4 de outubro de 2010

16. PERIGOSA

*Este é um cap. que eu particularmente adoroo, espero que vocês também gostem!*

                               
Quando amanheceu me senti um pouco estranha, com um peso no estomago, talvez fosse alguma coisa que eu tenha comido...
Alice estava me esperando, hoje iríamos passar um tempo juntas e a noite ela me arrumaria para a festa.
Eu fiz um rabo de cavalo, coloquei uma regata, um casaco, uma calça jeans e desci.
-Bom dia! – Alice me cumprimentou
-Bom dia! – eu a cumprimentei com o mesmo entusiasmo.
Nós fomos ao apartamento, estava no mesmo jeitinho que eu tinha deixado...
-E ai como estão às coisas lá? – eu perguntei para Alice, me sentando na cadeira alta
- Estamos um pouco tristes sem você.
- Hum... Jake está bem? Ele diz que sim pelo telefone, mas você sabe como ele é.
-Está... Bem, levando... Leah não sai do lado dele... mas não se preocupe daqui a alguns meses vocês vão se ver. – franzi o cenho
- Quando eu for nas férias de verão? – eu não tinha certeza
-É. – ela me olhou como se fosse óbvio.
Ficamos conversando sobre tudo, ela me perguntou sobre como era cada um de meus colegas de sala, da republica...
Quando me dei conta já estava escuro.
-Alice não vamos nos atrasar? – eu olhei pra o relógio falava 2 horas para á festa.
-Hum... Não. Mas vamos voltar e começar o processo. – Alice me segurou pela cintura, eu revirei os olhos e voltamos para “minha” casa.
Quando chegamos, Bianca já tinha tomado banho e estava se trocando, eu me apressei e entrei no banheiro. Alice me ajudou a por as asas, a coroa, as sandálias.
-Agora sente. – ela me sentou na cama. – Vou te deixar um verdadeiro anjo. – eu fechei os olhos
Senti as camadas de pó na minha pele, ela colou alguma coisa no lado de meu rosto, depois de exatos 15 minutos. Ela me deu um espelho.
- Eu não fiz muita coisa, você tem uma pele perfeita. – ela falava mais pra si mesma - Mas ta aí o resultado.
Eu me olhei no espelho, meus grandes olhos chocolates destacados pelas camadas de sombra branca com prata, um batom prata, uma densa camada de cílios, delineador prata, blush rosa e três pedrinhas brilhantes coladas um pouco á baixo do olho direto.
-Então? – Alice ainda esperava minha resposta
-Obrigada. – eu a abracei.
Ela sorriu orgulhosa pela segunda vez.
-Agora você. – e ela sentou Bianca na cama.
Como Bianca estava de olhos fechados ela usava sua velocidade anormal, para fazer um trabalho ainda mais impecável: sombra escura, vermelha e dourada. A maquiagem da Bia estava perfeita também, feita por uma profissional.
-Ai... – Alice suspirou. – Estão perfeitas. - ela nos analisava enquanto pegávamos as bolsas.
- Você vai ficar aqui? – eu perguntei á ela.
-Vou ficar no apartamento, não se preocupe comigo, vá se divertir. – ela piscou.
Alice pegou meu braço e fez uma careta.
-Você não acha melhor tirar isso? – ela se referia a minha pulseira trançada que Jacob me deu em meu primeiro natal, o “anel” de compromisso Quileute. Eu a censurei.
- Isso é tão importante quando minha pulseira e meu colar. Eu não vou tirá-lo! – Alice deu de ombros.
- Só acho que não combina... Tudo bem – ela me deu um beijo na testa e saiu.
Eu e a Bia fomos com meu carro – ou de Alice – para a festa.
Era um enorme salão, com varias luzes coloridas no chão. Bianca estava com meu convite, ela os entregou ao segurança...
Estava tocando uma musica da Rihanna muito alta, o lugar estava escuro, algumas luzes rodando, lasers verdes, era uma verdadeira balada.
Varias pessoas dançando, pude identificar alguns colegas da escola.
-Eu vo procurar o Léo! – Bianca gritou perto do meu ouvido, mal sabe ela que eu posso ouvi-la perfeitamente de longe.
-Ok. – eu também gritei ao seu lado.
Eu andei pelas pessoas pedindo licença, a cada corpo que eu esbarrava seu cheiro me possuía, eu estava certada por comida... Balancei á cabeça, tentando afastar aquele pensamento idiota.
Fechei os olhos e mexendo o corpo, sentindo e acompanhando a musica. Um garoto me agarrou por trás, eu o empurrei e me afastei, voltei a dançar tranquilamente. Eu estava de olhos fechados, mas podia sentir os olhares em mim – como sempre.

“Quem é ela?”

“Nossa! Olha como ela dança!”

“Eu queria ser ela!”

Eu tentei não prestar atenção nos pensamento, muito menos no sangue ou nos corações pulsando ao meu redor. Eu franzi o cenho e abri os olhos.
Onde está a Bia? Eu tentei segui-la pelo cheiro, mas era muita gente junta e aquilo estava me fazendo mal, quero dizer, iria fazer mal a alguém.
Eu definitivamente vou caçar amanhã...
Eu a - avistei com o Léo. E corri na direção dele, usei um pouco da velocidade anormal, mas ninguém percebeu.
-Oi! – eu gritei ao lado do Léo.
-Oi! –e ele me deu um beijo no rosto. – Quanta gente, né!
-É...- Bianca pegou meu pulso chamando minha atenção.
- Reh, eu vo procurar refri. e falar com um amigo meu! – ela piscou.
Eu revirei os olhos, qualquer oportunidade ela nos deixava sozinhos.
Ele me puxou para o centro da pista, eu dancei com a mesma empolgação de antes, mexia meu quadril e braços todos coordenados á musica.
O Léo também dançava muito bem, nossos corpos estavam muito próximos, mas do que eu queria, mas a música era envolvente e eu não liguei.
Ele colocou um braço pela minha cintura e acompanhou seu quadril com o meu... eu me incomodei mais deixei passar. Depois de um tempo, ele ficou cansado, eu não estava nem um pouco, mais fingi estar.
-Sabe onde está a Bia? – eu perguntei á ele, meu rosto quase colado ao dele
-Não. – ele respondeu a mesma distância. – Vamos pra um lugar menos barulhento. – ele pegou minha mão.
E fomos para outro ambiente, tinha um balcão, um sofá e o som era tranqüilo, baixinho.
-Bem melhor. – ele falou.
-Será que a Bia vai nos achar aqui? – eu observava a decoração
-Não sei... Você quer que ela nos encontre? – eu não olhei para ele.
- Talvez... –  sussurrei.
Já era meia-noite e continuava a mesma alegria e dançaria no salão.
Foi cantado o parabéns...
Eu fiquei com Léo, naquele mesmo ambiente calmo e nada da Bianca.
-Você quer dançar? –  perguntei ouvindo uma musica latina sendo tocada na pista.
-Antes... – ele pegou minha mão.
-O que?
- Renesmee, você... – ele balançou a cabeça. - esquece.

“Ela é muito pra mim...” – ele olhou em meus olhos, analisou meu rosto – “Ta na cara que ela não ta afim. A única coisa que queria era senti sua boca, meu rosto grudado no dela. Ela é tão... perfeita, gentil, carinhosa, amiga... Eu não sou nada ao lado dela. –“

Por impulso, fiz meus lábios estarem nos dele, eu os movimentei delicadamente e me afastei, Jake que me perdoasse mas eu não podia fazer aquilo, além do mais eu estaria enganando o Léo. Mas como uma onda, seu cheiro me consumiu...
Ele olhou rapidamente nos meus olhos e me puxou para mais perto, me beijando, me fazendo sentir o gosto de sua boca, seus lábios se movendo apresados nos meus, mas continuando carinhosos.
Minha mente começou a ficar nublada, me afastei, ele estava á centímetros de mim, minha boca começou a salivar, minha garganta secou e ardeu, meu estomago estava pesado, meus músculos ficaram rígidos, meus olhos não queriam sair do pescoço dele vendo sua veia salvar, eu abri a boca sentindo seu cheiro em minha língua e cada vez que eu inspirava, eu tinha mais vontade de atacá-lo, sentir seu sangue aquecer minha boca.
Fechei minha mão em punhos e as apertei fazendo minhas unhas perfurarem a pele. Eu olhei pra baixo e sai correndo.
-O que foi? –ele gritou a trás de mim.
Aatravessei a pista, com o nariz tampado e entrei no banheiro, graças a deus não tinha ninguém. Eu me apoiei na pia e me olhei no espelho.
Quem era ela?
Eu estava pálida, embaixo de meus olhos estava fraco, mas visível um mancha arroxeada em baixo das pálpebras. De quem eram aqueles olhos? Mais escuros que o normal, com sede de sangue...
Eu me sentei e bati minhas costas contra parede, quebrando minhas asas, lagrimas escorriam pelo meu rosto, tirando e manchando toda a perfeita maquiagem branca.
Eu passei a mão nos olhos e sujei de sangue meu rosto. Olhei para minhas mãos perfuradas, fiquei olhando pra elas... Aquele sangue poderia ser do meu amigo... Mais lagrimas passavam pelo meu rosto e molhavam minhas mãos se misturando ao sangue.
Eu nunca deixei de ser, eu sempre fui perigosa.
Como fui idiota achando que minha parte humana seria maior e mais forte que a vampira, nunca foi! A parte animal sempre esteve comigo, ela só precisava de uma brecha, para me machucar, machucar alguém...
Não que eu não goste da minha parte vampira, mas às vezes eu a detestava, me odiava.
E se eu tivesse, se eu tivesse o – matado... Eu fechei os olhos com raiva.
Eu preciso sair daqui, antes que alguém chegue.
Eu não posso mais ficar aqui... Eu tenho que ir embora.
Me levantei, lavei o rosto, respirei fundo e sai do banheiro, o mesmo ambiente quente, úmido, escuro e cheio de tentações estava lá, eu parei de respirar e corri.
A noite estava fresca, me acalmando. Olhei pra cima e vi aquela linda lua cheia, lembrei de Jake, apertei os olhos para não chorar mais.
Corri com minha velocidade normal – de vampiro - para o apartamento de Alice.
Eu abri a porta e corri para seus braços, ela acariciava meu cabelo.
- Porque você não me disse?! Porque você não me avisou? – eu gritava
- Eu sabia que você não faria nada, isso eu sabia... – Alice estava tão preocupada quanto eu.
-Por isso você veio pra cá, não é?! Pra me impedir se eu fizesse alguma besteira e... – eu não conseguia mais gritar com ela, ela não tinha culpa.
-Não... Eu realmente não sabia que poderia acontecer alguma coisa. - sua voz suplicante.
Eu olhei pra ela.
-Vamos embora. Eu vou embora com você! – eu estava com medo, desesperada.
Bianca entrou no apartamento... Seus olhos assustados, preocupado.
-O q- O que aconteceu? – ela perguntou se aproximando
-Não, fique longe, Bianca! Eu sou perigosa... Eu vou embora!
O que ela faz aqui? Apenas mais uma que eu posso machucar essa noite.
-Bianca agora não é uma boa hora... – a voz de Alice doce. – Amanhã ela estará em casa.
Eu olhei para Alice, surpresa, eu acabei de dizer que iríamos embora. Bianca olhou mais uma vez pra mim -com medo- preocupada e saiu.

Meu peito doía, eu estava sem fôlego, minha cabeça latejava...
-Há quanto tempo você não se alimenta? – Alice perguntou quando estávamos sozinhas.
- Desde nossa ultima vez, na fazenda. Eu achei que poderia se manter um tempo com comida humana... Eu achava que poderia ser mais humana. – mas eu não era.
Alice me abraçou.
-Como você foi boba. – ela usava um tom de brincadeira, tentando amenizar o clima. – Você não deve deixar de tomar sangue, você é tão vampira quanto humana, é a perfeita combinação dos dois, deve se alimentar de ambos igualmente.
Eu respirei fundo, inspirando o cheiro de minha tia, ficando mais centrada.
- Eu fui negligente... – sussurrei.
-Amanhã antes de o sol nascer, vamos caçar. - eu concordei com a cabeça.
Ainda me sinto culpada...
Não há nada pior do que não confiar em si mesmo.


“Assim que você confiar em si mesmo, você saberá como viver. Estou esperando por isso...”

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