-Você
quer que eu mostre á ele? – eu perguntei pra ela. – Acho mais fácil e rápido. –
eu sorri, ela me olhou confusa
-Hum...
Você ta pensando em mostrar á ele aquela nossa conversa á uns... seis meses
atrás? – ela me olhava com descrença. – Você lembra de tudo?
Eu
concordei, levantei e me sentei ao lado dele pegando sua mão, ele me observou
curioso...
Eu me
lembrava de tudo naquele dia - quando falamos sobre nossos segredos -, foi um
dia inesquecível tanto quanto a festa á fantasia. Depois que acabei de mostrar
tudo, seu rosto se iluminou, animado.
-Sério?
Você é realmente uma... Isso é verdade? – ele olhou pra nós
-É sim,
acho que deve ser tão diferente como conhecer um vampiro... – ela franziu o
cenho – Seria? Não, não mesmo... – e riu de leve.
-Certo!
Novamente você me surpreendeu. – ele disse rindo á mim, eu também ri e olhei
pra Bia que parecia uma criança admirada pelo ambiente e aposto que pelo Mike
também.
-Queria
saber se o Joseph e a Anne são tão lindos quanto voc- ela parou - vocês. - eu
sabia que ela iria dizer que o Mike era lindo, eu ri discretamente.
-Eu acho
melhor você não conhecê-los, pois nem eu, nem o Mike nos alimentamos de... Você
sabe. – eu expliquei
-Ah,
mesmo assim tenho muita curiosidade, eu vi pela sua mente a Anne, mas e o
Joseph, como ele é? – ela inclinou seu tronco pra frente, eu também e peguei
sua mão.
Mostrei a
primeira vez que o - tinha visto, mas de repente no meio das imagens tive um
flash de hoje de manhã, quando a Bia me deu seu amuleto, mas... Eu me via, era
como se estivesse em outro corpo.
E lembrei
que já havia tido essa sensação antes...
-Tudo
bem? – o Mike tocou meu braço e me vi na realidade, a Bia já tinha se afastado
e eu ainda estava com as mãos esticadas.
-Hã? – eu
passei as mãos no rosto.
-Você me
mostrou o Joseph e... sei lá, fico meio aérea, parecia não estar mais aqui. – a
Bia me analisava curiosa.
-Eu...
vi, eu me vi hoje de manhã, quando agente estava junta. – eu tentava
compreender.
Eles me
analisavam, eu estava começando a lembrar com mais clareza, era a visão da Bia,
como se eu visse pelos olhos dela.
-Isso já
aconteceu. – minha voz era um sussurro, mas firme. - Eu era pequena, na minha
primeira visita a minha avó Renée, estava no avião com meus pais, a minha mãe
me tocou e eu vi... – hesitei e comecei a lembrar do que tinha visto exatamente
naquele dia – Quando ela tinha viajado para Itália, antes de mim... – eu olhei
pra eles, a Bia curiosa e o Mike preocupado – Vi uma lembrança, uma memória
dela. – Bianca se aproximou, se ajoelhando na minha frente.
-Sério?
Então... Foi como se você tivesse lido á minha memória? – ela tentava arrumar
as palavras certas.
-Ela viu
uma memória sua. – Mike interrompeu intrigado, eu concordei.
-Então
essa é outra habilidade que você tem? – ela perguntou empolgada.
-Eu não
sei, é provável, mas isso acontece de repente, só aconteceu uma vez, duas, com
agora. Nunca me esforcei exclusivamente á ela, apenas quando estava com Zafrina,
mas... Eu sempre queria aprender mais e mais em como ler mentes, eu achava, acho
incrível essa habilidade, além de muito útil.
-Ler
mentes é a mesma habilidade que do seu pai, né? – a Bia perguntou se sentando
ao meu lado
-Sim, mas
nem se compara com a dele. Ele pode ler a mente de mais de uma pessoa ao mesmo
tempo e muito mais longe do que eu consigo, sem contar que ver as imagens exige
de mim muito mais esforço e para meu pai é normal, natural... Para eu ler é
mais forçado e difícil do que quando mostro algo á alguém, é simples e fácil,
sem esforço.
-Entendi.
E essa sua nova habilidade é mais complicada ainda? – ela perguntou.
-Sim, eu
nunca tentei, mas...
-Você
quer ver de novo, digo, tentar... – a Bia me olhava animada, eu franzi o cenho,
mas concordei. Ela me ofereceu a mão.
-Eu
estava pensando... E se eu tentasse com o Mike? Ele é vampiro e talvez seja
mais fácil... Não sei. – eu olhei pra ela que ficou mais animada e me virei pra
ele, que me olhou surpreso.
-Você
acha melhor? – eu concordei e a Bia se ajoelhou no chão ao nosso lado ansiosa.
Ele me
ofereceu suas mãos, eu balancei a cabeça negativamente, me aproximando, e levei
minhas mãos ao seu rosto. Ele abriu um pouco mais os olhos, talvez por estar
muito próxima, vi pela minha visão periférica que a Bia ria, eu fechei os olhos
para me concentrar melhor e respirei fundo...
Comecei a
ler a mente dele, depois ficou silencioso e a temperatura dele que estava
sentindo na palma das mãos foi se espalhando pelo meu corpo, me senti gelada e
como um estralo, não sentia mais nada, nem minhas mãos no rosto dele, não sabia
se meu coração batia ou se estava respirando, mas não era incômodo, não teria
como me incomodar e vieram as imagens... Eram muitos flash ao mesmo tempo,
depois foi ficando mais lento e pude ver melhor, mesmo não estando muito
nítidas, a minha visão periférica estava meio sem cor e embasada; Eu estava em
uma guerra, havia muito sangue nas ruas e corpos de pessoas mortas por toda
parte, o som estava muito embaralhado e longínquo, depois estava em uma sala
toda aconchegante meio escura, vi uma bela mulher de olhos vermelhos escuros á
minha frente, seu rosto provocante e sexy, ela me fitava, encarava o Mike de um
jeito estranho, como se fosse atacá-lo ou beijá-lo, a imagem mudou e eu me vi,
estava sorrindo, rindo quando estávamos no parque, ele me falou alguma coisa,
mas não consegui ouvir...
-Nessie?
Renesmee? – o Mike me chamava, eu pisquei e sai do transe.
-Você viu
alguma coisa? – a Bia estava meio preocupada.
-Sim, eu
estava... - olhei pro Mike – Você estava em uma batalha, depois eu – fechei os
olhos e comprimi a mão na face, esfregando a ponta dos dedos na têmpora, estava
sentindo uma forte pontada no lado direito da cabeça e estava aumentando – vi
uma mulher, acho que era a Meredith, – a respiração do Mike se interrompeu – e
depois quando estávamos no parque... – eu abri os olhos.
-Uau... –
Bia voltou a se sentar no sofá á nossa frente e esperou uma resposta do Mike.
-Bem...
Sobre a guerra – ele me fitou – foi quando eu era humano, não gosto de lembrar,
foi no período do Terror, na revolução francesa, logo quando eu cheguei aqui
fui obrigado a me alistar, mas não fiquei muito tempo, sofri uma fratura muito
grave na perna e me mandaram de volta. Talvez... – ele semicerrou os olhos,
pensativo. - meu pai tenha ido para guerra e por esse motivo não tenha o -
encontrado.
-Você nunca
pensou, nunca tinha pensado nessa possibilidade? – eu perguntei intrigada, ele
balançou a cabeça negativamente.
-Eu tento
esquecer as coisas que vi, – ele fechou os olhos nervoso – fiquei apenas cinco
meses, mas... foi tão horrível e perturbador que...- ele parou e me parecia que
não iria falar mais nada.
“Ás vezes acho que minha vida se resume a
sofrimento.”
-Não, não
pense assim. – eu o - interrompi, ele me olhou surpreso, mas depois sorriu.
-Desculpe.
– ele sussurrou.
-E sobre
a mulher? – Bia perguntou
-É bem
possível que tenha visto a Meredith, não sei quando ou como você a viu, mas ela
foi à única mulher da minha vida.
-Que
fofo. – ela disse baixinho
-Mas tem
alguma ligação com a revolução? – ele me encarou tentando lembrar.
-Hum...
Eu a conheci – ele olhou para varanda. - por acaso, estava saindo de um bar de
um velho amigo do meu pai, para perguntar sobre o paradeiro dele, e ela estava
entrando. Eu de imediato fiquei fascinado, deslumbrado por ela, nem quis saber por
que ela usava óculos escuros no meio da noite, e mesmo depois de ver seus olhos
escarlates, não me importei. - ele riu sem humor, Bianca o encarou confusa.
-Como
assim? – ela perguntou
-Bem,
você logo de cara não acharia que uma pessoa que tem olhos vermelhos seria um
vampiro... – ele riu - Tanto de dia quanto á noite usávamos óculos, éramos
estranhos, mas apenas isso. Nosso melhor amigo foram os óculos escuros, antes
de inventarem as lentes de contato. Se eu fosse sair agora, por exemplo, teria
que por lentes. – ela arregalou os olhos...
Eu já
sabia que a maioria dos vampiros que se expõem na luz do dia usava lente. Minha
mãe usou por muito tempo lentes cor de chocolate por causa dos meus avós
Charlie e Renée.
-Está me
dizendo que vampiros usam lentes de contato... Para disfarça seus olhos? – ele
concordou- Mas e a sua família, Reh? – ela me observou
-Bem,
eles possuem olhos dourados e não precisam usar lentes, muita gente acha
incomum, mas somos discretos e nunca chamados atenção, mesmo que pareça
inevitável. – eu ri de leve.
-Hum... –
ela concordou
-Você não
acharia estranho se me visse na rua... Meus olhos, minha aparência não te
assusta? – ele fez cara de desconfiando.
-Ah, na
verdade te achei lindo... Estranhamente lindo. – ele olhou pra mim e riu.
-Só podia
ser sua amiga. – eu dei de ombros, a Bia mordeu a ponta da língua no canto da
boca, brincando.
Minha
cabeça estava latejando um pouco, a pontada do lado direito estava mais fraca,
mas agora a dor estava espalhada por toda minha cabeça.
-Reh,
você quer tentar comigo, agora? – a Bia me perguntou, eu apoiei minha cabeça
nas mãos.
-Está
tudo bem? – a Mike me perguntou
-Sim,
tudo bem, é só uma dor de cabeça... Desculpa Bia, mas talvez outra hora. Deixa
só essa dor passar... – eu sorri, ela torceu a boca desapontada e se sentou ao
meu lado passando seus braços ao meu redor.
-Você
pode tomar remédios? – ela me perguntou, eu olhei pro Mike, ele me pareceu um
pouco assustado.
-Tudo
bem, Mike? – eu perguntei rindo.
-Sim, é
que é novo pra mim ver um vampiro com dor de cabeça. – ele riu.
-É. – deu
uma pontada mais forte – Aí! – o Mike se aproximou de mim rapidamente, eu
assenti e respirei fundo - É novo pra mim também, eu não me lembro de ter
sentido algum tipo de dor desse jeito, eu já tive dores de cabeça quando estava
aprimorando e evoluindo em ler mentes, mas... – a dor estava ficando cada vez
mais fraca.
-Foi por
causa da habilidade, por você ter tentado, se esforçado, é melhor você
realmente deixar de lado... – eu fiquei surpresa, ele me lembrou o Jake ou Edward
falando - Pelo menos por um tempo.
Eu olhei
pra Bia, ela deu de ombros.
-Por
hoje. Tenho certeza que com a pratica vou ficar cada vez melhor e sem dor. – eu
respirei aliviada, a dor tinha passado.
Ele
respirou fundo... E se levantou.
-Vou
pegar água pra você. – antes que eu pudesse dizer alguma coisa ele já tinha
ido.
-Você
acha que tem alguma coisa a ver com o colar? – eu perguntei a Bia -Acho que
não... – eu respondi minha própria pergunta balançando a cabeça.
-Na
verdade não tenho certeza, coincidências são muitas raras, mas não vejo como o
colar possa ter te prejudicado. – ela franziu a testa.
-Nada te
aconteceu quando sua avó te deu?
-Não, ela
me deu no meu aniversario de 13 anos... Eu já entendia muita coisa sobre a
magia e não me assustei nem nada, eu confio muito na minha avó. Me lembro de
ter tidos muito mais sonhos premonitivos depois que ganhei o colar, mas... Acho
que... – ela hesitou – Não sei explicar, quando chegarmos á São Paulo eu posso
perguntar á ela.
-Por que
não liga?
-Ah, eu gosto
de perguntar essas coisas pessoalmente...
O Mike
voltou com um copo d’água e me entregou, eu o - virei em menos de três
segundos, não tinha percebido que estava com tanta sede.
-Obrigada.
- e coloquei o copo na mesinha de centro.
Eu quero
explorar essa minha nova habilidade, quero evoluí-la e ver até onde posso
chegar mesmo que precise ter mais dores de cabeça.
“O
importante não é vencer todos os dias, mas lutar sempre.”
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