As horas passaram devagar
até chegar á noite...
Não que eu esteja enjoada
de Paris, mas a saudade é tão grande que não me deixa pensar em outra coisa a
não ser que esses próximos dias passem.
Eu coloquei uma calça
jeans, uma regata e sai, peguei o metro e andei presunçosamente. Não estava
depressiva, mas me sentia meio cansada. Era estranho, poderia jurar que me
sentia mais humana.
Cheguei no apartamento
dele, respirei fundo e quando ia bater, ele a – abriu, sorrindo.
-Tudo bem? – ele
perguntou, me analisando.
-Uhum... – eu concordei
Nós entramos, não tinha
ninguém e fazia um tempo que haviam saído, me sentei no sofá me aconchegando,
calada e pensativa.
-Você está realmente bem?
– ele se sentou ao meu lado e pegou meu rosto -Você me parece triste.
-Não sei o que é... Acho
que foi a ida da Bianca. – eu mordi o lábio, ele passou o braço pela minha
cintura.
-Você tem muito amigos,
nunca ficará só! – eu olhei para ele, seus olhos estavam quase totalmente
âmbar, me fazendo sentir em casa.
-Sim... – eu me ajeitei
nos braços dele e encostei minha cabeça em seu peito, tirei meus sapatos e
coloquei minhas pernas no sofá, ele passou seus braços ao meu redor, como se
quisesse me aquecer mesmo ele sendo gelado, não durou muito e logo eu estava na
mesma temperatura que ele... Estava confortável e fiquei ali um tempo de olhos
fechados tentando reaver meu ânimo.
Quando abri meus olhos vi
o relógio a minha frente: Eram onze e dez. Eu me levantei rapidamente, e
percebi que tinha dormido...
Ouvi um riso e me virei
para ele.
-Você cochilou.
-Ai, desculpa!
-Nada, eu adorei vê-la
dormir.
-Certo, arruinei nossa
noite! – eu me sentei arrumando meu cabelo.
-A noite ainda não
acabou. Venha, vamos sair! – ele se levantou e me puxou suavemente.
Eu não sabia para onde
ele estaria me levando, mas não liguei, seria algum lugar divertido.
Tinha uma grande placa
luminosa escrita Le Red Light na
frente, era o lugar onde as meninas tinham ido.
-Eu nem vim com a roupa
certa. - eu argumentei quando paramos.
Ele saiu do carro, deu a
volta e abriu a minha porta oferecendo á mão.
-Qualquer roupa que você
estiver, estará perfeita. – eu ri constrangida.
Estava cheio de gente
apesar de ser grande, estava tocando uma música eletrônica, varias luzes
rodando e lasers. Bartenders e dançarinas se apresentavam em um pequeno palco
do lado leste do salão.
- Você já veio aqui? –
ele me perguntou, eu peguei sua mão enquanto andávamos.
-Não, mas as meninas
vieram aqui segunda... E você? – eu tentava não esbarrar nas pessoas, mas era
impossível, o cheiro de suor, perfumes, bebidas e até mesmo de drogas me
deixaram meio enjoada, sem contar com o cheiro humano que me fazia salivar.
-Sim. Eu, a Anne, o
Joseph e às vezes com a Mery ficamos aqui, é o maior clube de Paris.
-Vem para caçar? – eu parei
de respirar pelo menos até passarmos pela multidão.
-Na maioria das vezes
sim. – ele me levava para um ambiente que era mais alto, como um segundo andar,
com poucas pessoas e tinha grandes janelas – Precisamos de ar fresco, não é? –
nós paramos e sentamos em um sofá estofado vermelho. – Você está bem? Me parece
pálida...
-Sim, é que... – eu
coloquei a mão da barriga – acho que preciso caçar.
-Tem um banquete e tanto
aqui. – ele apontou para as pessoas, eu o censurei, fazendo-o rir. – E pretende
achar animais aonde?
-Eu não sei, não estava
planejando isso. Eu aguento/aguentava ficar uma semana sem comer, duas, com um
pouco mais de esforço, mas nem deu duas semanas ainda.
-Hum... Acho que foi uma
péssima idéia ter te trazido para cá. Desculpe.
-Não, tudo bem, é
frescura minha... Mas se não tiver problema eu preferiria me alimentar... Você
poderia me dá uma bolsa? Eu posso ir a uma fazenda, mas como explicar que um
cavalo ou vaca sumiu, já que não é costume de animas selvagem se alimentaram
pela região? – ele concordou.
-Claro que te dou. Quer
voltar?
-Acabamos de chegar,
vamos aproveitar. – eu tentei sorrir
-Ta, mas vamos procurar
um lugar com menos gente.
Havia uma parte separada
ao ar livre, a música era um pop rock, ficamos lá ate á uma hora da manhã,
depois voltamos para a casa dele.
Nem o Joseph ou as
Sullivan tinham voltado.
Ele me deu uma bolsa de
sangue e eu tomei com vontade apesar de não ter a mesma satisfação do fresco,
por enquanto bastaria.
Eu não me incomodei com o
horário, apenas teria que voltar antes do Sol nascer... Até eles chegarem...
A Anne e o Joseph me
cumprimentaram gentilmente, a Meredith ficou me olhando feio.
-Bem, agora que o clima
voltou a ficar negativo, vou indo. – eu disse ao Mike rindo, ele olhou para
Meredith, que mudou sua feição ficando indiferente e pacifica.
-Não, fique mais um
pouco, ninguém quer que vá embora. –
ele disse.
“Ah, eu quero! Não sei se está lendo minha mente, mas pare de
tentar tirar o Mike de mim, volte para o seu lugar, volte para os Cullen. Não se
meta em meus planos!“ – a voz mental dela era severa.
-Não se preocupe,
voltarei. – eu me aproximei dela, a encarando – E para sua informação, não
quero tirar o Mike de você, já tenho quem me ame e nunca o deixarei ir embora.
Se você realmente o amasse ainda o - teria. – ela rosnou, eu continuei olhando
para seus olhos sangue, Joseph se pôs ao lado dela, o Mike do meu, a Anne só
nos observava, esperando a hora que tivesse que interferir.
-Se você meter o nariz
onde não é chamada, vai se arrepender, não seguirei as ordens de Aro, não
ligarei se machucar a princesa dos Cullen, a esperada de Aro! – ela rosnou
novamente se abaixando.
-Apenas tente, tente me atingir! – eu a provoquei, ela
se agachou e congelou.
-Pare com isso Meredith,
não seja ridícula! – o Mike disse e a tocou, ela olhou incrédula para ele.
-Como você...? Por que
você está do lado dela? Nós se conhecemos á tantos anos e ela chega de repente
como se pudesse fazer o que quiser...
-Ela é uma ótima pessoa,
você está agindo errado e sabe disso! Ela é minha inquilina, minha amiga, eu gosto
de você, mas não é por isso que ficarei do seu lado. – ela suspirou, tentando
se acalmar. – Não sei por que você não gosta dela, ela não fez nada á você! –
ela olhou pra mim.
-Certo, seria muita
burrice eu me prejudicar por sua causa ou sujar minhas mãos como seu sangue! –
ela cuspia as palavras, um grunhido feroz saiu da minha garganta sem eu
perceber, suspirei e olhei para fora, eu não poderia perder o controle. Se eu
atacasse um dos Volturi, daria o motivo que Aro tanto esperava para declarar
guerra contra minha família.
-Certo, vou embora chega
de discutir com pessoas que não devem entender. Já está tarde. – o Mike
concordou.
-Desculpe minha irmã,
Nessie – Anne passou o braço pela cintura de Meredith – Eu vou conversar com
ela. – ela sorriu envergonhada, eu assenti.
Eu e o Mike fomos embora,
cheguei em Paris quase as três da manhã, fomos para a parte de traz do hotel .
-Desculpe... – ele
sussurrou
-Ah, não foi nada, você
sempre me avisou sobre ela. Ela está com ciúmes, tem medo de te perder. – eu
não estava acreditando que estava dizendo que ela tinha motivo para aquilo.
-Certo, amanhã venho te
pegar. – ele beijou minha mão.
Peguei impulso e pulei
para a varanda do meu quarto, a janela estava aberta. Me troquei e fui para a
cama.
Tudo tinha haver com
paciência...
Paciência com a Meredith;
na espera dos três dias que agora são dois; em ter informações de onde estão os
vampiros e força de vontade em aguentar a saudade que queimava meu peito.
Quando parei de pensar no
tempo, esses dois dias passaram animados e rápidos.
Eu e o Mike fomos ao
Palácio de Versalhes de novo e ele me mostrou sua antiga casa, não vi mais a
Meredith, eles me disseram que ela estava viajando, mas acho que apenas estava
me evitando.
Hoje é sábado e vamos
embora às cinco da tarde, o Mike vai pegar outro avião meio hora depois do meu,
e eu vou ficar esperando no aeroporto.
Ao desembarcar em Port Angeles , senti
um frio na barriga como no começo das férias. Esperei impacientemente o Mike,
quando ele chegou não perdi tempo, peguei a mão dele e fomos á um táxi, eu
poderia ligar para minha família, mas preferi não incomodar.
-Você está ansiosa, hein?
– o Mike disse no taxi
-Muito!
A viagem de táxi durou
quase uma hora, eu deveria ter ido correndo, teria chegado mais rápido.
O táxi nos deixou á 10 metros de casa,
tiramos as malas e continuamos, eu estava com uma grande mala vermelha e o Mike
com uma pequena.
A primeira pessoa que vi
foi minha avó, que estava regando as plantas da frente de sua casa.
-Vovó! – eu gritei e
deixei minha mala pra trás, ela se virou no exato momento que a abracei. Não
estava acreditando que estava em casa, comecei a chorar em pensar ver o resto
da família. – Ah. – eu limpei meu rosto – Este é Mike, um vampiro da França,
ele tem uma história muito interessante.
Ela não me olhou
surpresa, meu pai já deveria ter avisado.
-Qualquer amigo de minha
neta, também é nosso convidado. – ela
sorriu amorosa, como sempre.
-Prazer em conhecê-la. –
ele disse e pegou minha mala.
Nós entramos... Meu
coração não poderia bater mais rápido.
-Nessie!! – tia Alice
desceu as escadas, saltando os últimos 10 degraus e pulou em mim, minha
lagrimas molharam sua delicada blusa rosa - bebê, eu olhei para ela, seus
grandes olhos dourados irrita-dos.
-Vamos ver... – ela parou
e olhou para o Mike – É ele? – ela me perguntou, eu concordei
-Michael Henry... – ele
se aproximou, pegou a mão dela e a beijou. - Prazer. – ele disse cortês.
Jasper, Emmet e Rosálie
apareceram na sala, sorrindo, mais lágrimas desceram pelo meu rosto.
-Oi, gente! – eu disse e
abracei fortemente cada um, logo depois eles analisaram o Mike, ele assentiu.
-Bem, fiquem conversando
que já volto, vou procurar meus pais! – eu sai em disparada pela porta dos
fundos.
Eu dançava entre as
árvores, rodopiando, feliz por estar em casa até sentir o delicioso aroma de
meus pais, indo em sua direção, eles arregalaram os olhos e sorriram, eu corri
chorando e abracei os dois.
-Me digam que não estou
sonhando! – eu arfei
-Não, amor, não está! Se
eu pudesse dormir, certamente acharia que isto é um sonho. – minha mãe disse
contra meu cabelo.
Meu pai inspirou
profundamente...
-Bem vinda de volta,
princesa. – eles se afastaram, aquelas faces perfeitas, tão conhecidas, meus
pais...
Minha mãe limpou minhas lágrimas.
-Jake vai achar que está
machucada de tanto chorar. – ela sorriu, eu ri com mais lágrimas contornando
meu rosto, respirei fundo, respirando minha floresta, e me acalmei.
-Onde ele esta?
-Em casa, estávamos indo
para casa de seu avô te esperar. – meu pai respondeu.
-Certo, vou vê-lo. – e
corri para minha casa.
A porta estava fechada,
senti o cheiro das margarinas e petúnias, me lembrando da Bia, e do rastro de
meus pais.
Entrei em casa, minha
aconchegante casa, me aproximei da estante de livros, peguei um aleatoriamente:
O Segredo. Abri e li um trecho:
“Basicamente, a lei da atração
diz que semelhante atrai semelhante. Mas falando a nível mental, nosso trabalho
como humanos é nos agarrar naquilo que realmente desejamos e ter isso bem claro
em nossa mente. E a partir daí, nós começamos a nos envolver com uma das leis
mais poderosas do universo, que é a tal da lei da atração.”
Guardei o livro, fechei
os olhos e pensei no Jake. Logo senti aquele cheiro forte e amadeirado, o melhor perfume que existia.
-Nessie? – a voz dele
chamou meu nome, eu ri e me virei.
Ele estava parado ao lado
do sofá, surpreso. Eu corri e o agarrei, prendendo minhas pernas ao redor dele,
ele me abraçou e enfiou o rosto em meu ombro.
Minhas lágrimas só tinham
parado cinco minutos, estava novamente em prantos.
Não falamos nada, apenas
sentindo nossa temperatura, nosso cheiro, a textura de nossas peles, eu
suspirei e me afastei pegando seu rosto em minhas mãos.
-Finalmente cheguei... –
eu sussurrei enquanto ele limpava meu rosto.
-Sim... – seus olhos
penetravam minha alma, aqueles pequenos olhos negros me analisavam como se
fosse a primeira vez que me via.
Eu encostei meu nariz com
o dele e fechei os olhos, sentindo sua respiração quente em minha pele, abri
lentamente a boca e beijei sua maça do rosto, o canto da boca, sua boca.
O gosto, a intensidade, a
temperatura eram as mesmas, não havia lugar melhor para se estar do que ali com
ele, fazendo a coisa que mais amava: o beijando.
Eu agarrei o cabelo dele,
que estava mais comprido, ele pegou meu rosto e comprimiu nossos corpos, ele
andou e esbarrou no sofá, caímos em cima dele. Eu desprendi minhas pernas de
seu quadril e me encaixei em seu corpo.
Ele apertava
delicadamente meu rosto, minha cintura, minha perna. Eu senti um incômodo pelos
meus colares e tirei meu relicário, pensei em tirar o amuleto, mas não tive
coragem então o passei para minhas costas.
Ele me apertou ainda
mais, se eu não estivesse na mesma temperatura que ele, estava mais quente.
Nós estávamos famintos de
nossa sede particular, mas não sei se seria uma boa idéia naquele momento, foi
quando lembrei da minha família com o Mike. E me desgrudei com dificuldade
dele.
-Precisamos ir! – eu
voltei á beijá-lo.
-Por quê? – ele disse
meio sem fôlego.
-Você sabe sobre o Mike?-
perguntei rápido, ele desacelerou.
-Quem? – ele finalmente
parou e ficou me olhando nossos narizes se tocavam.
-Meu pai não contou pra
você, sobre ele?
-Hum... acho que... não.
– ele sussurrou
-Ou deve ter falado e
você não prestou atenção, né?! – eu brinquei – Ta, é um vampiro que encontrei
na França, ele é tipo vegetariano, ficamos muito amigos...
-Sério? – ele arregalou
os olhos, eu tentei me afastar, mas ele me puxou de novo.
-Jake! – eu o censurei,
ele riu e me deixou levantar. – Queria muito que você o - conhecesse. – eu
peguei sua mão. Ele acariciou meu rosto.
-Qualquer coisa que me
pedir... Mesmo que seja para conhecer um vampiro. - nós se levantamos - Mas
vamos terminar o que começamos hoje à noite... – eu concordei e saímos
abraçados.
“A
paciência é uma virtude rara nos humanos, mas para nós imortais é do que mais
precisamos.”
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