15 de outubro de 2014

36. ANTIGA FLORESTA



Levantamos depois de meia hora, fui tomar banho, coloquei um vestido branco com rosa e penteei o cabelo, depois o Jake entrou no banho me convidando para entrar com ele, eu neguei com dificuldade.
Arrumei o quarto enquanto ele estava no banheiro; tirei as velas, o vinho e os lençóis, desentortei a cabeceira da cama, felizmente a única peça de roupa que tive que jogar fora foi minha blusa, depois de tudo o quarto parecia outro.
Ele saiu do banho com uma calça jeans escura, eu o dei uma camisa branca, ele se virou e foi quando percebi que estava com arranhões nas costas.
-Opss... Acho que te machuquei. – e passei a mão pelas marcas avermelhadas
-O que? – ele virou seu rosto tentando ver, mas não conseguiu, então desistiu e colocou a camisa. – Eu nem percebi.
-Acho melhor ficar um bom tempo usando camisa. – eu argumentei, ele me abraçou.
-Ou não... – ele disse travesso
-Qual á graça de ver os outros – Tio Emmet – falando das nossas... relações? - eu o encarei, eu me lembrei do Mike ou li o pensamente dele – Ah, não! Muito menos com o Mike aqui. – eu o –censurei, ele deu de ombros – Lembre-se, a mesma conversa de ontem, seja amigável, meu amigo-seu amigo, do jeito que você é com a minha família, indiferente, apesar de que demorou anos e ocasiões para você se acostumar com eles. – eu disse pensativa á ultima frase.
-Certo, certo. – ele disse presunçoso – Vamos descer, to morrendo de fome. – ele deu um beijo no rosto e descemos.
Quando chegamos à cozinha, interrompemos meus pais se beijando, minha mãe se afastou, meu pai continuando agarrado á ela, rindo.
Nós rimos, eu olhei para o Jake me lembrando que ele era apaixonado pela minha mãe, o analisei sorrindo pela felicidade de meus pais, talvez por ser tão completa como á nossa. Ele encontrou meu olhar e beijou a ponta do meu nariz.
-Então, Bells, o que temos hoje?
Eu bati nele, ele ergueu as mãos se defendendo.
-Enquanto você estava fora, sua mãe cuidou de mim, me desculpe, mas a comida dela é quase tão boa quanto a sua. – ele riu, ela veio me abraçar.
-Querida, você terá trabalho em alimentá-lo, um dia tive que fazer comida umas cinco vezes. – ela riu, Jacob assentiu.
Foi estranho o modo como ela disse, como se ele fosse/iria ser meu marido. Eu nunca pensei em me casar, era como se eu já fosse casada com ele, não haveria necessidade para isso, havia?
Jake nunca pensou em se casar, disso eu tenho certeza...
-Vamos para casa de meu avô, quero saber como o Mike está. – eu disse.
-E meu café? – Jacob perguntou como uma criança sem presente.
-Você toma lá, enquanto converso com ele. – eu disse e peguei sua mão, mas antes fui abraçar e dar um beijo no meu pai, que nos observada centrado.
O Mike estava tendo uma interessante conversa com meus tios.
-Olá, garotos. – eu disse, o Mike sorriu encantado e fui na direção dele, o abracei e cumprimentei meus tios.
-Como passou a noite? – ele me perguntou, enquanto eu me sentava ao lado dele, Jake se sentou em uma poltrona perto da TV.

“Espero que não tenha quebrado nenhuma casa ontem!” – tio Emmett pensou e conteve um riso, eu o olhei incrédula.

-Que bom que não disse em voz alta, tio. – eles me olharam curiosos, tio Emmett riu baixo e voltei ao Mike.- Bem, e você?
-Seus tios me fizeram companhia à noite toda, disseram como é interessante morar aqui, as caçadas e outras coisas. – todos subitamente olharam pro Jake, que franziu a testa.
Então apareceram minhas lindas tias, Rosálie com seus longos cabelos dourados de lado usando um jeans preto com uma blusa sofisticada rosa e Alice com seus cabelos negros com as pontas voltadas para dentro, usava uma saia ate o joelho de veludo dourada e uma blusa cheia de detalhes branca com renda transparente, combinado perfeitamente, qualquer um acharia que elas iriam desfilar para alguma grife.
Elas se sentaram ao lado de seus parceiros.
-Bom dia. – eu disse animada, Alice me abraçou e Rose deu um beijo na minha bochecha.
Depois chegou meus avós com meus pais rindo, queria estar á par do assunto.
-Bem, para onde vamos? – eu perguntei
-Estávamos planejando caçar, já que faz tempo que você não se alimenta. – meu pai respondeu, olhei para o Mike concordando.
-Veja se gosta. – eu disse á ele e peguei sua mão indo para fora, senti as mãos quentes do Jake na minha barriga, ele me puxou para o lado e tive que soltar a mão do Mike.
-Leste ou Norte? – tio Emmett perguntou.
-E meu café? – Jacob perguntou novamente no meu ouvido.
-Os humanos estão em temporada de caça, vamos para Norte. – tio Jasper respondeu.
-Hum... mas eu queria ver o vovô, faz tempo que não o vejo, a ida da Bia para ver a avó, me fez pensar em Charlie. – minha mãe cortou a respiração.
-Tudo bem, mas vamos caçar ao Norte, depois vamos para Forks, se desejar. – meu pai respondeu passando o braço pela cintura da minha mãe e eles correram, parecendo flutuar entre as árvores, em menos de 10 segundos já estavam a 50 metros e eu os perdi de vista.
-Você pode comer na casa de Charlie... ou na sua? – eu perguntei ao Jake, ele concordou um pouco chateado.
-Vamos Mike? – eu disse animada, ele assentiu.
Jake tirou a camisa, a calça e me entregou, se transformando...
Mike recuou olhando arrisco para o grande lobo ao meu lado, que riu mentalmente, eu subi em suas costas.
-Está é a forma do meu cachorro. – eu disse bem humorada – Não se preocupe, ele não morde! – Jake deu um rugido baixo, dei um tapa em sua orelha, ele riu novamente, Mike tentou relaxar.
-Certo, uma hora terei de me acostumar. – Mike disse e fomos atrás dos outros.
Eu deitei de bruços em cima dele, era tão bom sentir seu pelo macio marrom-avermelhado, Mike nos acompanhava admirando a floresta.
Senti a presença de meu tio Jasper e Alice á 30 metros a oeste e meus pais á 25 metros ao norte, nós já estávamos em território de caça.
Eu desci do Jake, que foi se vestir.
-Bem, você quer tentar ou eu e o Jake caçamos e você só experimenta?
-Ah, não se incomode, eu me viro. Vocês sempre dizem que é divertido.
-Sim, é uma maneira de sermos nós mesmos, sem restrições ou disfarces.
Jake voltou.
-E então?
-Ele vai caçar sozinho. – eu respondi - Até logo, boa presa! – ele concordou e disparou para o sul.
-Muita fome? – Jacob me perguntou.
-Mais ou menos, eu tomei uma... bolsa de sangue á alguns dias. – eu disse apreensiva pela reação dele, ele me olhou confuso.
-Sério? Do Mike? – eu concordei – E... gostou?
-Prefiro fresco. – eu torci a boca e me agachei no chão colocando a palma das mãos na terra, senti passos muitos fracos, provavelmente de alguém da família, de animais rasteiros e trotes de um animal de 55 quilos, possivelmente era um cervo á uns 47 metros.
-Achei! – eu disse e corri na direção do animal.
Dei um pequeno salto e o agarrei, mordi seu pescoço com pressa, sedenta por seu sangue, ele se debatia violentamente enquanto o segurava com os braços... Senti que Jacob estava atrás de mim, encostado em uma árvore me observando, eu limpei aquele liquido vital da minha boca e olhei pra ele, que me analisava pensativo.
-O que foi? – perguntei tentada a continuar me alimentando, ele balançou a cabeça como se não fosse nada, então eu me virei e voltei a me deliciar.
Realmente não havia comparação entre o sangue “em plástico” e o fresco, o “vivo” é muito melhor, apesar de que o sangue humano ser inigualável, mais delicioso e tentador.
Quando me senti saciada, percebi que tinha secado o animal.
-Vamos ver como está seu amigo. – Jacob disse
-Droga! – eu reclamei olhando para meu vestido branco que estava sujo de terra na barra e gotas de sangue na parte de cima, provavelmente quando o animal começou a se debater. -Fui descuidada. – Jake balançou a cabeça rindo e pegou minha mão, fomos atrás do Mike.
O cheiro dele era evidente, o achei sem problemas, ele estava limpando a boca, tinha pego uma onça, muito difícil de ser encontrada, ainda mais por estarmos no Norte. Em 20 anos só experimente uma vez, mas deve ser muito familiar com o do leão da montanha que meu pai me oferecia quando era menor.
-E ai, o que achou? – eu disse me aproximando.
-Bem, eu realmente liberei meus reais instintos, isso é muito bom, e sem precisar matar humanos. – eu concordei contente, Jacob olhava indiferente á ele, meio desconfiado.
-Então gostou? Vai ser vegetariano como nós? – eu perguntei animada com a idéia de converter um vampiro ao nosso modo de vida.
-É interessante e com certeza irei sempre que puder, mas estou tão acostumado com meu estilo de vida, que irei me alimentar de animais só quando viajar.
-Ok. – eu fiquei feliz e o abracei, Jacob limpou secamente a garganta, nós olhamos para ele e se afastamos segurando um riso. – Agora vou para Forks, vem com a gente?
-Não sei, haveria algum problema? – ele perguntou mais diretamente ao Jake, que olhou para mim.
-Acho que não... – eu pensei, ele assentiu
E fomos para Forks, para minha velha casa, minha antiga floresta cheia de recordações... Chegamos em mais ou menos 30 minutos.
-Quantos anos você tem Jacob? – ele perguntou no caminho.
-Trinta e sete. – ele respondeu presunçoso.
-Hum... Então realmente transmorfos não envelhecem...
-Creio que não. – ele respondeu pensativo, ficamos calados, senti um peso no peito na possível morte do Jake, já que não sabíamos se ele viveria para sempre, eu apertei a mão dele.
Chegamos a casa de meu avô, a antiga casa da minha mãe, ela estava reformada e meio diferente. Eu e Jake entramos, o Mike ficou lá fora.
Charlie sabia que Jacob era um lobo e que não envelhecia, então não tinha problema e ele sempre ia comigo visitá-lo.
O cheiro da casa era bom, de flores, couro e de meu avô.
-Vô? –perguntei, ele estava na sala vendo TV.
Ele me olhou assustado, sorriu se levantando e me abraçou, o bigode dele fez cócegas no meu pescoço.
-Como você está linda, Renesmee, uma mulher feita. – ele disse meio sem fôlego e olhou com ternura para Jake. – Faz tempo que não vem me visitar Jake, seu pai sempre pergunta por você. – Jacob sorriu.
-Eu falei com ele semana passada... – ele resmungou, eu peguei a mão dele, Charlie olhou desconfiado.
-Estão namorando? – seu olhar incrédulo era engraçado, nós concordamos. Ele balançou a cabeça. – A vida da voltas, um dia está apaixonado pela minha filha, no outro pela minha neta! – ele riu de leve, Jake ficou meio sem graça, eu não liguei. O que importa é o agora.
-Novidades? – perguntei, ele nos convidou para sentar.
-Bem, o Nick assumiu o cargo de xerife faz uns anos e Quil finalmente pediu Claire em casamento...
-Ah, sim, fiquei sabendo pelo Seth. – Jake disse, eu olhei surpresa aos dois
-Que incrível, tenho certeza que serão muitos felizes. – Quil também era lobo e teve imprinting pela Claire, quando ela tinha dois anos, pensei por um instante se minha história também terminaria assim.
-E onde está Sue? – Jake perguntou, meu avô me pareceu envergonhado.
-Na casa de Billy, logo ela estará aqui com ele. Seth e Leah também...
-Que ótimo, estou louca para ver o Seth. Já faz o que...Quase dois anos?
-Leah está se dando muito bem como beta, quando estou fora. – Jake disse
- Que ótimo! Hã... Vô tenho um amigo lá fora, gostaria de apresentá-lo. – me lembrei do Mike.

“Você não acha que ele atacaria seu avô?” – Jake pensou, eu neguei.

-Oh, que ótimo, mande-o entrar! Teria arrumado a casa se soubesse que teria visitas. – ele tossiu, eu me aproximei dele colocando minha mão em suas costas, sentindo sua respiração falha, seu coração cansado, Charlie estava com 62 anos, mas apesar de sua única atividade era pescar e ficar conversando com seus velhos amigos, ele estava bem de saúde.
-Tudo bem? – eu perguntei preocupada, ele assentiu.
-Desculpe, ando meio resfriado.
-Vou chamá-lo. – me afastei e fui para fora.




“É preciso mergulhar em um mundo desconhecido, para conhecer seu próprio mundo.”

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