Eu tentei ligar pra Bia
mais uma vez, mas novamente ninguém atendeu. Já era umas dez e meia e comecei a
me preocupar, ela estava tão animada pra ver o Mike novamente...
Alguma coisa estava errada.
-Acho melhor voltar... – disse a eles.
-Já? – o Mike perguntou
decepcionado
-Você irá embora daqui a
três dias, fique mais um pouco. – a Anne tentou me convencer, eu balancei a
cabeça negativamente.
-Eu estou estranhando a
Bia não ter dado noticias, quero saber o que aconteceu. – eu disse chateada.
-Quem é Bia? – ela
perguntou
-Minha amiga... – eu
respondi me levantando, eles logo em seguida.
-Vamos. – o Mike disse
enquanto ia á porta.
Apesar dele estar
correndo, desejei que corresse muito mais, pode ser apenas uma preocupação
boba, mas prefiro me prevenir.
Quando chegamos, dei um
beijo na Anne e no Mike, que me olhou triste e preocupado.
Eu não subi correndo,
estava controlando minha respiração e repetindo para mim mesma que era bobagem
eu estar preocupada, ela deveria estar dormindo, por isso não atendeu as
ligações... É, foi isso.
Eu abri a porta do
quarto, estava meio escuro sendo iluminado apenas pela luz que vinha de fora,
vi uma sombra, uma silhueta na varanda, era a Bia. Ela estava encolhida no chão,
as costas na sacada, os braços envolvendo as pernas e a cabeça baixa. Seu celular
estava jogado na cama.
-O que foi? – eu
perguntei e me sentei ao seu lado no chão.
-Recebi uma ligação... –
sua voz firme
-Além das minhas! Fiquei
muito preocupada. – Tentei repreendê-la, mas sua expressão vazia e séria,
não me deixou.
-Desculpe... – ela
sussurrou
-Tudo bem... O que
aconteceu? Quem ligou?
-Meu pai. – Ela parou. –
Ele disse que minha avó foi... Está muito mal, não sabem quando tempo ela pode
aguentar. – ela afundou a cabeça nos joelhos. - Eu preciso vê-la. – sussurrou.
-Você quer voltar? – eu
passei minha mão por suas costas.
-Sim, mas não sei se é
possível... Trocaria inúmeras viagens para ver minha avó pela última vez, você
me perdoa? – ela levantou o rosto, para me olhar.
-Claro. Família em
primeiro lugar! Vamos falar com a monitora, ela vai te dizer o que fazer...
Quer que eu volte com você?
-Não! De jeito nenhum. Me
deixe acabar com as minhas férias sozinha, se divirta nesses três dias
restantes. Além do mais, o Mike não me perdoaria se eu tirasse você dele agora.
- Ela riu aos sussurros.
-Por falar nele, ele vai
voltar para Quilcene comigo.
-Sério? – ela me analisou
surpresa – Não vejo a hora de conhecer o resto da sua família, se forem tão
legais quanto sua tia...
-Uma hora combinamos. –
eu afirmei.
Levantei e ofereci minha
mão á ela.
-Vamos? – ela concordou
Procuramos por um monitor
no saguão, por sorte achamos a Larissa, uma monitora da escola e explicamos a
situação calmamente.
-Certo, é possível sim.
Primeiro preciso que um dos seus responsáveis ligue para mim confirmando a
história e veremos o próximo vôo para São Paulo. – ela concordou e já foi
ligando para seu pai, ele atendeu e ela apressadamente passou o celular à monitora,
eles conversaram por um bom tempo...
Um guia iria acompanhá-la
até o aeroporto daqui e outro á estaria esperando em Congonhas, um aeroporto de
São Paulo. Ela procuraria o vôo mais próximo e logo nos avisaria.
Voltamos para o quarto,
fiquei contando sobre a Meredith e a história dela.
-Nossa, ainda bem que não
tinha ido, eu já não tinha muita vontade de conhecê-la, agora, muito menos! –
eu ri aliviada.
A Gabi chegou toda
feliz...
-Onde estava, mocinha? –
a Bia perguntou brincando, ela riu.
-Hum... Vamos dizer que
um charmoso francês que tinha conhecido ontem me chamou para sair. – ela sentou
em sua cama.
-Você não tem medo de não
entender o que ele esteja falando? Ou ele fala português? – ela perguntou, a
Gabi discordou.
-A língua do beijo é
igual em qualquer língua! – nós rimos pelo duplo sentido.
Eu estava sentindo meu
estômago pesar, um vazio... Era fome, mas não estava acreditando, não fazia
muito tempo desde a última vez.
Descemos para comer o que
sobrou da mesa do jantar, já estavam tirando as coisas do restaurante. Eu comi
macarrão com vontade e me surpreendi por não ter deixado nada no prato, a Bia
só ficou rindo.
Depois subimos e a Gabi
ficou contando como tinha sido sua noite, logo em seguida dormimos.
Acordei com a luz do Sol
esquentando meu rosto, foi bom, me fez lembrar de meu quarto, do Jake... Ele
era meu sol, apesar de sempre dizer que não.
Bianca estava no banheiro
e a Gabi dormindo, o telefone do quarto tocou, eu atendi, era a Larissa dizendo
que o próximo vôo seria para ás 3 da tarde e se teria algum problema, eu corri
para o banheiro e perguntei á ela, que disse que não havia.
-Três horas? – ela
perguntou quando saiu do banho, eu desliguei o telefone e concordei. - Nossa,
não acredito que vou deixar Paris hoje! – ela suspirou, eu fiquei pensativa.
-Você quer seu colar de
volta? Já que só vamos nos ver novamente sábado ou domingo que vem...
-Não. – ela se aproximou
– Eu sinto que ele ainda precisa de proteção.
-Você nunca me disse
sobre o que foi seu sonho...
-Verdade, né! Bem... Foi
estranho, muita coisa não me lembro com clareza agora, mas... Lembro de que
estava com medo, que corríamos perigo e que devia proteger o que me era mais
precioso, o colar. – eu passei a mão nele por cima da minha blusa, era
estranho, eu raramente o sentia, apenas quando o tocava. Sentia mais o peso do
relicário do que do próprio amuleto.
–Fique com ele, nas
voltas as aulas você me devolve. - ela sorriu. -E... Que horas são? – ela
perguntou e olhamos para o relógio na penteadeira, eram 10 horas – Ixi, tenho
cinco horas para arrumar a mala. – ela fez uma careta – Você me ajuda?
-Claro! – ela pegou sua
mala e colocou em cima da cama.
Como a Gabi estava
dormindo usei minha velocidade sobre-humana, para terminarmos mais rápido.
Quando a Gabi acordou
tínhamos terminado, ela olhou assustada para a mala.
-O que houve? – ela
esfregou os olhos
-Eu vou embora. – a Bia
disse, ela ficou desnorteada.
-Hã? Por quê?
-Eu preciso voltar, minha
avó está muito doente, não posso arriscar esperar.
-Ah, entendi, que pena...
– ela disse chateada, eu fechei a mala e tirei da cama.
-Será que já serviram o
almoço?- a Bia perguntou
-Acho que não... –
respondi
Nos arrumamos e descemos
para conferir. Encontramos com o pessoal da escola e ficamos conversando.
Meu celular tocou, era o
Mike...
-Oi... - eu disse solene
-E ai? Está tudo bem com
a Bia? – sua voz gentil.
-Sim, mas ela vai embora
hoje á tarde. – olhei para ela
-Por quê?
-Emergência familiar.
-Ah, entendo e... Que
horas você vai vir para cá? Ou prefere que eu vá ai?
-As meninas estão na sua
casa?
-Agora sim, a Meredith e
o Joseph chegaram de madrugada, à noite eles vão sair.
-Hum... Então acho melhor
ir à noite.
-O Joseph vai para
Portugal falar com um amigo e as Sullivan vão rodar a cidade para por – ele
parou – o assunto em dia.
-Sullivan? – eu ri
-É o sobrenome delas:
Sullivan Belmont, muitos as chamam de irmãs Sullivan, acho que são as únicas
irmãs de sangue vampiras, além dos irmãos tortura. – nós rimos, aos se referir
de Jane e Alec.
-Ah, entendi. – o almoço
estava sendo servido – Então, até depois.
-Sim.
-Deixo eu fala com ele! –
a Bia pediu
-Espera, a Bia quer falar
com você. - eu passei o celular
-Oi! – ela disse animada.
“Você vai volta para o
Brasil hoje?” – mesmo com muito barulho externo, eu podia ouvir perfeitamente o
Mike no telefone.
-Sim, que pena não
podermos nos ver mais...
“É, muita pena, mas que
você tenha uma boa viagem de volta e resolva sua emergência familiar.” – ele
riu de leve
-Claro, obrigada.
“Espero te ver logo!” –
ela se iluminou e passou o celular pra mim.
-Tchau. – eu disse
Nós almoçamos e ficamos
na beira da piscina aproveitando as ultimas horas da Bia, tiramos várias fotos
juntas e uma, eu particularmente adorei, com certeza iria revelar.
Depois já era hora dela
ir, eu a acompanhei até o aeroporto com a monitora, ela estava pronta para
embarcar, senti um aperto no peito, mesmo não havendo motivo para aquilo, pois ficaríamos
longe apenas uma semana, como no começo das férias, não para sempre.
Ela me abraçou forte e me
olhou sorrindo.
-Cuidado. – ela me disse.
-Você também, melhoras
para sua avó. Você sabe melhor que ninguém o poder do pensamento positivo. –
ela concordou e começou a andar até o embarque com sua grande mala cinza, ela
parou na porta e se virou, acenando.
-Até logo, Nessie! – deu
o passaporte e foi embora.
Não sei se ela percebeu
que tinha me chamando de Nessie, mas não liguei, na verdade tinha adorado.
Voltei para o hotel me
sentindo meio sozinha, fiquei conversando com o pessoal, mas não consegui
prestar muita atenção nas conversas.
Então fui para o quarto
ligar para minha família, fazia tempo que não falava com eles, talvez isso
pudesse me animar.
Disquei o número do meu
pai, não deu dois toques ele atendeu.
-Nessie??
-Oi, pai! Quanto tempo. –
a saudade queimando meu peito – Receberam as fotos?
-Sim, você estava
deslumbrante, achei aquele vestido meio... decotado demais, mas estava linda. –
eu ri. -Você volta em três dias, não é? – a voz dele era tão familiar, sonora e
aconchegante... Queria muito abraçá-lo.
-Sim, e... - eu tinha que
avisar sobre o Mike se eu quisesse que ele voltasse comigo – eu conheci um...
vampiro, mas não se preocupe ele não caça humanos. – logo disse, ele não disse
nada e suspirou – Pai??
-Ele não caça humanos. –
ele disse desconfiado – Se alimenta como nós?
-Não, de bolsas de
sangue. Ele é muito legal e gostaria, se não tiver problema, que ele conhecesse
a família, o que acha? – eu perguntei receosa
-Bem, eu não o conheço,
mas sei que você não seria amiga de qualquer um, eu confio em você, filha.
Traga-o para nós conhecê-lo, mas... Você está
com ele?
-Não! Não... Ele é um
grande amigo. Nossa, pai, muita coisa aconteceu nesse tempo que estive aqui!
-Imagino e também presumo
que queria falar com a sua mãe...
-Aham... – eu concordei
animada, ele estava dando passos.
“Quem é?” – ouvi a doce
voz da minha mãe.
“Renesmee” – ele
respondeu.
-Querida? Nessie? – ela
me parecia preocupada.
-Oi, mãe! – eu disse meio
eufórica.
-Ai, filha que saudade...
Falta pouco tempo, mas to achando que quando você voltar não vou deixar mais você
sair de perto de mim.
-Mas nós já ficamos seis
meses separadas...
-Sim, mas você ligava a
cada três dias mais ou menos e agora está próxima dos Volturi, tenho medo que
você possa encontrar com algum deles. – eu engoli seco.
-Não se preocupe, eu que
estou preocupada com vocês, sobre os vampiros infratores que foram para á América.
-Ficamos sabendo... mas
não estão nos Estados Unidos, estão na América do Sul ou Central, não ouve mortes
estranhas por aqui nessas últimas semanas.
-Fico feliz em saber
disso, mas a Bianca está indo para o Brasil agora, espero que eles estejam bem
longe dela. – eu desejei.
-Hum... – ouvi o barulho
dos galhos das árvores batendo, dos pássaros e do vento pelo celular, foi
vitalizante ouvir os sons da natureza, da minha casa.
“Bella!! É a Nessie, não
é?!” – ouvi alguém gritando ao longe e passos apressados.
“Deixa eu falar com ela!”
– ele estava próximo, uma voz rouca e forte.
-Oi, amor, como você
está? – a voz de Jake fez meus olhos arderem
-Bem, Jake, não vejo à
hora de estar ai na floresta com você... – eu tentei deixar minha voz estável.
-Nessie, parece que tem
um buraco no meu peito... – ele suspirou – Quando você voltar não vou mais me
desgrudar de você, você vai até enjoar de mim. - ele riu.
-Nossa, isso eu quero
ver! Você grudado em mim, o dia todo, que tortura! – eu disse sarcástica.
Era provável que meu pai
não tenha falado do Mike ainda e eu não queria saber a reação dele ao saber.
Jacob não é muito ciumento, ele confia muito do seu taco, mas as poucas vezes
que ele ficou, nós chegamos a ter uma pequena briga, mas ele viu que não havia
motivo para duvidar do nosso amor, acho que com o Mike vai juntar o ciúme
habitual com a preocupação normalmente exagerada dele.
-Você viu as fotos que
Alice pediu?
-Sim, queria muito ter
ver pessoalmente com aquele vestido. – ele disse travesso – Você não sabe a
saudade que faz quando vai embora, ainda mais agora que temos uma relação...
completa.
-Jake! – eu o- censurei,
com medo que minha mãe estivesse por perto.
-Ah, só acho que você não
deve ter a mesma “saudade” que eu tenho...
-Claro que tenho, só não
deixo tão visível quanto você! – eu ri
-Ta bom, então, vamos ter
essa discussão pessoalmente, o que acha?
-Claro... Até daqui a
três dias, amor.
-Até, te amo Nessie.
“Eu também” – minha mãe disse
ao fundo,
-Ok, eu amo todo mundo. –
mandei um beijo e ele desligou o celular.
Três dias era o que
restavam, não sei por que, mas tenho a impressão de que quando voltar para casa
será muito mais difícil ir embora...
Hoje foi um dia e tanto,
tantas ligações importantes, a Bia já foi embora; meu pai sabe sobre o Mike; falei
com minha mãe; com o Jake.
E soube que os vampiros
não estão nos Estados Unidos, assim minha família estaria segura, mas a Bia
não, por que ela teve que ir para São Paulo justo agora?!
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