25 de julho de 2012

22. TEM A MIM!




Ficamos um bom tempo observando o jardim, perto de uma bela fonte.
- Você é diferente. – sussurei mais para mim mesma. Ele me olhou e levantou uma sombrancelha, eu ri. – Ah, não sei explicar... Quando eu era pequena conheci muitos vampiros – bons e mals – mas você é tão...
- Urbano. – ele me interrompeu. – Talvez você nunca tenha conhecido um vampiro da cidade, conheceu?
-Não exatamente, eu e a minha família sempre viajamos e tal... E pensando por um lado, os Volturi são urbanos...
Ele mudou de humor, ficando sério. Eu o – observei.
- Se viver pelos bueiros de Volterra, seja urbano. Viver nas sombras, como demônios... – ele falava pensativo. Eu fiquei em silêncio.- Você quer ir pra minha casa? Lá agente pode falar mais á vontade. – ele me propôs, vendo um grupo de turista se aproximar.
- Ok. – concordei
Era estranha essa confiança que eu tinha nele, uma confiança repentina e que ele também tem em mim.
Ele me perguntou se eu estava com os meus colegas de novo, eu respondi que não.
Ao chegar ao apartamento, eu estava muito mais à-vontade do que ontem, me sentei no sofá e ele no outro.
-Posso te perguntar uma coisa? – ele me perguntou
-Sim.
-Você tem família, não tem? Como é... Ter família? – ele me olhava curioso
- Bem... É maravilhoso.
-Como eles são?
-Hum... Tenho quatro tios, mãe, pai, avós, namorado... – pude perceber que a respiração do Mike foi cortada quando falei namorado, mas fingi não perceber.
-Uma família grande... Todos de sangue?
Eu olhei pra ele surpresa.
-De sangue, não. – achei que isso sempre fosse óbvio. – Meu avô Carlisle, os – transformou, menos minha mãe que foi pelo meu pai...
-Carlisle... – ele sussurrou pensativo e mudou de assunto - E o seu namorado? – a voz dele estava um pouco receosa
- Ele... ele... – soaria estranho se eu disse que meu namorado era o nosso maior inimigo? – É um transmorfo. – a cara dele não tinha expressão, ele não tinha acreditado.
-Um transmorfo? Homens que se transformam em animais...– ele perguntou ainda não acreditando.
- É uma história grande e complicada... Se eu te mostrasse seria mais simples... – falei.
-O que você disse?
Eu mordi o lábio.
-Eu tenho uma habilidade. Posso te tocar, quero te mostrar uma coisa? – ele arregalou os olhos, eu me levantei e toquei sua mão, sem medo.
Mostrei a ele, o Jake, sua transformação, minha mãe, meu pai, meus tios... e soltei. Fiquei esperado que falasse.
-Que... habilidade extraordinária. – ele respirou profundamente duas vezes - Eu também tenho uma habilidade... – ele deu um sorriso
Eu semicerrei os olhos.
-Qual?
Ele se levantou, ficando a uns 4 metros de mim, me encarando e estralou os dedos.
Eu ia perguntar o que ele tinha feito, mais minha voz não saiu, minha boca não se movia, eu tentei andar- nada- minhas pernas não me obedeciam. Eu estava paralisada.
Ele se aproximou, eu tentei ir pra trás ou falar alguma coisa.
Seu rosto estava a uns 15 centímetros do meu, ele deu um sorriso malicioso, eu fechei os olhos, a única parte do meu corpo que podia mexer e ele encostou seus lábios na ponta do meu nariz delicadamente, eu revirei os olhos.
Ele se afastou um pouco e tocou meu ombro, minhas pernas balançaram, eu quase cai, mas ele me ajudou a ficar em pé.
-Desculpe... – ele disse envergonhado.
-Tudo bem. – eu me firmei em pé. – Eu fiquei com medo por um momento, mas... Eu sabia que não iria me machucar. – me gabei.
-Por quê?
-Eu posso ler mentes. – respondi.
-Tá brincando?
-Não. Que ver... pensa em algo e eu te provo.
-Ok... - ele ficou em silêncio.


“Ha quanto tempo você descobriu essa outra habilidade?”
 -Talvez sete anos ou mais,  estou sempre aperfeiçoando com a minha amiga, professora Zafrina. - eu fiquei feliz, lembrando dela.
-Professora? Você não para de me surpreender... - ele balançou a cabeça, sorrindo. Eu dei de ombros. – Agora vou ter que tomar cuidado com o que penso... – ele riu
-Mas mudando de assunto, eu percebi que você falou de um modo tanto pessoal, quanto eu falei nos Volturi... – me sentei ao lado dele.
Ele olhou para baixo, sério.
- Eu já fiz parte daquela “família”, acho mais correto dizer clã... Já faz um tempo, talvez uns 60 anos. Foi uma época complicada, difícil.
-Você se alimentava como eles? – agora eu estava entendendo a frieza na voz dele.
-Sim, não me orgulho disso, mas já matei muita gente... - ele olhou pra mim, provavelmente esperando a minha reação.
- Então depois você veio pra cá, pra França? – tentei mudar um pouco o rumo da conversa, aquilo o deixava triste.
- Não exatamente, eu já morava aqui quando fui transformado, depois me mudei para a Itália e voltei para casa.
- Por falar nisso... Quem te transformou? – eu estava curiosa, ele nunca tinha falado sobre seu criador. Ele suspirou.
-Meredith. – ele disse nome dela com pesar. – Ela me encontrou quando eu tinha 25 anos, e... Nós namoramos... e ela me transformou.
-Hum... Namoraram. – eu disse maliciosa, tentando mudar o clima. – Onde ela está agora? – eu olhei pelo apartamento.
- Volterra provavelmente, se não estiver á trabalho...
-Como assim? Não me diga que ela... – ele me interrompeu
- Ela trabalha pra eles. – ele encontrou meu olhar – Meredith já era um dos Volturi quando me transformou. Ela veio pra França por um trabalho, procurando um vampiro infrator com o Demetri e... Depois ela quis ficar um tempo aqui, pois é onde ela é a sua irmã nasceram. E nos encontramos.
- Demetri? Trabalho? – eu estava um pouco confusa, ele riu suave.
- Meredith não gosta de ficar muito tempo em um lugar só. Então prefere fazer o trabalho de campo... Na maior parte de se tempo ela fica aqui na França com a sua irmã, às vezes ela vem me visitar e o Joseph.
- Perá! – eu o interrompi. – Quem é a irmã dela e esse tal de Joseph?
- Joseph, é um amigo meu de muito tempo... Sempre vem pra cá me fazer companhia e a Anne é a irmã mais nova da Meredith, ela a transformou depois de 4 anos que tinha virado vampira. Por serem muito próximas Meredith não deixaria sua querida irmã morresse “um dia” e a transformou.
-Que horrível. – comentei, ele concordou
- É, ela sempre achou que ser vampiro era uma benção, não maldição... Ela nunca hesitou em tirar a vida dos humanos.
- Sério? – O que mais eu poderia esperar de uma Volturi? É claro que ela não liga pros humanos.
- Ela mata humanos, como todos os vampiros deveriam fazer. – ele deu de ombros, nós éramos os esquisitos. Eu franzi a testa, nervosa.
-E a Anne, é uma dos Volturi também?
-Não... Bem às vezes ela vai lá, mas geralmente é por causa da Meredith.
-E ela mata humanos também?
-Às vezes... – eu fiz cara feia pra ele – Não leve a Anne por um lado ruim, ela é muito boa...
-Se fosse boa não matava. – o- contrariei.
-Calma... Ela se alimenta de bolsas de sangue como eu, mas às vezes perde o controle, mas só mata mendigos...
-E por que mendigos seriam menos “vivos” que uma pessoa normal? - o censurei.
-Ah... Pense por um lado, Renesmee... - eu o interrompi
-Pode me chamar de Nessie... ou Reh.
-Oh, tudo bem... Mas prefiro Nessie... Por que esse nome?
- Vamos voltar pra nossa conversa. – mudei de assunto.
- Bem... Como eu estava dizendo, matar mendigos é meio que tirá-los das ruas, acabar com o seu sofrimento. Estou fazendo o meu melhor para ver o lado positivo. – ele admitiu. – E a Anne nunca escolheu ser uma vampira, graças a sua maravilhosa irmã. – ele disse sarcasticamente.
- Ok... Eu posso considerar. Mas você também se alimenta de mendigos?
-Não... Bem, às vezes nas festas, eu posso ate aproveitar, mas...
-Festas? – eu arregalei os olhos.
- O Joseph ama festas e organiza com os vampiros da região.
- E o que vocês fazem nessas festas? – perguntei receosa.
- Ah... Conversamos, dançamos...
- Bebem... – eu acrescentei, ele riu.
-Eles trazem humanos para cá, a Anne às vezes cuida disso. E nós aproveitamos... – ele disse envergonhado.
- Eu não to acreditando no que estou ouvindo... – eu disse surpresa. Ele deu de ombros. - Mas como assim, a Anne cuida disso?
-Bem... Ela tem uma habilidade como nós... Ela pode convencer ou obrigar humanos e vampiros a fazer o que pede quando fala. Assim ela faz a pessoa não sentir dor ou á desmaiar. Essas coisas...
Eu o – censurei com os olhos.
- A Meredith tem algo poder também? – eu não me surpreenderia com mais nada
- Sim... infelizmente. Ela pode impedir que qualquer vampiro use suas habilidades e pode dar a impressão que a pessoa ou vampiro está queimando... – ele suspirou.
-Como a Jane? – eu me lembrei vagamente, quando minha família me falou dela.
- Mais ou menos... Jane pode criar qualquer tortura, já a Meredith é apenas dor por fogo e pensando quem tem mais poder entre as duas... Seria a Mery, pois ela neutralizaria os poderes da Jane.
-Hum... Por isso os Volturi á querem. – eu senti um calafrio, quando lembrei do meu tenebroso encontro com eles.
-Sim.
-Mas como eles deixaram você ir embora?
- Foi difícil, mas Aro não teria coragem de me matar, pois na época... – ele hesitou – a Meredith me protegeu, se eles me matassem ela não seria mais do clã. Por causa da sua habilidade, Chelsea não conseguia mante-la ligada aos Volturi, eles tentaram me fazer ficar no clã, mas... Ela não queria que eu estivesse sendo forçado a ficar com ela. - lembranças e dor eram visiveis em sua voz e olhos.
- Entendo. Vocês eram muito próximos. – comentei
-Sim. – ele suspirou
-Você sente falta dela? – eu notei que ele me olhava triste.
- Sim e não... Nós já fomos muito felizes juntos, mas eu comecei a ver a vida de um modo diferente, eu queria me tornar mais humano e ela não entendia, acha que humanos são fracos, inúteis, apenas alimento... E nos separamos.
Eu fiquei em silêncio e peguei sua mão. Ele me observou.
- Sinto muito... – sussurrei. – Mas o que aconteceu com a sua família, quando você foi transformado? – eu lembrei que ele nunca tinha falado da família.
- Bem... Eu nasci aqui na França, morei aqui com meus pais, mas eles se separam quando eu tinha 15 anos e minha mãe voltou para os Estados Unidos comigo. Ela morreu quando eu tinha 22, eu não tinha mais ninguém lá, minha mãe era filha única e meus avôs já tinham falecido, então voltei para França á procura do meu pai, mas eu não o encontrei... – ele apertou minha mão de leve.
Eu suspirei... Ele tinha uma história triste, solitária.
- Mas você tem amigos agora, não tem? – eu o lembrei
- Sim? – ele se perguntou. – Acho que o Joseph gosta mais dele do que de mim, a Anne é amiga de todo mundo e a Meredith bem... amizade não é algo que eu tenho muito dela. – ele riu sem graça
- Tem a mim... Agora. – eu disse, ele encontrou meu olhar
-Tenho? - eu concordei com a cabeça, ele abriu um grande sorriso.
Ele não era o tipo de pessoa que alguém teria pena... Era bonito, rico, galante, mas tem algo no modo como ele falava que me comove, me faz querem ficar ao lado dele. O Mike é uma das poucas pessoas que são boas de coração, sem contar com a minha família, claro, mas nunca achei que encontraria outro vampiro tão gentil, novamente.
Seus olhos caíram um pouco, um pouco acima do meu busto. Ele ficou analisando. Eu passei a mão pelo meu busto e peguei meu colar.
-O que foi?
- Acho que conheço isso... – ele se aproximou, percebi que ele parou de respirar - Posso? – eu concordei e ele tirou meu colar, quando se afastou voltou a respirar.
- Meu cheiro te atrapalha?
Ele riu envergonhado.
-Não... É um pouco difícil, mas eu acostumo... – ele abriu o colar. - Plus que ma propre vie. – sussurrou.
-Minha mãe me deu esse colar em meu primeiro natal, algo errado?
-Não, é apenas... – seus olhos analisando o colar. – Ele me lembra muito um colar que meu pai deu á minha mãe, quando era pequeno. – ele balançou a cabeça. – Não é nada.
-Mas poderia ser... Minha mãe disse que é muito antigo e pelo jeito veio da França, certo?
- Pode ser... Mas seria muita coincidência.
-O que ela fez com o colar que seu pai deu á ela? – ele colocou o colar de volta no meu pescoço.
- Hum... Acho que devolveu pra ele quando se separaram. Faz séculos, não lembro... – ele riu de si mesmo. Eu dei um sorriso torto.



“A melhor parte da vida de uma pessoa está em suas amizades.”



Gostou? Me fala o que achou desse capítulo! Até o proximo...

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