeira que eu iria com a Bia e o Léo.
- Que ótimo, ela pode me dar uma dicas também.
- Vocês duas se dariam muito bem... Vocês meio que vivem em outro mundo. – eu ri, ela me encarou.- Leve isso com um elogio.
-Amanhã eu vo em uma loja pra aluga a fantasia, você vai junto?
-Claro. – terminei de discar os números de Alice.
Bianca saiu do quarto e começou á conversar com a Sophia e o Léo que estavam na sala, podia ouvi-los perfeitamente.
- Oi, Nessie! – Alice gritava ao telefone – Eu sabia que você ia ligar.
- Claro... Mas sabe o motivo? – eu a testei
-Não. Fala, o que houve?
-Bem... Vai ter uma festa Sábado e será a fantasia, você poderia me ajudar?
-Nossa, que legal... – ela estava empolgada. – Há quanto tempo eu não vou a um baile de máscaras. – ela suspirou
-Alice?
- Hã... Bem eu posso ir aí te ajudar?
-Vir pra cá? – ela estava querendo voltar pra São Paulo?
- É... Só pra te arrumar, domingo eu venho embora. – eu não á via, mas podia imaginá-la com aquele sorriso empolgante de sempre.
- Acho que não precisa... – mas ver Alice, abraçá-la, sentir seu cheiro. – Mas se não tiver problema pra você. Ah, você vai adorar minha amiga.
-Aí. Que legal. Vou comprar a passagem agora mesmo, se tiver horário hoje á noite estarei aí. Que emoção... – ela falava alto e rápido
- Tudo bem, Tia, te espero... Manda um beijo pra todo mundo.
-Claro... Até logo. - e ela desligou.
Eu ri, Alice nunca muda, qualquer assunto que tem haver com roupa ela ficava excitada.
Fui pra sala, a Bia já tinha resolvido que iria de cigana, mas eu ainda não sabia... Ela tentava me ajudar:
-Demônio?
-Não. – já bastasse eu mesma.
-Anjo Negro?
-Não.
-Princesa?
-Não.
-Policial?
-Não.
- Dançarina de Hula?
-Não!
-Anjo? – perguntou Léo.
-Nã- eu parei – Anjo?
-É. Boa idéia, Léo... Você ia fica linda de anjinha. – apoiou Bianca
- É, eu acho que é uma boa idéia... – eu sorri para aquele garoto de olhos verdes.
Eu estou bem longe de ser um anjo, mas por uma noite poderia ser...
Depois mostrei uma foto de Alice do celular, todos a acharam perfeita – claro.
Fiquei imaginando se alguém também viria junto com ela, queria tanto ver meus pais e se o Jacob estivesse vindo pra cá?
Meu coração quase saltou no peito, eu respirei lentamente para me acalmar, ele não viria, não podia, ele quer me deixar... sozinha, pelo menos por mais um tempo.
Alice tinha conseguido uma passagem e chegaria à noite.
Eu e a Bia vimos varias roupas de ciganas e de anjos no computador, mas eu precisava da opinião de Alice.
Eu estava na varanda vendo anoitecer, quando senti aquele cheiro familiar e adocicado atrás da porta. Eu corri, sem me importa com minha velocidade.
-ALICE! – eu gritei ao abraçá-la
-Oi, Renesmee. – seus braços me apertando.
-Ai... Tia que - eu á apertei – saudade!
Ela se afastou e me deu um beijo carinhoso no rosto. Bianca vinha do quarto...
-Bia, Bia essa é a minha tia Alice! – eu á apresentei eufórica.
Bianca deu um aceno tímido, Alice a cumprimentou com um beijo. Minha Tia sempre foi assim, espontânea.
- Bem... E então quais são minhas obrigações aqui? Primeiro, qual sua fantasia? – nós se sentamos no sofá.
- Anjo. – eu falei contente
-Nossa... Perfeito. Tenho até umas idéias já... – Alice pensava – Mas e você Bianca?
-Cigana... – Bianca aos poucos estava se acostumando com a beleza anormal de Alice.
- Que legal... Eu vou deixar-las como as rainhas do baile!- Alice falou orgulhosa
-Tia, é só uma festa de aniversario. – eu a lembrei
- Tanto faz... Ah, eu vou ficar no nosso apartamento. – ela me informava.
-Que ótimo.
Eu dormi tranqüila abraçada à blusa que Jacob tinha me dado quando parti.
Mesmo já tendo se passado um mês deste que ele me dera, ainda tinha seu delicioso e amadeirado cheiro.
Quando acordei, todos já estavam de pé... Já tinha se passado o almoço, Bia estava me apresando para irmos logo à loja de fantasia, Alice estava na republica também me esperando. Eu tomei um banho rápido e me troquei.
- Pronto! – eu as puxava para a porta.
- Ah, o Léo vai com a gente, algum problema? – perguntou Bianca no elevador.
-Não... – eu respondi surpresa por ela achar que haveria algum problema.
-Quem é Léo? – perguntou Alice curiosa
- É um amigo nosso... Quero dizer, to tentando fazer ele se alguma coisa á mais dessa aí. – ela apontou pra mim. – mas ela fica pensando no outro.
Alice me olhou maliciosa, eu não quis encontrar seu olhar e virei o rosto constrangida.
Léo estava nos esperando na recepção, com uma blusa preta e calça jeans.
Alice olhou para ele e depois pra mim.
“Nossa, ele é bonito, Nessie. Bem melhor que o Jacob!” – ela queria me irritar?
Eu a censurei com os olhos.
Cumprimentamos o Léo e apresentei minha tia.
Fomos andando para a loja de fantasia, era perto daqui. Quando chegamos lá, Bianca e Alice não se desgrudavam, sempre comentando sobre as fantasias, eu e o Léo, afastado delas.
-Você vai de que? – eu perguntei pra ele enquanto observava uma máscara
-Hum... – ele pegou uma máscara preta que cobria somente os olhos. – Zorro? – seu tom brincalhão de sempre.
- É... Zorro ia ser legal. – eu apoiei
Seus olhos pararam em mim por um instante e seus pensamentos me atingiram.
“Como eu queria que você me notasse, queria tanto ser mais que seu amigo... -“ – eu não gostava de ler seu pensamento, me sentia uma intrusa.
- Eí, vocês dois, venham aqui! – chamou Alice.
Nós se aproximamos do balcão, no qual tinha uma asa de anjo feita de penas artificiais, uma coroa fina de prata, um vestido vermelho e preto com varias medalhinhas na borda da saia, era a fantasia de cigana e uma bandana com medalhinhas nas pontas.
-Que lindo. – eu sentia a textura das penas. – Mas e a roupa? – eu não a - via no balcão.
Alice tirou de trás dela um delicado vestido, com finas alças e longas mangas de um tecido transparente branco.
- Não é lindo? – analisava Bianca
-É. – eu respondi o - pegando
-Vá experimentar! Vocês duas. – Alice nos empurrava para o trocador.
Eu coloquei aquele delicado vestido que parava um pouco acima do joelho, as asas, a coroa prata contornando a parte de cima de minha cabeça como uma coroa-de-louros. E sai.
Alice me analisou...
-Hum... Falta o sapato. – ela olhava para meus pés descalços.
Depois saiu Bianca, com a bandana vermelha, seu vestido que na parte do busto era um tecido franzido branco. E varias pulseira douradas.
-Como estou? – ela virou em torno de si.
-Hum... Você também precisa de sapato. - Alice analisou
-Ah, não se preocupe Alice, eu tenho uma bota que vai combina perfeitamente. – Bianca falou
-Eu tenho uma idéia. – Alice balançava o dedo – Já volto. – e ela saiu da loja
- Onde ela foi? – perguntou Léo tão surpreso quanto nós.
Eu dei de ombros e voltei pra o trocador para tirar a fantasia.
Depois de meia hora, Alice voltou com uma caixa de sapatos.
-Aqui! – ela me entregou – Abra.
Eu abri e vi uma delicada sandália prata, com fitinhas que seriam estreladas até perto do joelho.
-Experimente – ordenou Bianca
Eu me sentei em um baquinho e coloquei a sandália... Perfeita.
Alice sorriu orgulhosa.
Compramos tudo, o Léo levou apenas uma capa preta, um chapéu e a máscara do zorro, ele disse que tinha uma roupa toda preta em sua casa.
Nós ficamos passeando pela rua, Alice ficou até á noite em casa, mas depois foi embora.
Eu estava lendo um livro da Bia (Cidades de Ossos) , quando ela pegou seu violão, eu nunca tinha visto ela tocar, sempre vi o violão em baixo da cama, mas nunca perguntei nada.
-Você sabe tocar? – ela me perguntou
- Eu tentei uma vez, mas era pequena...
Ela se levantou e me entregou o violão.
- Tente. – ela me observava
Eu passei os dedos pelo violão uma vez, testei algumas notas com a mão esquerda, abafando algumas cordas, fui devagar, até pegar um ritmo rápido e envolvente. Quando olhei pra Bia, ela esta espantada.
-Como fez isso?
-Eu apenas peguei o ritmo.
- Nossa... Você sabe alguma musica?
-Hum... Eu sempre canto uma com minha tia...
- Alice? – perguntou Bia
-Não, Rosálie. - falei sem pensar
-Quantos tios você tem?
-Quatro. – falei orgulhosa
-Nossa, nunca imaginei que você tivesse uma família grande.
- É, eu tenho... - suspirei
- Mas então como é a musica?
- Bem posso tentar no violão, eu sempre canto no piano, mas... – ela me interrompeu
- Piano? Você tem um piano? – ela estava surpresa
- Tenho.
Eu passei os dedos novamente pelo violão, ouvindo cada timbre que emitia, fechei os olhos apenas sendo seguida pelo som e comecei a cantar a musica que eu conhecia desde pequena.
-Nossa... – falou Bia entre os dentes.
Eu abri os olhos.
- Sua vez! - e coloquei o violão em seu colo.
-Eu to até com vergonha, agora. Nada se compara com a sua voz... – ela se afastada do violão, eu o mantive no lugar
-Não, por favor, quero ouvi-la cantar.
Ela respirou fundo, começou a tocar o violão agilmente e a cantar uma musica, sua voz era doce e suave.
Eu bati palmas quando acabou.
- E você estava com vergonha. – eu brinquei
Ela me empurrou de leve...
Faz pouco tempo que eu a - conheço, mas alguma coisa nela era especial, alguma coisa na simplicidade dela e no modo como ela via a vida que me fez pensar em muitas coisas, me fez mais humana, ela com certeza faz minha vida aqui em São Paulo o mais parecido de casa.
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